O parto estava previsto para março de 2016 e o ensaio de gestante agendado para janeiro. Mas o pequeno Gabriel resolveu antecipar a chegada dele e, de surpresa, nasceu em dezembro de 2015, com 27 semanas de gestação. Até hoje não se sabe o motivo do nascimento prematuro.

“Não tinha pressão alta, nenhum ultrassom aparecia anormalidades, não tive infecção urinária e nem estava fazendo exercícios pesados. Nada. Apenas estourou a bolsa e tive que ir para a maternidade”, conta a mãe de Gabriel, a arquiteta Sheila Yano.

O parto repentino mudou todo o roteiro que ela havia planejado. O ensaio de fotos com o barrigão não deu tempo de ser feito e as lembranças da gestação não tiveram um registro como ela sonhava. “Não queria ficar só com as fotos do Gabriel na UTI, com sondas ou aparelhos no fundo. Nenhuma mãe quer, né?!”, pontua Sheila.

Por causa de parto prematuro, Sheila fez o ensaio de gestante com Gabriel nos braços
Foto: Tânia Gimenez

Três meses depois do nascimento prematuro, em março de 2016, ela fez o tão sonhado ensaio da gestação, mas com Gabriel nos braços. Nas fotos, ela posicionou o filho na altura do ventre, como se ele estivesse dentro da barriga dela.

Também por causa do parto antes da hora, Sheila não teve a clássica foto do filho recém-nascido no colo dela logo após o nascimento. Essa era outra imagem que ela queria muito ter feito o registro e não foi possível. E este foi mais um motivo para que o ensaio newborn fosso realizado.

“Quando estava grávida meu sonho era ter a foto com meu filho recém nascido nos meus braços e eu colocando-o no peito para a primeira experiência da amamentação. Eu sonhava com essa hora e momento. Mas quando estourou a bolsa com 27 semanas, isso não foi possível. Tinham vários profissionais dentro da sala de parto e assim que ele nasceu não escutei o seu chorinho, apenas as pessoas gritando ‘prematuro’ e pedindo para preparar a sala de UTI. Ele não respirava. Então foi um aperto danado, por isso não deu para fazer nenhum registro de foto”, conta Sheila.

Talvez só quem é mãe de um bebê prematuro possa, de fato, entender o que a arquiteta passou e o quão importante as fotos se tornaram. O ensaio foi um resgate de tudo o que o nascimento adiantado lhe tirou. Além das dores e os medos por ter um filho tão pequeno envolto a fios e equipamentos na UTI de um hospital.

“Eu não cuidei do umbigo do meu filho, não troquei a primeira fralda e nem dei o primeiro banho. Tudo foi feito pelas enfermeiras. Com o ensaio, pensei em tudo o que passou, fiz uma retrospectiva. Só pude vê-lo no dia seguinte do nascimento e nem pude pegá-lo. Ele estava com aparelhos para respirar e cheio de fios. Sofria toda a noite quando voltava para casa sem ele nos braços, quando escutava que ele precisava de transfusão ou que voltaria a usar aparelhos para respirar, pois estava fazendo muito esforço. Além de pesar a fralda em cada troca, dar o alimento translado e esperar que cada pesagem do dia aumente 10 gramas. O barulho dos aparelhos ficaram soando na minha cabeça por meses”, relembra Sheila.

No ensaio newborn, Gabriel estava com três meses – na idade cronológica -, e poucos dias de vida,

Por causa de parto prematuro, Sheila fez o ensaio de gestante com Gabriel nos braços
Foto: Tânia Gimenez

contando a idade corrigida. Então, o tamanho dele era mesmo de um recém-nascido e cabia certinho no espaço do ventre de Sheila.

“Hoje posso olhar pra trás, ver tudo o que passamos (eu e meu marido) e hoje nosso filho está saudável, forte e sem nenhuma sequela, que é uma preocupação de toda a mãe que o filho nasce antes do tempo. O ensaio é prova do amor que temos e a união entre nós que só cresceu. É um registro que ficará para sempre”, conta Sheila, que hoje está grávida do segundo filho e pretende não deixar nenhum registro de fora.

“Hoje em dia, com a facilidade do celular, podemos registrar todos os momentos, mas o olhar do fotógrafo é outro. Quero registrar tudo, a gestação, o crescimento da barriga até o primeiro ano de vida do nosso bem mais precioso”, afirma.

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