O ano era 2005 e uma senhora arriscou a vida, filmando o crime organizado no Rio de Janeiro, para voltar a ter paz em seu pequeno apartamento. Com uma câmera em mãos, da sua janela – que inclusive foi alvejada por tiro – conseguiu indícios suficientes para deflagrar uma grande operação e dezenas de pessoas foram indiciadas e presas, incluindo policiais corrompidos. E o que isto custou? Sua vida, mesmo estando viva. Mudança de cidade e mudança de nome. Baseado em fatos reais, o filme Vitória está em cartaz nos cinemas.
E mais uma vez, Fernanda Montenegro, “monstra” na arte de interpretar, representa a protagonista e nos representa. Vinte anos depois, nada mudou. O crime organizado está cada vez mais organizado. Há muitos servidores corrompidos e nós é que ficamos reféns, seja em nossas casas ou nas ruas. Tanto é que a personagem precisou morrer para viver. É justamente o que pode acontecer com qualquer um de nós que ouse mexer neste vespeiro.
Agora, novamente falando da Fernanda, fica evidente quase uma simbiose com o filme Central do Brasil, de 1998, em que a atriz usa vestimentas muito parecidas e tem forte ligação com um garoto. Desta vez, o menino, tanto defendido por ela, vira “soldadinho” do tráfico. Não escapa do que está escancarado em sua porta, todos os dias, mesmo a idosa suplicando. Assim, entende que é ela que tem que sumir. Seu compromisso de denunciar o banditismo foi cumprido.

Repórter policial fazia ronda na delegacia, quando soube da história da dona Nina
Na “Ladeira da Misericórdia”, em Copacabana, dona Nina sonhou com o dia em que o “desfile de fuzil”, o tormento, a droga e os tiroteios não fossem mais acontecer. Ela nos deixou em 2023, cumpriu sua missão. No entanto, é preciso exaltar também o papel social do jornalismo. É nele que, durante uma “ronda”, o repórter policial soube do que estava acontecendo e deu voz a idosa. Sua história ganhou o país no jornal impresso e, novamente, ganha o mundo nos cinemas.
E a atriz principal, já indicada ao Oscar, está em momento de despedida dos cinemas e é justamente por isso que se torna necessário apreciá-la, interpretando aos 95 anos e deixando esse legado na filha e em nós, que temos a obrigação de divulgar a cultura. Enfim, são inúmeros os motivos para assistir a este filme, disponível em todos os cinemas de Campo Grande. Duas horinhas que valerão muito a pena!
Confira o trailer do filme Vitória, em cartaz nos cinemas:
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