O bela-vistense Ney de Souza Pereira, de 83 anos, que ganhou o nome artístico de Ney Matogrosso, é um multiartista, sem sombra de dúvidas. Um orgulho para Mato Grosso do Sul, pois, é aqui que deixou a sua “energia selvagem” aflorar e servir de inspiração ao longo de mais de cinco décadas de carreira. O MidiaMAIS conferiu a sua cinebiografia, em cartaz no cinema, a qual mostra alguém que desafiou a todos e, tempos depois, recebeu aplausos. Enfim, ousou ser livre.
A obra inicia mostrando a infância de Ney, na Vila Militar, no ano de 1949. Na época, sob a rigidez de seu pai, Ney (interpretado brilhantemente pelo ator Jesuíta Barbosa) apanhava e recebia castigos, enquanto ouvia: “Vira homem”. Seus momentos de distração, no entanto, ocorriam na mata. Inclusive, certa vez, ao desenhar e pintar um bicho, o genitor mais uma vez o repreende: “Eu não tô criando filho para ser veado…filho meu jamais vai ser artista”.
No entanto, o tempo passa e ele revida a atitude brusca do pai, sendo expulso de casa. Ney então vai para a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. O jovem é considerado educado e disciplinado. Após o período de alistamento, segue para Brasília, no ano de 1961, onde a sua voz fina é admirada em um coral: “Linda e especial”, afirma o professor.
Ney era hippie e artesão em São Paulo
Ney então parte para São Paulo, onde monta o seu ateliê de arte. Hippie e artesão, passeava pela capital paulista e lá via muitos cartazes do teatro kabuki, o que foi um insight para sua arte, tempos depois. Aliás, em pormenores, isto não é dito na obra, porém, o próprio artista fala em entrevistas que, ao saber que “artista não andava na rua e nem tinha privacidade”, pensou em uma forma de passar despercebido.

Até então, ele não cantava, mas, é aí que entra a sua breve participação na banda Secos & Molhados, de 1973 a 1974. Já no Rio de Janeiro, encontrou com os outros integrantes e o sucesso veio muito rápido. Diante ao Maracanãzinho lotado, fizeram um show histórico.
Parte deles, no entanto, implicaram os trejeitos de Ney, porém, mais uma vez o artista ousou ser livre. No ano seguinte, lançou carreira solo, tornando-se não só cantor, mas também dançarino, intérprete, ator e diretor. O artista passou a ser manchete de jornais, precisava dar declarações o tempo todo e ressaltava, a todo momento, que as pessoas se incomodavam porque viam nele coisas em que se identificavam.
Sendo assim, quando foi ordenado que era para “deixar de ser bicho”, fez o público amar seu novo trabalho, só que, ao mesmo tempo, recebeu visitas indesejadas de autoridades no camarim. O filme, sob direção de Esmir Filho, mostra ainda seu encontro com Cazuza, de uma perspectiva diferente e a liberdade no amor e na vida que Ney sempre teve. Segura o fôlego e vai! Está em cartaz em todos os cinemas de Campo Grande!
Confira o trailer de Homem com H: