Falar em João Batista é lembrar do “santo festeiro”. Os católicos o celebram todo dia 24 de junho, data em que nasceu. Amante de uma boa festa e cozinheira de mão cheia, Mirian Ota, atualmente com 73 anos, tem muitos motivos para falar dele: teve uma loja reconstruída após um incêndio criminoso na cidade de Osasco, tudo em 10 dias, com um mutirão de solidariedade que, segundo ela, deixou o local “mil vezes melhor”, e sua forma de agradecer é uma festa junina gratuita todo ano, com direito a comilança e fogueira bem alta.
A festa junina promovida pela empresária ocorre há 47 anos. Começou no interior paulista e, há 23 anos, acontece em Campo Grande. No entanto, antes não tinha data definida, ocorrendo tanto no Dia de São Pedro, Dia de Santo Antônio ou Dia de São João Batista, entre outras datas. Ocorre que, em sua crença, o último santo citado é responsável por uma graça concedida a ela e sua família, motivo pelo qual estabeleceu dia fixo: 24 de junho, Dia de São João Batista.
A exceção de tantos anos ocorreu neste ano de 2025, quando Mirian organizou a festa para o último sábado (21), já que a data cairia nesta terça-feira (24) e muita gente deixaria de ir, não só por ser um dia de semana como por conta da previsão de frio. “No primeiro ano, foram só dez pessoas, achavam que tinha que pagar. Hoje muita gente já conhece, é uma tradição da minha família”, comentou a empresária.

Incêndio criminoso em restaurante ocorreu durante procissão
Relembrando o momento trágico, Mirian diz que estava em uma procissão, ao lado da filha, quando o padre disse que “estava pegando fogo” em uma loja. Naquele momento, jamais imaginava que estavam falando do seu comércio, mas, depois, confirmou-se o infortúnio.
“Minha mãe tinha um restaurante tradicional em Osasco, de umas quatro décadas. E ela passava muito nervoso, com funcionários que faltavam, muita coisa, até que uma amiga dela de infância, da escola e que cresceu com ela, disse que queria se mudar para São Paulo. Minha mãe então deu uma oportunidade a ela, arrendou o restaurante e passou toda a clientela e fornecedores. Só que a mulher, ao invés de abrir um novo CNPJ, usou o da minha mãe e saiu dando um calote gigantesco em todo mundo, na cidade toda, na verdade”, relembrou ao MidiaMAIS a empresária Taty Ota, de 38 anos.

Na época, dona Mirian foi cobrar a amiga, a qual não gostou. “O filho, enquanto eu e minha mãe estávamos na procissão, preparou um coquetel molotov e jogou na nossa loja de presentes. A gente montou logo depois de arrendar o restaurante. O fogo tomou conta, acabou tudo, e aí fizemos o boletim de ocorrência. E tudo aconteceu enquanto a gente estava na procissão de Santo Antônio. Dez dias depois, no dia de São Batista, o local foi reaberto, e minha mãe, que é muito devota, atribui a graça a ele”, contou Taty.
Mirian também relembra que os pais sempre fizeram “festas de gratidão a Deus”, desde que ela era criança. “Nasci e cresci vendo meus pais realizarem festas, então, quando me tornei adulta, quis fazer as mesmas festas; quando tive condições, passei a fazer. Como disse antes, tinha pouca gente, mas, depois, foi aumentando e tem a dimensão que tem hoje. E sinto muita gratidão a São João Batista e aos amigos que ajudaram a refazer a minha loja em pouco tempo, realizando o meu sonho de refazê-la exatamente como antes”, finalizou.
Confira alguns momentos da festa junina:
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