Situada no ‘coração’ do Pantanal, no município de Corumbá, está localizada a Escola Estadual Salesiana Dom Bosco, que atende mais de 1.500 alunos, incluindo jovens em situação de vulnerabilidade social. É neste ambiente que estudantes do ensino médio do itinerário profissionalizante, com apoio dos professores Bruno Silva e Felipe Rodrigo de Oliveira Ferreira, se uniram para desenvolver um projeto de impacto: o SAVIA – Sistema de Alerta e Vigilância Inteligente Ambiental.
A iniciativa nasceu no clube extracurricular de robótica da escola, em um espaço criado com apoio dos próprios alunos, que arrecadaram fundos para construir uma sala maker e uma arena de robótica. Neste projeto, o grupo é composto por quatro estudantes do 1º ano do ensino médio.
A ideia do projeto surgiu da necessidade urgente de solucionar um problema local. Como explica o professor Bruno Silva, a BR-262 corta o Pantanal ao meio, passando diretamente pelo habitat dos animais. O professor detalha que, com as mudanças climáticas e a seca do rio, a vegetação foi afetada, e a região se tornou mais propensa a incêndios. Por isso, os animais silvestres, como jacarés, onças, capivaras e antas, começaram a usar a rodovia como caminho para buscar água e novas áreas, aumentando a quantidade de atropelamentos.
O professor Felipe Rodrigo de Oliveira Ferreira reforça que a estrada está no meio do bioma e que a tentativa do governo federal de instalar cercas para impedir a travessia se mostrou improdutiva. Isso porque, na prática, acabou piorando a situação. “Eles entram em uma ‘gaiola’ de onde não conseguem sair, o que, na verdade, aumenta o risco de acidentes”, afirma Bruno.
O projeto do SAVIA busca uma abordagem mais adequada e sustentável. “A ideia é informar através de placas na pista com semáforos”, explica Felipe. O sistema funciona com sensores de calor e movimento, calibrados para identificar apenas organismos vivos. Ao detectar um animal, uma placa luminosa é ativada. A luz vermelha indica que há um animal próximo, a luz amarela avisa sobre um animal a cerca de 15 metros, e a luz verde sinaliza que o caminho está livre.
O professor Bruno Silva conta que a inspiração para o projeto veio de placas eletrônicas de trânsito. A implementação não seria na estrada inteira devido ao alto custo, mas em pontos estratégicos com maior incidência de atropelamentos, já mapeados pela equipe.
O projeto, que começou em 2023 com um grupo anterior de alunos e foi campeão da Fecipan (Feira de Ciência e Tecnologia do Pantanal) do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), foi retomado e aprimorado por uma nova equipe, com o incentivo da professora Ana Lucia Monteiro Maciel Golin, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
“Apresentamos a proposta aos alunos atuais, que gostaram da ideia, aprimoraram o projeto, adicionaram mais sensores e deram novas ideias”, conta Felipe. O projeto atualmente é um protótipo em escala reduzida e a meta é transformá-lo em uma startup.
A escalabilidade do sistema é um dos pontos-chave. “O sistema poderia ser implementado em outras situações, como avisos de animais perto de escolas rurais ou alertas para focos de incêndio”, explica Bruno.
A equipe já conta com parcerias locais com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o IHP (Instituto Homem Pantaneiro), que forneceram dados sobre a frequência dos animais na região e demonstraram interesse no projeto.
Para os professores, o projeto vai além da tecnologia. É uma forma de motivar os alunos e mostrar que “em uma cidade do interior, isolada, a gente consegue alcançar um evento nacional com destaque e reconhecimento”, diz Bruno.

Solve for Tomorrow
Em sua 12ª edição no Brasil, o Solve for Tomorrow é um programa global de Cidadania Corporativa da Samsung, como incentivo a alunos e professores de escolas públicas para desenvolverem projetos inovadores com base na metodologia STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Com coordenação geral pelo Cenpec, a iniciativa destaca protótipos que beneficiam a sociedade e contribuem com o desenvolvimento dos alunos envolvidos.
Para Helvio Kanamaru, Diretor de ESG e Cidadania Corporativa da Samsung para a América Latina, os grandes temas ambientais ganham ainda mais relevância quando são trabalhados no ecossistema local.
“O projeto SAVIA traz um novo olhar para a preservação da vida animal nessa região tão importante que é o pantanal. Estamos ansiosos para acompanhar o avanço desse projeto no decorrer da edição”, afirma.
Beatriz Cortese, Diretora Executiva do Cenpec, aponta que a proposta da equipe de Corumbá “é um ótimo exemplo de como a metodologia STEM, quando aplicada de forma contextualizada, permite que os estudantes identifiquem desafios reais em suas comunidades e desenvolvam soluções criativas e de grande impacto – e que podem, inclusive, beneficiar outros territórios”.
Sobre a participação no Solve for Tomorrow Brasil, os alunos de Corumbá, antes já muito animados com o projeto, agora estão ainda mais motivados para desenvolver a ideia e avançar no programa.
“São alunos inspiradores para a nossa comunidade. Graças a eles, pudemos realizar o primeiro circuito de robótica da cidade, e agora estamos em um programa de âmbito nacional, que dá visibilidade ao nosso projeto e valoriza o que temos feito em nossa escola. Estão todos muito animados, principalmente pelo enorme impacto ambiental que isso pode gerar em nossa região”, completou Felipe.
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(Revisão: Bianca Iglesias)