Pedir um trocado para comprar um refrigerante, lanche ou marmita já é uma prática comum entre os coletores de lixo de Campo Grande (MS). A abordagem depende do horário, geralmente antes do almoço ou no meio da tarde, e costuma ser feita a qualquer morador que esteja em frente de casa no momento em que o caminhão de coleta passa recolhendo o lixo.
Boa parte da população entende as necessidades de quem trabalha debaixo de sol e chuva coletando dejetos das residências e frequentemente contribui com esses trabalhadores. Contudo, na última semana, um morador da Capital se sentiu constrangido diante do pedido de um dos coletores e se manifestou nas redes sociais, exigindo um posicionamento da Solurb, concessionária responsável pela limpeza urbana de Campo Grande.
“Minha reclamação hoje vai para a Solurb, pois me senti constrangido. Eu estava colocando meu lixo para fora e, nesse momento, veio um funcionário da Solurb me pedindo dinheiro pra tomar café. Eu mesmo não dei, eu ofereci café, já que estava tomando em minha varanda. O mesmo rejeitou, queria dinheiro e eu não dei. Gostaria de saber se a Solurb instrui seus funcionários a pedir dinheiro, fica aqui minha reclamação”, publicou ele no grupo Aonde Não ir em Campo Grande.
“É normal, sempre pedem”
O relato dividiu opiniões e gerou quase 400 comentários na publicação, sendo a maioria em defesa do trabalhador. “Sempre fizeram isso”, “É normal, sempre pedem”, “Eu não espero eles pedirem, quando tenho eu dou e se não tenho dinheiro eu arrumo um pacote que todos possam comer. Eles ficam felizes e agradecidos principalmente em datas especiais”, comentaram alguns.
“Sempre que posso, dou uns trocados pra eles comprarem o refrigerante e tomarem no horário do almoço, sentados na sombra das árvores da praça. Um pouco de sensibilidade, e empatia sempre faz bem”, “Quando é feriado eu sempre fortaleço eles, não tem nada demais. Se não tiver só não dar, não tá obrigado a nada” e “Eu sempre achei normal eles pedirem um trocadinho, principalmente pra tomar refrigerante”, foram mais manifestações a favor.
Nem todo mundo apoia…
Porém, vários outros moradores da Capital relataram incômodo com a situação. “Se fosse só um café tudo bem né, agora pedir dinheiro já é demais”, “Pra mim isso é inaceitável, eles ganham muito bem, não precisa disso” e “Já pediram pro meu esposo pra comprar marmita, mas não queriam a marmita e sim o dinheiro”, pontuaram alguns.
“Na minha rua se você sair na hora que estão passando é ‘batata’ pedir”, “Batem no portão e tudo”, “Existe folgados em todas as áreas” e “Fico indignada com a atitude desses funcionários da Solurb”, foram outras reclamações.
Afinal, como a Solurb orienta seus coletores de lixo?
Diante do caso, a Solurb informa que não apoia, nem autoriza a prática de solicitação de qualquer tipo de donativo, contribuição ou gorjeta por parte de seus colaboradores, durante o exercício de suas funções. Tal conduta, aliás, é expressamente proibida pelo Regimento Interno da empresa, conforme disposto no Capítulo XI – Das Proibições: Art. 19, item “m”: “É proibido ao empregado: solicitar, em hipótese alguma, pagamento de gorjeta.”
Da mesma forma, o Manual de Integração da empresa reforça em seu conteúdo: “Condutas não Permitidas: Receber gorjeta para realização dos serviços, bem como pedir dinheiro ou qualquer outra forma de contribuição para os munícipes durante a jornada de trabalho, estando uniformizado, com crachá ou qualquer outra forma de utilização do nome da empresa.”
De acordo com a concessionária, o descumprimento dessas regras é passível de sanções administrativas, previstas nas políticas internas.
“Reforçamos o nosso compromisso com a ética, a transparência e o respeito à população. Por isso, pedimos que qualquer caso de má conduta seja imediatamente comunicado à nossa Central de Atendimento, informando, sempre que possível, a data, horário e o local da ocorrência. Garantimos que a identidade do comunicante será preservada, a colaboração da população é fundamental para mantermos um serviço de qualidade e condizente com os princípios desta empresa”, declara a concessionária sobre o caso.
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