Famosa em Campo Grande, rua ‘dos móveis usados’ muda completamente nos últimos 3 anos
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Quem quisesse comprar ou vender móveis usados, em Campo Grande, até pouco tempo, sabia o endereço: rua Cândido Mariano, passando a Escola Estadual Maria Constança Barros Machado, em ambos os sentidos, era uma loja atrás da outra. No entanto, nos últimos três anos, a região foi mudando e agora está completamente diferente.
As fachadas com os dizeres “compro e vendo móveis, pago à vista”, já quase não existem mais. Muitas portas se fecharam, imóveis foram até demolidos e a circulação de usuários de drogas pelo local é recorrente.
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Além disso, a concorrência “pela internet” também afetou muitos comerciantes e outros não suportaram mais pagar aluguel, buscando soluções mais baratas, como a mudança de endereço para alguns bairros da cidade.
Vendedor há mais de uma década, em uma loja de móveis usados, Fernando Luges da Silva, de 57 anos, acredita que o negócio só sobrevive ali porque o patrão também é proprietário do prédio.
“Antes aqui tinha móveis usados também. Agora ele [dono] só está mexendo com planejados. E com a pandemia ficou esse reflexo, o preço do aluguel levantou muito, o pessoal ficou parado e não conseguiu mais se levantar. Aqui, como eu falei, a situação é diferente porque o patrão é dono do prédio”, afirmou Fernando ao MidiaMAIS.
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‘Presença de usuários atrapalha’, opina microempresário
Conforme o microempresário Valcir Vicentim, de 76 anos, a presença constante de usuário de drogas é outro fator que atrapalha a região.
“Os clientes, principalmente mulheres, ficam com medo de encostar o carro aqui. É algo que nos atrapalha. Sem falar que eles passam, roubam fios, então, muitos que estavam aqui preferiram migrar para o bairros. E aqui, na minha vista, tem duas lojas que foram demolidas e o terreno está sendo vendido”, disse.
O microempreendedor Alexandre dos Anjos, de 50 anos, aponta a rede social como algo que, em muitos momentos, atrapalha quem tem loja física. “Tem gente que tem mais conhecimento no online, pesquisa e compra somente on-line. Ou então, o que é pior, tem golpista que vem aqui, tira foto, vende a mercadoria e manda a pessoa vim retirar aqui. A pessoa pensa que é vantagem e tá levando calote”, argumentou.
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Ainda neste sentido, ele fala que muitos clientes também pesquisam preços na internet e querem chegar “dando o preço” na loja. “A gente tem aluguel, funcionário, a situação é bem diferente. E mesmo assim oferecendo bons preços. Só que estou há 18 anos aqui, vendo muita mudança, muita gente indo embora, também estava quase fechando aqui esses dias”, lamentou.
‘Vi muitos comerciantes indo para os bairros’, comenta Alexandre
De acordo com Alexandre, “o que salva” é que muitos estudantes vão ao local, comprar móveis mais baratos para a temporada de estudo. “Recebo muitos aqui, que buscam geladeira e fogão, principalmente. E o comerciante que não suportou mudou de endereço. Tenho conhecidos que foram lá para a avenida dos Cafezais, para o Jardim Leblon, o Aero Rancho e o Jardim Aeroporto”, disse.
O marceneiro e restaurador de móveis, Marcelo Camargo, de 59 anos, apontou também a presença dos usuários de drogas na região, como um grande problema. Ele trabalha há dez anos na famosa rua “dos móveis usados”.
“A gente vive de altos e baixos. Só que agora está com muito dependente químico aqui. Eles fazem muita sujeira, defecam, dormem por aqui durante o dia e o poder público não faz nada. Acho que tinha que dar uma basta. É por isso que muita gente foi embora, mudou o seu comércio para o bairro”, finalizou.
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