Você já ouviu falar na cultura Ballroom? Mais do que uma estética que brilhou nos anos 1980, a Ballroom é um movimento político e artístico criado como resposta à marginalização sofrida por pessoas negras e latinas LGBTQIAPN+. A cultura surgiu nos subúrbios de Nova York, entre os anos 1960 e 1970, e impactou a cena pop da época.
A Ballroom caracterizou-se por competições de dança, figurinos e demais expressões artísticas, que geralmente aconteciam nas houses — espaços de acolhimento para pessoas que sofreram rejeições na família ou no âmbito social.
Apesar de ser mais conhecida pelas performances de dança Vogue, o movimento norteia e acolhe pessoas que se veem à margem da sociedade. Assim explica a multiartista Kiara De Lá, que faz parte da cena Ballroom em Campo Grande. A produtora cultural pertence à Femme Queen House of De Lá, casa exclusiva de travestis, e integra a Coletiva Movimentú.
“A Ballroom acima de tudo é uma tecnologia que chega e acessa as pessoas que precisam dessa tecnologia. É uma tecnologia de acolhimento, de cuidado, de afeto, mas principalmente é uma tecnologia travesti. Uma tecnologia de muito truque, de querer fazer independente das circunstâncias. A gente faz acontecer, não tem desculpinha”, explica.
Assim, apoiados na cultura Ballroom, a comunidade LGBTQIAPN+ busca celebrar sua essência, para além do pré-estabelecido pela sociedade. “As tecnologias são formas de acesso, são caminhos para hackear coisas e facilitar a vida. Trazendo para o contexto social, quando a gente fala de tecnologia a gente fala sobre estar e ser para além do que está estabelecido”, afirma Kiara.

A moda Ballroom
Dentre as várias formas artísticas presentes na Ballroom, a moda se destaca como uma das principais maneiras de expressão das personalidades e sexualidades. Na visão da costureira e figurinista do Ajuberô Ateliê, Jessika Rabello, a moda Ballroom ultrapassa o valor econômico, ao ter um importante papel de vestir corpos marginalizados pelo sistema.
Em seu ateliê, a figurinista se esforça ao máximo para atender às necessidades e expectativas de quem procura pelos seus serviços. Ciente dos preconceitos que pessoas trans acabam sendo alvo, Jéssika tenta todos os dias ser o diferencial no atendimento a suas clientes ao celebrar esses corpos marginalizados.
“A conexão entre moda e Ballroom é de mudança de ponto de partida. Eu enquanto aliada cisgênera é minha forma de me reparar em relação a tudo que a sociedade e a cisgeneridade faz com as pessoas trans. Eu sei que não ameniza em nada o que as pessoas trans passam, mas eu posso garantir que a moda aqui dentro do meu ateliê é para acolher e celebrar esse corpo trans, preto e às vezes invisível para a sociedade, mas para mim nunca foi. E é muito bom poder costurar pra essa galera”, conta.

Anos 80 Ball
Os admiradores da cultura Ballroom terão a chance de reviver o movimento que foi destaque nos anos 1980, no próximo sábado (31), em Campo Grande. A festa Anos 80 Ball é organizada pela Coletiva Movimentú, e acontecerá na boate NON, a partir das 19h.
A produção da Anos 80 Ball conta com Kiara De Lá (MC), Ariska 007 (Chanter) e Baronesa 007 (Comentadora). Além delas, Afroqueer 007 será a DJ da Ball e Léo Le Cinq fará um DJ set.
No evento haverá batalhas de diversos tipos de performances artísticas. O Júri é composto por Luara 007, Gabs Golden 007 e LadyAfroo 007. No vocabulário Ballroom, 007 categoriza artistas que não pertencem a nenhuma house, mas estão sempre presentes nas celebrações.
Confira as categorias da Anos 80 Ball:
- Baby Vogue Old Way (Gimme Paris Gimme Ninja)
- Lip Sync Performance (Ícones anos 80)
- Runway APT (Caminhada com estilo)
- Best Dressed (Eleganza – vidas positivas)
- Transmasc Realness (Orgulho de quem sou)
- Femme Queen Estrela de Cinema Realness (Tapete vermelho)
- Face Beleza Preta (Marrom é a cor mais quente) – principal categoria da noite
A NON Stop fica localizada na R. Pimenta Bueno, 127, bairro Amambai.
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