Bem no âmago da trajetória de Carlo Acutis como santo milagreiro, na capela onde o beato fez seu primeiro milagre reconhecido pelo Vaticano, está um pedaço do coração do rapaz. O templo fica em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e abriga um altar com fragmento do órgão, extraído do corpo do jovem italiano após exumação realizada em 2019. Ele será canonizado pelo Papa Francisco no mês de abril.
Para comprovar a existência do adolescente, a Igreja Católica abriu seu túmulo treze anos depois de sua morte, em Assis, na Itália. Na época, a abertura do caixão chocou o mundo e a própria Igreja, pois o corpo foi encontrado preservado, praticamente incorrupto. Com isso, o coração foi retirado intacto e relíquias com fragmentos do órgão foram produzidas.
Uma delas está em Campo Grande, na Capela Nossa Senhora Aparecida, conhecida mundialmente por ser o templo onde Carlo Acutis realizou sua primeira intervenção miraculosa ao curar um menino que sofria de doença no pâncreas, em 2013. Guardado em um relicário, o artefato é venerado por fiéis no local, que teve sua história entrelaçada com a do beato e deu o pontapé inicial para a canonização.

Como são feitas as relíquias com o coração de Carlo Acutis?
O pedaço do coração está na capela há pouco mais de 4 anos e foi enviado diretamente da Itália pela mãe de Carlo, dona Antonia Acutis, para celebrar a beatificação do filho. Em outubro de 2020, carinhosamente, a matriarca mandou o fragmento para o padre Marcelo Tenório, grande responsável por divulgar o nome do beato para o Brasil e posteriormente para toda a comunidade Católica.
“Para a Igreja canonizar alguém, é preciso atestar que essa pessoa existiu, com a exumação. Quando se retira do cemitério, aí se faz as relíquias. Eu fui lá, vi o corpo, estava intacto. Todos os órgãos do Carlo estavam, tanto que pedaços do coração dele foram retirados para fazer esses relicários. Aqui temos um fragmento do coração e fios de cabelo”, comenta o sacerdote, em conversa com o Jornal Midiamax.
Segundo o regente da capela, que faz parte da Paróquia São Sebastião, o processo da confecção das relíquias como a que está em Campo Grande envolve várias etapas.
“Quando acontece algo assim, temos o postulador da causa, aquele que é responsável pelo candidato à canonização. Então, ele, junto com o bispo do local, é quem vai definir as relíquias, é algo muito sério”, explica.

Conforme Tenório, cientistas retiram milimetricamente as partes do coração para que sejam produzidos os relicários. “Há um documento que autentica isso, assinado pelo arcebispo, e essas relíquias são dadas mediante pedido por carta. Então se você quer uma relíquia na sua igreja, escreve para Assis, para o Arcebispo, para a postulação, pede e eles enviam”, ressalta.
Quando o corpo foi exumado, várias destas caixinhas foram feitas, mas o padre nem precisou pedir. “Dona Antônia já me mandou”, revela.
Movimento para trazer o coração inteiro de Carlo Acutis para o Brasil
Atualmente, o coração inteiro de Carlo Acutis fica em Assis, Itália, local onde o jovem viveu e foi enterrado. O órgão está preservado dentro de um relicário especial e poderá vir para Campo Grande em um futuro próximo.
“Faço parte de um grupo e, no início, estávamos planejando trazer o coração do Carlo para o Brasil, tinha pessoas do Brasil inteiro, mas depois os filhos de Assis acharam melhor esperar um pouco e o coração de Carlo não veio”, conta o padre Tenório.
Hoje, o corpo do rapaz fica exposto para visitação em um caixão de vidro, no Santuário de Despojamento, também em Assis, na Itália. Os restos mortais do beato atraem fieis de todo o mundo que vão ao local em busca de milagres e para manifestar gratidão por bênçãos recebidas.

Nova relíquia vem para a canonização
Antes da relíquia com o fragmento do coração, o padre Marcelo Tenório havia ganhado um pedaço de uma roupa de Carlo Acutis. Foi ao tocar esta peça que o menino de Campo Grande teria sido curado da doença no pâncreas, dentro da capela, em 2013. No entanto, a relíquia já não está mais no local, pois o sacerdote doou o tecido para um outro padre, de Pernambuco.
Atualmente, apenas a relíquia com fios de cabelo e o pedaço do coração se encontra em Campo Grande, mas, no próximo dia 21 de abril, a capela receberá um novo objeto que pertenceu a Carlo Acutis: um roupa, também enviada pela mãe do adolescente.
A chegada do artefato abrirá a semana da canonização de Acutis, marcada para o dia 27 de abril. Em Campo Grande, a capela do milagre prepara sete dias de programação especial, até a data em que o beato será elevado à condição de santo no Vaticano. Confira a programação completa clicando aqui.

Carlo Acutis, o santo da Internet e dos jovens
Carlo morreu em 12 de outubro de 2006, aos 15 anos de idade, em decorrência de uma leucemia e ficou conhecido como o “padroeiro da internet” por seu trabalho de evangelização através da web – já que divulgava conteúdo cristão e até criou um site que catalogava milagres.
Acutis foi beatificado em 2020 e será o primeiro santo da geração millennial. Sua dedicação à fé, sua simplicidade e seu amor pela tecnologia o tornaram um modelo de santidade para os jovens de todo o mundo.
A canonização foi autorizada pelo Papa Francisco, após o italiano ter dois milagres reconhecidos pelo Vaticano, sendo um em Mato Grosso do Sul e outro em Florença, na Itália. A cerimônia que tornará o “Cyberapóstolo da Eucarista” oficialmente um santo será um marco para a Igreja Católica, especialmente para as novas gerações.
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