Há mais de seis meses de pandemia do novo coronavírus no Brasil, ainda é difícil definir como ficou a saúde mental dos brasileiros.  Em meio a esse cenário desafiador para a mente da população global, o Dia Mundial de Combate ao Estresse, comemorado nesta quarta-feira (23), nunca foi tão relevante.

Essa tensão colocou os níveis de estresse e ansiedade de boa parte da população nas alturas e se tornou alvo de pesquisas de muitas instituições nacionais e internacionais. Um pesquisa recente realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade de Valencia, na Espanha, reuniu respostas de 22 mil pessoas sobre como o isolamento ou distanciamento social afetou a saúde mental de brasileiros e espanhóis.

O levantamento apontou que 51% dos brasileiros responderam ter alterações no controle do estresse neste momento. Nos espanhóis, a taxa foi menor: 34%. A professora do curso de Psicologia do Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, Bruna Soares, salienta que o estresse é uma defesa, uma reação a um estímulo numa tentativa de se adaptar a ele.

“Certos níveis de estresse, nervosismo ou irritação, portanto, são perfeitamente esperados na vida de qualquer pessoa. O estresse merece atenção quando se aproxima do trauma – quando, na tentativa de adaptação ao estímulo, o sujeito passa a produzir sintomas que trazem algum sofrimento significativo ou quando incidem numa perda de liberdade em relação à própria vida ou nas diversas relações”, exemplifica.

A psicóloga aproveita para elencar 5 reflexões importantes que precisam ser debatidas e também algumas estratégias para enfrentar o estresse neste momento atual que vivemos. Confira abaixo:

1 – Encontre novos sentidos no mundo moderno

O mundo moderno nos coloca diante de uma série de estímulos, com os quais cada sujeito se reinventa para lidar. Nossa vida já é, em si, muito estressora e, num contexto pandêmico, o estresse pode chegar a níveis realmente devastadores. Dedicarmos um dia ao estresse e falar dele é essencial, visto que a melhor saída para o sintoma é a possibilidade de encontrar novos sentidos.

2 – Fique alerta aos sintomas

Sintomas ansiosos, depressivos, de intrusão (lembranças, sonhos ou pensamentos involuntários que acarretam angústia), de evitação (de recordações ou sentimentos) e de excitação (perturbação do sono, comportamento irritadiço e surtos de raiva, hipervigilância, problemas de concentração) são comuns ao estresse. É preciso ficar atento a eles.

3 – Avaliação da vida e combate prático

O estresse é sinal de uma tentativa de adaptação: a insistência dele é um pedido para avaliarmos nossa vida. Primeiro, é válido se perguntar: há lugar para mim, meus desejos e sonhos na minha vida? Segundo, identificar os estressores: o que, como, quando e por que me estresso? Terceiro, verificar alternativas e estratégias de enfrentamento: Como lido com as situações de estresse? Consigo identificar minhas emoções? Busco práticas de resolução de problemas? Reavalio minhas interpretações a respeito das situações estressoras?

4 – Compartilhe o que está vivendo

Momentos de crise escancaram a fragilidade de nossas vidas. É importante buscar ajuda da nossa rede de apoio (família e amigos). O sofrimento, se partilhado, acolhido e amparado tem potencial de mudança. O sofrimento vivido de forma isolada e desamparada pode acarretar em muitos prejuízos, especialmente para a saúde mental.

5 – Procure um profissional, caso necessário

Após reconhecer sinais de estresse, é importante perceber se a situação é pontual ou recorrente. No segundo caso, busque ajuda especializada. O atendimento profissional é fundamental se houver sofrimento significativo, sintomas diversos e/ou mudanças de comportamento, isolamento social e prejuízos em diferentes âmbitos da vida (profissional, social, familiar).


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