Na Escola Estadual Prof. Silvio Oliveira dos Santos, em Campo Grande, verduras frescas colhidas na horta da Gameleira ganham destino certo: a casa dos alunos. O projeto da escola com a penitenciária existe desde o ano passado, e funciona da seguinte forma: os presidiários cultivam os alimentos, colhem e doam para distribuição entre os estudantes.
Atualmente, a Gameleira desenvolve projeto com 36 escolas da capital. Contudo, as atividade envolvendo custodiados vai além: os presidiários, que antes faziam somente reforma nas instituições, agora também fazem manutenção nas escolas.
E foi a partir do momento que começaram as manutenções que também iniciaram o projeto da horta na penitenciária. Assim, os presidiários cuidam do plantio dos alimentos, colhem, vendem e doam. Nesse processo, os alunos da escola se beneficiam recebendo sacolas com verduras e legumes fresquinhos.
“Hoje eles têm uma horta enorme lá. Os presidiários tomam conta e a Agraer dá um auxílio para eles na parte de conhecimentos de agronomia. Eles produzem muito alimento, vendem um pouco para pagar os gastos e doam um pouco”, explica Leandro Colombo Pedrini, diretor da escola.
O Senar MS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso do Sul) também concede assistência ao projeto, fornecendo supervisão técnica por meio da ATeG (Assistência Técnica e Gerencial).
Pedrini não poupa esforços na hora de buscar os alimentos para os alunos. Em sua caminhonete particular, enche a carroceria de caixas de madeira e vai até a penitenciária. Na volta, o veículo vem abarrotado de verduras e alimentos encaixotados. Aliás, no último mês, foram 289 kg de alimentos transportados.
“Uma vez ao mês a gente busca. Minha esposa é diretora em uma escola no [bairro] Tijuca. Então, em um mês trago para cá e, no outro, levo para a escola dela. O agente [penitenciário] me avisa o dia que vão colher”, conta.

Projeto envolve participação do grêmio estudantil
Além de permitir que os presidiários sintam-se pertencentes, com esse retorno à sociedade, o projeto ensina aos alunos a importância da ressocialização para pessoas que estão nessa situação. A atividade também permite a diminuição de pena para os participantes.
“Quando a gente traz os alimentos, explica para os alunos que os itens são produzidos pelos presos e que isso os auxilia a diminuírem a pena. Os estudantes já conhecem os presos que vêm aqui para arrumar a escola e agora sabem que eles produzem esse alimento”, explica o diretor da escola.
Os alunos não são obrigados a receber os alimentos e levar para a casa, mas a maioria apoia o projeto e muitos até se envolvem na organização. Uma das estudantes que participa com afinco da iniciativa é Rayssa Vieira Lopes, 16 anos. Assim, a aluna do segundo ano é sempre solícita na hora de gravar os vídeos da distribuição dos sacos de verduras.
“Eu acho muito legal [o projeto], e me sinto muito privilegiada por estar em uma escola que tem esse tipo de iniciativa. Sem contar que os alimentos que a gente ganha ajudam muito na saúde, acima de tudo. Então, é importante introduzir isso na nossa alimentação, tanto dos alunos aqui da nossa escola, quanto dos pais. Pelo menos a minha mãe fica muito feliz quando eu levo”, afirma a estudante.

Além do cultivo das verduras na horta da penitenciária, os presidiários auxiliam na horta dos alunos, que fica nos fundos da própria escola. Dessa forma, de tempos em tempos, eles vão até o colégio e ajudam na limpeza do terreno e poda de algumas árvores.

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