Mães de crianças atípicas estão no centro de um longo impasse com a prefeitura de Campo Grande há meses e constantemente aparecem em jornais, lutando pelo direito de seus filhos. Apesar de leoas por fora, há uma pessoa por dentro, com medos, inseguranças e necessidades.
Gisele Mendonza é uma delas, mãe de uma criança atípica há quase três anos, mas que hoje encontra forças para seguir ajudando outras mães na mesma condição. Em fevereiro de 2025, ela tirou do papel um projeto antigo, o encontro do Grupo ‘Carlinhos e Super Mães Atípicas’, em Campo Grande.
“Nas salas de espera das terapias fui conhecendo outras histórias e foi ouvindo as histórias de outras mães que fui me fortalecendo e fui buscando ideias como ajudá-las, foi na minha tristeza e dor que olhei para dor delas e eu pensei, preciso fazer algo, se Deus me deu essa missão é porque eu preciso fazer algo”, disse.
O encontro reuniu mães de crianças atípicas em uma manhã com direito a café da manhã, cuidados estéticos, doação de cestas básicas e brindes e apoio psicológico. “Eu criei esse grupo para auxiliar as mães, que vivem na luta, com autoestima baixa, para tentar melhorar um pouco e foi muito gratificante ver o sorriso delas”.
Influencer e podcaster
Filho de Gisele, Carlinhos nasceu prematuro, sendo diagnosticado com microcefalia. Ele também perdeu a visão de um olho e sua condição exige cuidados intensos. Como é o caso de quase todas as mães atípicas, Gisele não consegue mais trabalhar fora e precisou inovar para ter renda.

Ela sempre trabalhou em salão de beleza, mas se viu obrigada a mudar de ramo com a chegada de Carlinhos. Hoje ela consegue renda vendendo itens na internet, como roupas e utensílios.
Mas Gisele se tornou uma influencer das mães atípicas, fala sobre o assunto, convida a população a auxiliar as mães nessas condições e é apoio para elas. Em 2024, ela iniciou um podcast, onde conversa com mães atípicas sobre maternidade e os desafios.
“Aprendi a trabalhar nas redes sociais. Trabalhei a vida toda em salão e fazia projetos sociais, mas tive que me reinventar e hoje tenho essa missão de ajudar outras mães”, conta Gisele.
Ela aceita ajuda de quem quer contribuir com o projeto, seja com dinheiro ou doações. Interessados podem entrar em contato com ela no Instagram www.instagram.com/mendonzagisele/.
Quem se importa?
O trabalho de cuidado e suas consequência têm sido cada vez mais debatido, mas a saúde mental de mães atípicas continua longe dos holofotes. ‘Escondidas’ em casa, em meio a cuidados intensivos, não sobra tempo e nem recursos para cuidar de si mesmas.
Em maio de 2024, o Jornal Midiamax abordou o tema na reportagem “Sobrecarregadas e invisíveis: Falar de saúde mental é luxo para mães de crianças atípicas de MS”. A matéria fala sobre a campanha Maio Furta Cor, voltada para a importância de se preocupar com a saúde mental das mães.
Em local quase que “invisível”, não há estatísticas dessa parcela da sociedade. Logo, faltam políticas públicas com olhar voltado a elas. Exemplo disso é a saúde mental: apesar de profissionais alertarem sobre o tema, não há dados consolidados sobre número de depressão ou suicídio em mães. Também não há apoio financeiro ou social, para essas mulheres que quase sempre estão imersas em cuidados com os filhos.
Sem políticas públicas voltadas para mães de crianças atípicas, elas vivem à margem da sociedade, dependendo da legislação e boa vontade para sobreviver e dar suporte aos filhos.
“Mães estão morrendo por problemas de saúde mental sem tratamento, nos primeiros anos de vida dos filhos. Por enquanto a gente não rastreia, não trata e essas mães acabam estando completamente desassistidas”, explica a psicóloga Nicole Cristino, psicóloga e uma das idealizadoras do Maio Furta Cor.
Mães de crianças atípicas são as mais suscetíveis a estresse prolongado e ao burnout materno, temas ainda pouco abordados no Brasil.
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