Há cerca de 14 anos, a médica veterinária e zootecnista Maria Angela Panelli começou a ser procurada pela PMA (Polícia Militar Ambiental), em Barretos (SP), para realizar a eutanásia de animais silvestres gravemente feridos. Contudo, não se conformava em tomar tal medida diante da situação desses animais.
Foi então que pediu aos militares para tentar salvá-los por meio de reabilitação. Pedido concedido, reuniu seus conhecimentos de ortopedia-veterinária para auxiliar os animais de vida livre. Desde então, a veterinária já deu uma nova chance de vida para mais de 10 mil animais silvestres.
Assim, nos últimos anos ela se dedicou a compartilhar também seu trabalho nas redes sociais, como uma forma de mostrar ao mundo um pouco de seu empenho com a fauna brasileira. Ao todo, a ortopedista dos animais, como é conhecida, já conta com mais de 640 mil seguidores no Instagram.
O Jornal Midiamax conversou com Maria Angela em sua passagem por Campo Grande, nesta quinta-feira (27). A veterinária ministrou uma palestra na 3ª Jornada de Pesquisa e Tecnologias do Bioparque Pantanal.
À nossa equipe, contou que entre as espécies que já trabalhou, algumas são muito conhecidas nessa região, como é o caso da onça-parda.
“Ainda não trabalhei com tuiuiú e onça-pintada, mas com várias onças-pardas. Também muitos bugios e veados. É uma infinidade que a gente não consegue nem lembrar. Aves, então, praticamente todas, como tucanos, araçaris e gaviões”, lembra.
Atendimento aos animais atingidos pelos incêndios do Pantanal
Nos dois últimos anos, o Pantanal foi tomado por incêndios de grandes proporções. A tragédia mobilizou milhares de militares do Corpo de Bombeiros para combater a propagação do fogo. Contudo, mesmo com o intenso trabalho das equipes, muitos animais morreram em meio às chamas ou ficaram muito debilitados.
Maria Angela lembra que, neste período, recebeu diversos animais resgatados do incêndio. Aliás, a especialista ressalta que, diferente do que muitos pensam, a reabilitação nesses casos, e outros, não é em vão. Mesmo que as aves reabilitadas, por exemplo, não possam mais voar, elas servem como bancos genéticos vivos para a espécie.
“Esses animais reabilitados têm uma placa de titânio, um parafuso de titânio e eles não podem voltar para a natureza. Mas, é importante que se diga que para onde eles forem encaminhados, para Polícia Ambiental, para o próprio CRAS, ou ambientes como esse do Bioparque, eles são bancos genéticos vivos, não é em vão. Muita gente pensa ‘se é para colocar uma placa e ele não voar mais, então faz a eutanásia’. É um erro pensar assim”, explica.
Dessa forma, Maria Angela enfatiza a importância de capacitar profissionais que possam realizar trabalhos semelhantes ao que vem desempenhando.
“Eu me sinto muito sozinha. Somos muito poucos, os profissionais que querem ajudar vida livre. Mesmo porque é de uma forma voluntária, não existe nenhuma verba federal, estadual ou municipal que nos ajude a ajudá-los. Mas eu gostaria muito que fossemos mais para podermos abranger uma maior quantidade de animais”, afirma.
Desafio vivenciado na profissão
Questionada sobre o maior desafio de sua carreira, até o momento, Maria Angela não pensou duas vezes para responder: ajudar um lobo-guará que quase perdeu a pata. O animal foi pego por uma armadilha para porco-do-mato em um seringal de Barretos.
“Ele ficou uma semana com um laço de aço na pata e acabou cortando a pata dele, ficou no osso. Nós demoramos muito para reabilitá-lo, foi bem difícil porque é um animal bravio, fica preocupado da gente fazer algum mal para ele, então ele se defende. É pura defesa”, contou.
Mas, a intensa reabilitação teve um final feliz. “Foi um processo longo que me impactou bastante, e a gente conseguiu não amputar a patinha dele, e ele foi solto novamente na natureza”, concluiu.
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