Taylor Swift acaba de lançar o álbum The Life of a Showgirl, o 12º de sua carreira. A primeira faixa, The Fate of Ophelia (O Destino de Ofélia, em tradução livre) faz uma referência clara e direta a uma das personagens mais emblemáticas da obra do inglês William Shakespeare.
Lançado nesta sexta-feira (3), o álbum de Taylor Swift entrou para história, e se tornou o disco mais escutado em um único dia. O marco foi alcançado em apenas 11 horas. Já na quinta-feira (2), o número de pré-saves do álbum atingiu a marca de 6 milhões.
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O álbum de Swift fala de Ofélia, personagem que aparece na peça Hamlet, um dos clássicos shakespearianos, como um símbolo da condição feminina diante de um mundo dominado por homens e marcado por traições.
Na trama, Ofélia se apaixona por Hamlet, mas é usada como um instrumento meramente político. Depois da morte do seu pai, Polônio, o conselheiro do Rei da Dinamarca, ela é manipulada e pressionada pela corte, o que deteriora a sua saúde mental.
A personagem é frequentemente retratada sozinha e imersa em uma tristeza profunda. O resultado de tudo isso é a sua morte trágica, afogada, boiando em um rio, rodeada por flores. Ofélia é, portanto, a encarnação do arquétipo da mulher aprisionada por expectativas que não controla e fadada a um destino de silêncio e dor.
Na música, Taylor Swift explora temas intrinsecamente ligados à figura de Ofélia, como o isolamento (“All that time I sat alone in my tower” – “Todo aquele tempo, eu sentei sozinha na minha torre”), a sensação de aprisionamento (“locked inside my memory and only you possess the key” – “Trancada dentro da minha memória e só você possui a chave”) e uma melancolia sufocante (“if you’d never come for me I might’ve drowned in the melancholy” – “E se você nunca tivesse vindo me resgatar, eu poderia ter me afogado na melancolia”).
Os delírios e a loucura da personagem shakespeariana também aparecem na música de Taylor: “Ophelia lived in fantasy / But love was a cold bed full of scorpions / The venom stole her sanity” (“Ofélia vivia em fantasia / Mas o amor era uma cama fria cheia de escorpiões / O veneno roubou sua sanidade”).
Taylor ‘muda’ o destino de Ofélia
Embora a canção tome a tragédia de Ofélia como ponto de partida, Taylor Swift subverte o destino original da personagem e propõe, na música, uma espécie de resgate: “you dug me out of my grave and saved my heart from the fate of Ophelia” (“Você me desenterrou da minha cova e salvou o meu coração do destino de Ofélia”). Na música, o fim trágico de Ofélia é evitado. Diferente do texto de Shakespeare, em que Ofélia termina vencida pelo abandono, na música, ela encontra salvação.
Além disso, a música pode ser interpretada como uma provável referência ao relacionamento de Taylor com o jogador de futebol americano Travis Kelce, de quem ela ficou noiva em agosto. Em agosto, a cantora participou do podcast encabeçado por Travis e seu irmão, Jason Kelce. Na conversa, ela comentou pela primeira vez publicamente sobre The Fate of Ophelia, brincando com o noivo que ele não entenderia música, já que provavelmente não tinha lido a peça de Shakespeare.
Taylor Swift e a literatura
The Fate of Ophelia não é a primeira música de Taylor Swfit que vai buscar inspiração na literatura. Em Love Story (2008), por exemplo, ela busca referências em outra obra de Shakespeare. A música se inspira na história de Romeu e Julieta, transformando a trágica e clássica história de amor em um conto com final feliz.
No álbum Folklore, de 2020, duas músicas fazem referências à obra de Charlotte Brontë: Invisible String e Mad Woman. Na primeira, Taylor faz uma metáfora sobre o fio invisível que liga duas pessoas, inspirada em um trecho do romance Jane Eyre. Já Mad Woman dialoga com o arquétipo da “mulher louca no sótão”, representada pela personagem Bertha Mason, que aparece no mesmo livro de Brontë. No disco Evermore, também de 2020, Taylor buscou inspiração no livro Rebecca, de Daphne du Maurier, para escrever Tolerate It.
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