Dois meses depois de pedir ajuda para conseguir comprar a vaca Fumaça e evitar que a mesma virasse bife, a roceira Liliane Bezerra já pode respirar aliviada e sua amiga bovina também. Foram oito semanas de aflição enquanto os R$ 6 mil exigidos pelo dono do animal não eram arrecadados, mas, nesta terça-feira (8), tudo finalmente se ajeitou.
Para juntar o montante, a técnica de enfermagem que vive em um sítio entre as cidades de Terenos e Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, abriu uma vaquinha online na qual arrecadou apenas metade do valor. Sem desistir, ela fez uma rifa, mas nem precisou vender todos os números, pois uma “boa alma” apareceu e completou doando o que restava.
“Conseguimos pagar a Fumaça, glória a Deus. Eu estou muito, muito feliz, muito grata. Ainda tem vários números na rifa para serem vendidos, mas uma pessoa nos abençoou com o valor que faltava”, contou a roceira, nesta terça-feira.
Feliz, a humana que fez amizade com a vaca manda um recado emocionado para todos que contribuíram para que ela não perdesse a companheira que a ajudou a sair da depressão. “Quero agradecer a cada um que ajudou. Eu tinha certeza que ia conseguir, mesmo com tanta gente me chamando de doida. Eu ouvi cada absurdo que vocês nem imaginam”, comenta.
Agora, Liliane garante que Fumaça continuará recebendo tratamento de rainha em seu sítio. “Ela está aqui, vai continuar sendo muito bem cuidada, não vou deixar ninguém judiar dela. Ela faz parte de um processo de cura na minha vida, só quem já passou por depressão e ansiedade sabe”, garante, relembrando que a parceria improvável nasceu em um momento em que ela enfrentava seus próprios monstros.

A história de Liliane e a vaca Fumaça
Fumaça vive no sítio para onde Liliane, o marido e as filhas se mudaram em janeiro deste ano. A vaca pertencia ao antigo dono da propriedade e já estava no local quando os novos moradores chegavam.
Até conseguir vendê-la, o tutor deixou a bovina aos cuidados da técnica de enfermagem, que, em menos de 30 dias, se apegou e virou melhor amiga da vaca. No entanto, em fevereiro, o dono reapareceu e revelou ter fechado um negócio: ele iria trocar a vaquinha, que está grávida, por quatro bezerros.
Ao saber da notícia e ser informada de que ele precisaria levar Fumaça embora, Liliane entrou em desespero. Diante do sofrimento da sitiante, que não quer se separar da amiga, o proprietário do animal então abriu uma exceção e deu a ela um prazo para comprar a amiga e impedir a troca.
Sentimento fulminante
Em menos de 30 dias, a relação de amizade entre Fumaça e Liliane ficou tão intensa que as duas fazem tudo juntas. “Eu acordo e ela já está na porta me esperando, a gente toma café juntas, ouvimos música e fazemos devocional. Ela vai ser mamãe e não quero que seja vendida, ela não merece virar bife, eu não acho justo. Ela me ajudou na cura da ansiedade e da depressão e ainda tira os melhores sorrisos do meu rosto”, disse a roceira em fevereiro.
Embora não seja vegana, Lili expõe motivos de sobra que a levaram a impedir o abate da companheira. “Só quem fica perto dela entende a conexão. Não quero ter uma vaca para ter dinheiro, só quero que ela viva, tenha uma vida livre e continue trazendo alegria”, declarou.
“Esse sítio é do meu pai, ele tinha cedido uma casa pra gente morar em Campo Grande, mas nosso coração não é da cidade, a gente gosta de morar no mato, no meio dos bichos. É assim que eu e meu marido somos felizes. Fez 1 mês só que nos mudamos pra cá, chegamos e a Fumaça já estava, mas parece que conheço ela há uns 20 anos”, disse a técnica de enfermagem, quando pediu ajuda para salvar o animal.

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