‘Quem tem preconceito não precisa nem vir’: Salgadeira famosa expõe julgamento ao revelar endereço de seu contêiner
Coxinha de massa de mandioca é o “ponto fraco” de boa parte dos brasileiros, que amam o salgado preparado à base do tubérculo. E é mostrando sua rotina de produção, desde a confecção da massa de mandioca até o preparo de cada coxinha, que a campo-grandense Renata Legal virou um fenômeno no TikTok.
E embora já tenha se consolidado na rede social deixando o Brasil inteiro com água na boca por seus produtos, a salgadeira revela enfrentar preconceito em Campo Grande (MS), cidade onde mora e vende os cobiçados quitutes.
Segundo ela, o desejo pelos salgados é geral e ultrapassa as fronteiras de Mato Grosso do Sul. O problema mesmo é quando os clientes da própria Capital descobrem o endereço do contêiner onde as coxinhas “de encher os olhos” são vendidas.
Há quem “torça o nariz” para o bairro onde Renata vende as coxinhas
Em Campo Grande, Renata lidera uma família de salgadeiros que faz tudo com massa de mandioca pura, exceto os pastéis. E os salgados despertam muita vontade em quem assiste os vídeos que ela posta no TikTok exibindo passo a passo de sua produção – tanto que pessoas de todos os cantos do Brasil vêm à cidade morena só para experimentar as delícias.
Assim, ciente que agrada a uma maioria, a salgadeira não tem vergonha nenhuma de dizer que trabalha em um contêiner em cima de uma calçada em um bairro muito humilde. Mas isso acaba sendo uma adversidade para alguns campo-grandenses, que “torcem o nariz” quando ficam sabendo qual a localização da lanchonete.
“Tem muita gente que tem algum tipo de preconceito quando eu passo o endereço aqui do meu espaço. Eu moro em Campo Grande e esse contêiner fica no Jardim Noroeste. Quando me chamam no direct e perguntam o endereço, algumas pessoas ficam assustadas”, lamenta Renata.
Ela conta já ter lido mensagens do tipo: “‘Eu acho que você me mandou o endereço errado. Fui numa rua com buraco, no final do asfalto…’. Não, é aí mesmo meu contêiner. Não tenho vergonha de mostrar onde eu trabalho com a minha família há mais de 12 anos“, responde.
Carro desgovernado já destruiu barraca e fez salgadeira perder tudo no mesmo ponto
E é no mesmo cantinho, numa esquina da Rua Vaz de Caminha, que Renata construiu seu “império” das coxinhas no decorrer da última década. “Quando eu comecei não tinha o contêiner não. Era com uma Kombi, eu montava a barraca e esticava a lona. Não tinha calçada, era na terra“, relembra.
Em tanto tempo trabalhando no mesmo ponto, a salgadeira já enfrentou todo tipo de intempérie, mas uma delas veio com força e quase fez a família desistir. Há alguns anos, pouco antes da pandemia do coronavírus, eles chegaram a perder tudo.
“Um carro desgovernado veio em cima da barraca onde eu montava minha lanchonete aqui no bairro e eu perdi tudo. Perdi minha barraca, a Kombi e meu carro. Alcoolizado, o motorista conseguiu estragar tudo em apenas alguns segundos”, lastima. “E aí veio a pandemia. Tive que sair dessa esquina, vendi tudo que eu tinha e montei o delivery em casa“, recorda.
Recomeço, TikTok e referência quando o assunto é massa de mandioca
Foi nesse mesmo período que Renata começou a fazer vídeos para o TikTok. Dentro de casa, ela começou a gravar os momentos em que preparava as coxinhas, na cozinha mesmo, sem imaginar que se tornaria um sucesso absoluto as redes sociais.
Com o passar dos anos, suas contas foram crescendo cada vez mais, a ponto da salgadeira virar referência na internet quando o assunto é massa de mandioca. Hoje, ela tem um público cativo e fiel, que “baba” por seus salgados e faz questão de dar um jeito de prová-los para que o sabor não fique só na imaginação.
Já com bons números nas redes sociais, onde acumula mais de meio milhão de seguidores quando somados todos os perfis, Renata então resolveu voltar para a esquina onde construiu seu legado.
“Não tinha mais a Kombi, não tinha mais a barraca, aluguei esse contêiner, pago R$ 350,00 por mês. Fiz muitas mudanças nele, inclusive móveis planejados. Tudo é feito com muito amor, muito respeito ao próximo e a gente vende muita coxinha“, comemora.
Lugar simples e humilde: “quem tem preconceito não precisa vem vir”
Por fim, após relembrar sua história, a salgadeira deixa um recado para os clientes: “Se quiser vir ao meu bairro conhecer meu trabalho, não vai achando que é um lugar chique. É um lugar simples, humilde e tem muita coisa gostosa“, avisa.
“Por mais que um dia eu venha me mudar daqui, nunca vou esquecer desse ponto. Vem gente de todos os cantos da cidade e até de outros estados. E quem tem preconceito com o bairro Noroeste não precisa nem vir“, finaliza.
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