A casa onde viveu a escritora Carolina Maria de Jesus foi recriada na FLIB (Feira Literária de Bonito). O evento é realizado entre 17 e 21 de setembro, na Praça da Liberdade, em Bonito.
Aberto à visitação, o espaço tem emocionado e provocado reflexões a quem passa pelo local, pois permite um mergulho na realidade de uma das autoras mais importantes da literatura brasileira.
A instalação recria o ambiente em que Carolina Maria de Jesus morou com os três filhos. O cômodo é feito de tábuas de madeira simples, além de reunir elementos do seu cotidiano, como a cama modesta, as panelas de ferro e alumínio, o fogão improvisado e o cantinho onde escrevia em folhas recolhidas do lixo.
Os detalhes de sua casa na comunidade do Canindé, em São Paulo, onde Carolina escreveu parte de sua obra, foram retratados em ‘Quarto de Despejo’. A escritora utlilizava a escrita como instrumento de resistência.
O espaço na FLIB é resultado de um projeto de parceria entre a UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), campus de Aquidauana. Pesquisadores de outras intituições também contribuíram com a iniciativa.
Desde sua criação, já percorreu mais de 20 eventos em diferentes cidades, levando a memória de Carolina a escolas, feiras literárias e encontros acadêmicos. O projeto recebe financiamento da Lei Paulo Gustavo de incentivo à cultura.
Recriar parte da vida de escritora é “ato de resistência”
Segundo Mário Meirelles, doutorando da UFGD e integrante do projeto, a ideia de criar o espaço surgiu como uma tentativa de dar visibilidade às vozes negras e fortalecer a educação antirracista.
“Não era possível falar de Carolina sem mostrar o ambiente em que ela vivia. Mantivemos dimensões e materiais próximos da realidade dela. A cama continua, o fogão também, assim como a simplicidade que marcava sua vida. Queremos que cada visitante sinta o que Carolina sentia e perceba a força da sua escrita”, destacou.
Para ele, a materialização do projeto é, além de homenagem, um ato de resistência. “É preciso entender que a realidade vivida por Carolina não terminou em 1960. O racismo estrutural continua. Recriar sua casa é também um ato de resistência e de amor. Carolina acreditava que a leitura podia mudar o mundo, e seguimos acreditando nisso”, afirma.
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