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Sozinho, psicólogo de MS decide largar tudo e ir para o ‘fim do mundo’ de bicicleta: ‘eu e Deus’

Psicólogo estima que pedalará mais de 9 mil quilômetros até seu destino, no extremo sul do continente
João Ramos -
psicologo viagem bicicleta fim do mundo
Cezar e sua bicicleta - (Fotos: Arquivo Pessoal)

Para fugir do que avalia como “adoecimento mental da sociedade”, o psicólogo sul-mato-grossense Cezar Augusto Lopes, de 28 anos, embarcará na jornada mais desafiadora de sua vida. Ainda este mês, ele sairá de em uma bicicleta, com destino a Ushuaia, na Patagônia da , local conhecido como “fim do mundo”.

Morador de Jardim (MS), o rapaz está há dois anos se preparando para largar tudo e partir rumo ao extremo sul do continente. A poucos dias da largada, a empolgação e as expectativas já tomam conta do profissional de saúde, que ainda não tem data para o início da cicloviagem – só sabe que estará na estrada antes de maio acabar.

Em entrevista ao Jornal Midiamax, Cezar conta detalhes dos preparativos e elenca os motivos que o levaram a tomar uma decisão tão drástica para a própria vida. Ele explica que a vontade de sair por aí viajando em uma bicicleta surgiu há alguns anos, quando começou a acompanhar canais de nômades digitais na internet.

Inspirado nos youtubers, ele decidiu adotar esse estilo de vida para não colapsar diante do modus operandi da sociedade que tem adoecido muita gente. Confira a entrevista completa logo abaixo:

1) De onde surgiu essa ideia de ir para o “fim do mundo” e por que de bicicleta?

R: Eu sempre gostei de viajar. Desde pequeno tenho a vontade de conhecer o mundo, as culturas, os lugares, as paisagens, a fauna e a flora. A bike é barata, manutenção barata, não precisa de combustível, além de ser mais saudável, mais ecológico, mais sustentável e menos poluente.

2) A viagem é alguma meta pessoal, um sonho?

R: Sou psicólogo e durante minha formação acadêmica eu busquei e ainda busco estudar e aprender sobre o comportamento humano, a mente, o cérebro, a saúde mental, o adoecimento mental e também a saúde como um todo. Nessa busca, eu descobri que o modo como eu vivi, vivo e o modo como a maioria das pessoas vive é um estilo de vida que leva ao adoecimento.

Uma vida onde se passa a maior parte do tempo numa sala fechada, com ar condicionado, com luz artificial, na frente da tela de um computador, mexendo no celular. Sem ver a luz do dia, sem tomar sol, ou até pode ser no sol, mas em condições precárias, insalubres.

Sem valorização do trabalho, com salários baixos, carga horária alta, com altas taxas de impostos, produtos e bens básicos muitos caros, vivendo uma vida sem observar a natureza, vendo muita , comendo comidas industrializadas, processadas, ultraprocessadas, tomando bebidas tóxicas, alimentos e bebidas cheios de açúcares e químicas que prejudicam a saúde…

Andando pouco, passando o dia sentado, se locomovendo de carro, moto, ônibus, metrô, pedalando pouco, sendo sedentário, respirando ar poluído das cidades, trocando o dia pela noite, muito barulho, consumindo coisas desnecessárias, com uma mentalidade que considera o sucesso ter muito dinheiro ao invés de ter saúde, alegria, família, união e bem-estar social.

Conseguir enxergar isso me fez querer mais ainda sair pra viajar e me desconectar das coisas que vi que são ruins e são normais na sociedade. A sociedade está normalizando viver doente e eu quero viver diferente disso.

3) Por que o Ushuaia como destino?

R: Porque lá é um lugar lindo, com neve e montanhas, animais diferentes… eu ainda não conheço a neve, mas conheço rio de água cristalinas, cachoeiras, praias… E então vou pra lá, mas também quero passar por todos os estados do Brasil e outros países. É recente isso de eu querer ir pro Ushuaia, já mudei a sequência dos destinos. Nessa viagem eu basicamente quero conhecer meu planeta.

4) Atualmente você trabalha com o quê? Vai precisar deixar o trabalho para seguir a viagem?

R: Trabalho com as redes sociais, revendendo algumas coisas, fazendo algum bico em outra área que não seja Psicologia. Na viagem, pretendo continuar gravando e produzindo conteúdo para internet ou com alguma outra coisa que eu saiba (já trabalhei com muita coisa), revendendo algo, fazendo voluntariado em algum hostel, ecovila.

5) Quando começou a se preparar? E o que é necessário para que a viagem possa acontecer?

Comecei a me preparar em 2023. Para a viagem acontecer, é preciso uma bike, kit remendo, uma garupa com uma caixa de mercado para colocar água, roupa, comida, facão, talheres, panela, fogareiro, uma lona, uma rede ou barraca. Não precisa de muito, tem gente que viaja com bem pouco. Depende de cada um. No meu caso, mudei alguns equipamentos e comprei alguns melhores do que eu tinha inicialmente. Não vou levar muito dinheiro, minha ideia é fazer dinheiro onde eu estiver.

6) Você consegue estimar quanto gastou ou vai gastar para poder fazer o percurso? Vai sozinho mesmo ou tem companhia?

R: Não fiz a conta dos gastos, mas como disse acima, pode-se viajar gastando pouco. Vou viajar sozinho, eu e Deus.

7) Há quanto tempo anda de bike? Tem treinado bastante antes?

R: Ando desde criança, quando tinha 5, 6 anos. Não tenho treinado muito, pedalo umas 2 vezes na semana, 30 km por pedalada em 2 horas.

8) Já tem data para começar a viagem? Vai sair de onde e como vai ser o percurso?

R: Vou começar agora em maio. Mas ainda não tenho o dia certo. Vou sair de Jardim/Guia Lopes da Laguna, passar em , , Miranda, Aquidauana, Campo Grande, tô pensando em ir pra MG ou GO e depois ir para Ushuaia em julho.

9) Seus familiares te apoiam, acham loucura? Como têm sido as reações das pessoas do seu círculo social e familiar sobre esse desafio?

R: Moro em Jardim no momento, tenho família aqui, mãe, irmão, avó, tio, tia, primos, sobrinho(a). Sou natural de Jardim, mas cresci e morei a maior parte da minha vida em Guia Lopes da Laguna. Alguns familiares dizem que é loucura, para eu não ir, outros dizem que é loucura, mas que vale a pena. Alguns apoiam, outros desacreditam, outras zombam.

10) É necessário uma bicicleta especial ou bem adaptada para cumprir o trajeto?

R: Não muito, tem gente que viaja com bicicleta antiga, Monark Barra Forte sem marcha.

11) Por falar em desafio, qual você acha que vai ser o seu maior desafio no caminho até a Argentina?

R: Acho que o maior desafio será o sol, o calor, o frio, a subida.

12) Tem algum medo/temor em relação ao percurso?

R: Sim, tenho medo de ser atropelado, assaltado, roubado. Porém, tenho mais coragem e fé. Pois na cidade estou sujeito a isso. Mas não tenho muito medo não, é algo que estou tranquilo, talvez quando eu estiver na estrada mude.

13) Serão quantos km ao todo? Você estima quantos dias a viagem vai levar?

R: Então, do MS à MG ou GO, e depois Ushuaia serão + de 9.000 km. Porém, depois de lá quero viajar todos os estados do Brasil. Acho que em Dezembro/Janeiro chego a Ushuaia. Mas pretendo ficar uns 03 anos viajando ou mais… Não tenho tempo mínimo.

14) Vai voltar de bicicleta também?

R: Sim.

13) Acha que vai sentir falta de alguma coisa? Do que mais vai sentir saudade?

R: Sim. Pessoas, família, amizades, conforto, casa, animais, banho todo dia, água de fácil acesso, cama e comida.

Onde acompanhar a viagem de Cezar

Enquanto não parte para o sul do continente, o psicólogo segue compartilhando os preparativos em suas redes sociais, onde mostra o passo a passo de tudo o que tem organizado e responde até críticas sobre a decisão de largar tudo para fazer uma cicloviagem.

Do mesmo modo, entre uma parada e outra na estrada, ele pretende continuar publicando em suas páginas pessoais cada detalhe da jornada até a Patagônia.

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