No vídeo, o garoto diz que está com dor no peito e o motivo é que “o professor de educação física” exigiu que ele e os colegas dessem dez voltas na quadra, como castigo por não terem feito o dever de casa. Na ocasião, os pais acionaram a Guarda Civil Municipal e o docente foi demitido. Na internet, muitos saíram em defesa do professor, entre eles, um treinador de Campo Grande, o qual lamenta e diz que é necessário “ressuscitar a educação física escolar”.
“É um estímulo leve, que qualquer criança que não tenha limitação de movimento, consegue fazer, isso em dez minutos, mas, foi gatilho para ansiedade e demissão do professor… o exercício é melhor remédio para ansiedade e tem artigos científicos que relacionam isso, o colocam acima de remédios tradicionais para depressão… ninguém foi lá protestar para o professor ter o emprego dele de volta. Estamos matando as nossas crianças e está tudo normal, todo mundo está aceitando isso”, afirma ao MidiaMAIS o personal trainer e treinador de Rugby, Raphael Martinez, de 42 anos.
Conforme Raphael, as escolas colocaram a educação física apenas uma vez por semana e “por obrigação”, dando ainda como opcional a participação do aluno. “As pessoas falam em ‘gastar energia’, mas, é muito mais do que isso. Esporte é respeito, disciplina, é ficar no banco de reserva, é perder um jogo e saber trabalhar na sua cabeça e não ter depressão por causa disto. Esta é primeira geração a ter menos saúde que a geração anterior, então, sempre oriento a colocar o filho para fazer esporte e ajudar a ressuscitar a educação física escolar”, argumentou.
‘Demissão foi o ápice da minha indignação’, diz treinador
O treinador disse que a indignação ocorreu pela demissão do professor e todo o contexto. “A demissão foi o ápice da indignação, na verdade. Já faz muito tempo que a educação física escolar vem sendo depreciada e deixada de lado. As pessoas encaram só como uma recriação, com gastar energia, como eu falo no vídeo. No entanto, é algo extremamente importante para saúde e o aprendizado das crianças”, ressaltou.
De acordo com Martinez, o exercício físico também melhora a cognição, aprendizado e ajuda a ter noção do seu corpo no espaço e a fazer contagem. “As substâncias no corpo também, as endorfinas, os hormônios liberados durante uma atividade física também ajudam na captação do conhecimento, no armazenamento do conhecimento. Se você estuda uma aula de matemática, faz um exercício físico depois, você tende a guardar a mais o conhecimento. Exercício físico também, combate ansiedade, depressão, são mais de 40 doenças metabólicas que a gente está falando”, defende.
O treinador fala que, até escolas em período integral, não priorizam a atividade física. “As crianças passam 8, 10 horas sentadas em uma cadeira sem poder socializar, fazer uma atividade física e aí a gente tem toda uma geração com altos níveis de suicídio, depressão, ansiedade, dores lombares, o que, antigamente, era ‘coisa de velho’. E aí o celular na mão o dia todo a fazem perder o equilíbrio, coordenação motora e o professor cada vez mais depreciado também, culminando neste fato que aconteceu, com o professor demitido sem mais nem menos, simplesmente porque estava fazendo o seu trabalho”, finalizou.
Confira o vídeo em que a criança fala sobre o ocorrido:
