A cadeira do cliente e de pessoas que esperam sua vez, na maioria do tempo ocupadas, mostram que o cabeleireiro Adão Silva Barbosa, de 61 anos, é alguém realmente querido e solicitado no bairro Coophasul, na região norte de Campo Grande. Dono de um salão na principal rua do bairro, a Cotegipe, abre as portas oferecendo cortes, químicas, escovas e muita prosa.
No entanto, segundo ele, os moradores não fazem muitas “fofoquinhas” uns dos outros e gostam mais de falar sobre a vida em geral. Agora, o profissional que os atende, sim, guarda algo que nem todos sabem: é um carnavalesco talentosíssimo, solicitado não só na Capital como em Corumbá, envolvendo cores, formas e alegrias em intervalos de sua vida pacata.
O Jornal Midiamax invade o mundo carnavalesco e traz o Adão como personagem de uma série de reportagens especiais, iniciando no bairro Coophasul, região norte da cidade.

Adão mora no Coophasul há 25 anos e mantém galpão para guardar fantasias
Trabalhador na região há 25 anos, é lá também que Adão separa três ambientes do imóvel para as peças carnavalescas: um quarto onde mantém as peças prontas, das rainhas de bateria, outro que funciona como um depósito, em que desmancha fantasias de anos anteriores e, por último, um ambiente que configura o seu ateliê. Ao som de músicas clássicas, sente o frescor pela janela, o vai e vem de carros e ali a sua criatividade aflora para confeccionar novas vestimentas.
No entanto, não há horário fixo. O seu dia é organizado de acordo com a cliente. Tem dias que tem mais, outros menos, então, Adão atende e, durante um ou outro intervalo, é que possui tempo para ir mexendo nas fantasias. Aos domingos, também reserva um horário para este trabalho. Sendo assim, no decorrer dos anos, conquistou diversos títulos nas duas cidades sul-mato-grossenses.

“O Carnaval, para mim, é alegria, é a glória, eu me satisfaço muito. É uma arte que tenho dentro de mim e gosto de mostrar para todo mundo. Acho que a pessoa que gosta de ver coisas bonitas pode vir aqui, porque eu tenho coisas para mostrar. E tudo antecipado, já para o ano que vem. Eu só não posso mostrar, mas, as rainhas de baterias, de 2026, já encomendam tudo um ano antes comigo. Ela e outras pessoas envolvidas no Carnaval. A minha fantasia também, eu que faço”, explicou Barbosa.
Cabeleireiro é autodidata e diz que ‘gosta de criar e não copiar ninguém’
Autodidata, Adão fala que nunca fez nenhum curso, foi aprendendo tudo sozinho. “Gosto de fazer, de criar, não copio ninguém. Minha maior paixão é o Carnaval. Aqui no bairro não é todo mundo que sabe, mas, a maioria, eu acho que sim. Aqui tem muitos corumbaenses e todo mundo fica torcendo por mim. E aí eu fecho o salão durante uma semana, no Carnaval. O povo já sabe onde eu estou e fica me acompanhando, até nas redes sociais. Não importa se eu ganho ou perco, sempre é muito gratificante”, avaliou.
Ainda de acordo com Adão, é muito bom ver a vizinhança torcendo por ele e aceitando o fato do salão ficar fechado, ao menos durante uma semana, durante este período. “O pessoal já sabe que estou envolvido no Carnaval e aí fica me acompanhando. É o resultado de um ano de trabalho que vai para avenida, envolvendo a fantasia de várias pessoas, que saem nas escolas de samba aqui e de Corumbá”, argumentou.

Conversando sobre os detalhes, Adão conta o alto valor das peças, principalmente, por conta das penas de faisão. “Eu vou a São Paulo ao menos três vezes por ano para fazer as compras. Compro muitas de uma vez só para ficar mais barato, e ainda tem as pedrarias. Assim que prontas, eu alugo as fantasias e, no ano seguinte, trago tudo para o meu ateliê e vejo o que pode ou não ser reaproveitado, vou desmontando aos poucos, principalmente, porque não tem como ficar guardando tudo”, disse.
Em sua companhia, está o “Guri”, um cão vira-lata que ama descansar entre as fantasias. “É o meu guardião. Ninguém pode vir aqui, é o espaço dele. Só quando chega na época. O pessoal vem buscar as fantasias. Chega um caminhão-baú aqui e leva tudo. Estou com quatro fantasias de luxo prontas. Já ganhei tantos títulos que agora eu tenho o de ‘Hors concours’, que significa fora de concurso. Em outras palavras, é um termo para algo que se destaca tanto que não pode ser avaliado junto aos demais”. Justo? Demais!
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