Criada em Mato Grosso do Sul pelos estilistas e idealizadores do Projeto Bocaiuva, Luane Sales e Eduardo Alves, a Semana de Moda Inclusiva já vai para a segunda edição. O evento é pioneiro no mundo em ter como tema central a inclusão e acessibilidade na moda.
A primeira edição da Semana de Moda Inclusiva foi realizada em 2024, em Campo Grande. Com desfile, workshops e palestras, o evento reuniu profissionais, aspirantes e estudantes da área de moda. Neste ano, a semana de moda acontecerá nos dias 20 e 21 de setembro, com muitas novidades.
Segundo Eduardo Alves, a segunda edição conta com espaço ampliado, o que permitirá mais expositores no evento. Além disso, a programação inclui o ‘Prêmio Bocaiuva’, que irá eleger os melhores looks inclusivos. O concurso aceitará inscrições de todo o Brasil e, até mesmo, do exterior.
“Este ano, a Semana de Moda Inclusiva vai contar com o dobro de espaço. Consequentemente, a gente vai ter mais espaço para a exposição. Tem também o Prêmio Bocaiuva, que está se tornando internacional, e nós estamos com expectativa de que tenhamos inscrições fora do Brasil também. Além disso, estamos tentando expandir nosso leque de parceiros e tentando aumentar a abrangência do evento”, explica.
‘Spoilers‘ da programação deste ano
Entre as atividades programadas, destaca-se o workshop com Sol Terena, indígena da aldeia Tereré — localizada em Sidrolândia. A artista plástica terena vai ministrar uma oficina para os alunos da Associação Juliano Varela, escola de educação especial de Campo Grande.
“A Sol Terena é artista plástica indígena, ativista e tem deficiência. Então, ela trabalha com ativismo a partir de sua arte, demonstrando que existem indígenas com deficiência. Ela faz um trabalho muito legal, através das pinturas corporais e em objetos, trabalhando com pigmentos naturais”, ressalta o estilista.
Para agregar ainda mais à parte educativa do evento, os organizadores tentam negociar a vinda de estilistas de renome nacional. A participação destes profissionais é importante para que haja uma troca de experiência com quem faz moda e design aqui no estado.
“Os profissionais que vêm de fora do Estado vão ensinar suas técnicas, os métodos de trabalho que utilizam, e isso acrescenta para que a gente tenha mais profissionais capacitados e que possam atender com qualidade o público sul-mato-grossense”, ressalta Eduardo Alves.
Evento inédito no mundo é motivo de orgulho para MS
Idealizada pelos estilistas de Mato Grosso do Sul, ainda na primeira edição da Semana de Moda Inclusiva, Luane e Eduardo acreditavam que a Semana era a pioneira somente no Brasil. Mais tarde, com acesso a dados sobre o assunto, descobriram que se tratava do primeiro evento de setor voltado exclusivamente para a moda inclusiva.
“É motivo de muito orgulho a gente saber que um evento que tem um papel muito importante na questão social, de acessibilidade dentro da sociedade, foi criado aqui em Mato Grosso do Sul. A princípio, a gente acreditava que era a primeira semana inclusiva do Brasil, e depois a gente descobriu que era a primeira Semana de Moda Inclusiva do mundo. Então, isso é muito gratificante”, conta Eduardo.
O estilista acredita que o evento tem muito a contribuir no cenário da moda sul-mato-grossense e na cultura do Estado, ao passo que traz a pessoa com deficiência para o protagonismo. “Eu acho que ela vem para difundir esse conceito e mostrar que as pessoas com deficiência estão aí, que elas precisam ser vistas, precisam ser enxergadas pelas marcas”, afirma.

Educar estilistas e trazer à cena pessoas com deficiência
Luane Sales conta ao Jornal Midiamax que, em determinado momento de sua carreira, esteve desencantada com a moda. Mas uma experiência em particular mudou o seu olhar para o ramo e trouxe de volta a paixão pela profissão.
“Em uma oportunidade que a gente teve, que eu estava mexendo em algum [curso] técnico, vi uma pessoa chorando porque descobriu que existia uma roupa para o filho dela. Foi aquele momento que eu descobri o que eu queria para minha vida: a moda com propósito, moda que não só emociona, mas que muda vidas. Poder participar, fazer parte disso, é algo que traz propósito para minha vida”, relembra.
Assim, segundo ela, a Semana de Moda Inclusiva tem o objetivo de educar os estilistas para fabricarem designs de roupas que não sejam apenas bonitas, mas que sejam funcionais. Dessa forma, as peças promovem mais independência para pessoas com deficiência na hora de se vestirem e se mostrarem para o mundo.
“É muito importante ressaltar que a moda inclusiva não é uma causa, é um mercado, um nicho cheio de consumidores com dinheiro para comprar, e as marcas ainda ignoram isso. Então, é necessário que elas mudem o pensamento com relação a isso. Para fazer uma peça adaptada, não precisa mudar o design“, explica.
Prêmio Bocaiuva
O Prêmio Bocaiuva, da Semana de Moda Inclusiva, vai selecionar os melhores looks inclusivos e premiá-los. As inscrições já estão abertas e qualquer pessoa pode se inscrever, desde estudantes de moda, iniciantes na costuras e até profissionais com bastante experiência.
Serão aceitos até três looks por participante. As regras completas do concurso estão disponíveis na bio do Instagram do Bocaiuva Moda Inclusiva ou clicando aqui.
Os prêmios estão sendo divulgados aos poucos, à medida que as parcerias são fechadas. Contudo, já está confirmada uma máquina de costura da marca Siruba para os três primeiros colocados.
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