Brinquedo que diverte com manobras pode trazer riscos

‘Hand spinner', ou simplesmente ‘spinner', é a nova febre entre jovens do momento – assim como o Tamagoshi foi, décadas atrás. Seja nas ruas, nas escolas, no parquinho ou nas redes sociais, o dispositivo portátil que gira incansavelmente entre os dedos do jogador já ganhou papel de protagonista. O que e fala é que spinner foi desenvolvido para ajudar crianças com déficit de atenção e até mesmo síndrome de Aspenger, muito embora note-se ausência de estudos que comprovem a eficácia do brinquedo. Pelo sim ou pelo não, o brinquedo emplacou e é inegavelmente o sucesso da ‘hora do recreio'.

Vendedor faz demonstração de modelo com LEDs

A moda, claro, alcançou e alavancou as vendas em espaços como o Camelódromo e Feira Central, onde ocorre forte venda de produtos importados. Mas, o Spinner também está nos shoppings, nas lojas de brinquedos e, principalmente, na internet, com preços variados: a partir de R$ 15 você pode comprar o seu e poderá iniciar o treino das manobras.

Sim, embora tenha sido inicialmente vendido como dispositivo antiestresse, a ‘onda' do Spinner supera o simples girar eterno do dispositivo e pede ao jogador treino, até adquirir destreza dos dedos e alcançar excelência nos movimentos ‘radicais', como passar o brinquedo de uma mão para a outra com jogadas aéreas certeiras, sem deixá-lo cair no chão. Quem consegue?

O vendedor Gabriel Silva, 19 anos, mostra que sim. Há cerca de dois meses o spinner chegou no box em que ele trabalha no Camelódromo, em Campo Grande. Desde então, para demonstrar o produto, ele se dedicou a aprender as manobras. “Passar de um dedo pro outro, equilibrar no nariz, passar para outra pessoa sem deixar de girar… Tudo isso a gente faz”, conta Gabriel, que também afirma que os clientes ficam mais interessados após a demonstração. “Eu mando pelo WhatsApp o link do vídeo no Youtube para eles aprenderem”, conta.

Vários modelos

Embora a febre do spinner “esteja passando”, como anunciam a maioria dos vendedores entrevistados no Camelódromo, o produto ainda é venda certa no espaço e presença garantida na maioria dos boxes de importados. “Perdi a conta de quantos eu vendi desde que a gente trouxe, há uns 45 dias. Mas agora a ‘febre' diminuiu”, conta Eduardo Ocampos, 24, vendedor.

Spinners de vários modelos no Camelódromo (Foto - Guilherme Cavalcante/Midiamax)

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No box de Lucas Cecci, 18, os spinners também puxaram as vendas nas últimas seis semanas. “Começamos a vender no dia 15 de maio e sobraram poucas unidades. A gente quer apostar nesses modelos mais diferentes, com LEDs nas pontas. Tem até modelo com bluetooth: você pareia o spinner no celular para reproduzir a música”, revela.

Outros modelos, com peças de metal, também chamam a atenção não só plea estética, mas também pelo preço, que pode ultrapassar R$ 50. Outro modelo, que tem giro mais rápido e durável, custa R$ 120 e pode girar até 50 minutos sem parar, segundo os vendedores.

Perigo à vista?

(Foto - Pinterest)

É no aprendizado das manobras, no caso, que o spinner pode se tornar polêmico. O problema mora justamente na falta de conhecimento da produção dos itens – desde materiais utilizados a qualidade da montagem. Isso porque, até adquirir a habilidade, o brinquedo chega a cair muitas vezes no chão, podendo ser imperceptivelmente danificado. E aí, numa das manobras, as peças podem se soltar e atingir áreas sensíveis, como os olhos, ou até mesmo serem engolidas.

Não é à toa, portanto, que o Ministério da Justiça tenha aberto, na última sexta-feira (23), investigação sobre supostas irregularidades da venda do brinquedo, principalmente após relatos de acidentes no exterior. Vale lembrar que a maior parte dos produtos vem do exterior, sem fiscalização e, consequentemente, sem certificação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), que reconheceu recentemente o produto na categoria ‘brinquedo'. Ou seja, a certificação seria fundamental para a comercialização.

Sem selo do Inmetro, hand spinners conquistam 'hora do recreio' e viram 'febre'

Para o Inmetro, o levantamento inicial sobre o dispositivo já coloca o produto como não recomendado para menores de seis anos e requer supervisão de adultos para crianças além desta faixa etária. Todavia, o órgão aponta que “o produto precisa cumprir com os requisitos técnicos definidos nas portarias vigentes sobre o tema e deve ser submetido aos ensaios previstos pelo processo de certificação (…). Caso contrário, estará irregular”, traz comunicação do instituto.