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‘Uber bugiganga’ é o retrato da mulher que faz o corre para sustentar filhos e o marido

Jaquelina aprendeu o ofício com o marido e hoje trabalha, enquanto ele cuida da saúde. Neste processo, conheceu muita gente e estipula uma meta diária, porém, sente saudade do convívio com os filhos
Graziela Rezende -
Jaquelina trabalhando no carro por aplicativo (Henrique Arakaki/Jornal Midiamax)

A conversa tinha acabado de iniciar quando ouvi a frase mais forte dos últimos tempos: “Meu sonho é poder ser mãe”. A fala é da Jaquelina Romão, de 40 anos, motorista de aplicativo, empreendedora, esposa e MÃE de três. E não é só o seu nome que é diferente, com a grafia terminando com A, é toda a sua história e garra. É justamente por estes objetivos que ela se tornou a “ bugiganga”, ofício que aprendeu com o companheiro e deu seu toque, trazendo produtos que rendem um bom dinheiro extra.

A equipe do MidiaMAIS a encontrou a caminho da Expogrande (Exposição e Industrial de ). Ao entrar no carro, pelo banco traseiro, um varal de canecas, brinquedos, presilhas de cabelo e outros itens já chama a atenção. Na frente, no banco do passageiro, é possível encontrar mais objetos, como chaveiros, carregadores, maquiagens e até roupas íntimas.

(Henrique Arakaki/Jornal Midiamax)

“Eu acordo bem cedo, às 6h30 já estou trabalhando no Uber. Minha meta é mil reais por dia, incluindo as corridas e a venda dos produtos. Já aconteceu. Teve um dia que eu cheguei a R$ 1,5 mil, mas, claro que não é todo dia que é assim. Chego em casa por volta das 20h, quando considero um dia bom, é muito trabalho. Aos finais de semana, é por volta das três da manhã. Meu sonho é poder ser mãe”, afirmou Jaquelina.

‘Levei cachorro morto e chorei com a dona’, diz motorista de aplicativo

Com tamanha luta, a empreendedora conseguiu vender uma antiga casa e comprar um apartamento. “Eu passo o dia conversando com pessoas, ouvindo suas histórias. Esses dias levei um morto junto com a passageira. Até chorar junto pelo bichinho a gente chora. Muitas vezes, vejo que a minha história não é tão sofrida assim. Tem pessoas com a vida mais complicada que a sua e conheço gente que reclama demais também, que aprendeu a murmurar e não para”, lamentou.

(Henrique Arakaki/Jornal Midiamax)

Conforme Jaquelina, em sua casa, as “crianças”, como ela chama os filhos, é que cuidam do marido. “Ele tem depressão e toma oito remédios ao dia. Só que nem sempre foi assim. Ele é que dirigia, que trabalhava, inclusive, me ensinou a trabalhar, a mexer com vendas também. Quando ele era motorista, tinha montado um negócio para mim e eu trabalhava nas proximidades do terminar de ônibus. Me ensinou a fazer compras, no Paraná, e outros lugares. Hoje eu que faço este trabalho sozinha, mas, tenho fé. Um dia ele vai voltar”, comentou.

Enquanto isso, Jaquelina conta com o apoio dos filhos. Cedo, uma parte vai para escola, enquanto outro ajuda no almoço e dá os remédios ao pai, no horário certo. “Estou nessa há 8 meses, prestes a completar 7 mil passageiros. Bato 50 corridas por dia só na Uber, então, consigo um bom dinheiro. Sempre falo que, se Deus me deu este trabalho, agradeço e faço com gosto. E dá um bom dinheiro sim”, argumentou.

(Henrique Arakaki/Jornal Midiamax)

‘Passageiro completou minha meta e me mandou embora pra casa’, relembra Jaquelina

Sobre o comportamento dos passageiros, Jaquelina é só elogias. “Eu carrego muito homem, às vezes acontece alguma gracinha, mas faz parte. E a maioria é bem bacana. Já ganhei R$ 500 de gorjeta de uma procuradora de justiça. Ganhei R$ 200 de uma policial uma vez e mais R$ 100 de um casal, na véspera do Ano Novo. Faltava só um pouquinho para pagar a meta de aluguel do carro. Eles completaram e me mandaram embora pra casa”, relembrou.

No dia a dia, a motorista diz que gosta muito quando anda com idosos. “Eles são carinhosos, diferente de muito jovem de nariz empinado. São pessoas que gostam de conversar. E eu falo dos meus projetos, do que ainda quero colocar no carro. Eu lembro de tanta coisa que passei. Uma vez veio uma chuva forte e levou tudo da minha banca, eu chorava e as pessoas ajudavam catando. Eu falava, naquela época, que a única coisa era trabalhar, de maneira decente. E isso aconteceu, então, eu só agradeço”, finalizou.

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