Quem entende de sonoridade sabe que o nome Richard Rocha é harmonioso e agradável aos ouvidos. Combinado ao vozeirão do jovem de 19 anos, morador da região do Lageado, em Campo Grande, parece a receita pronta para o sucesso. No entanto, a timidez quase o faz esconder o fato de ser portador da “voz do baixo”, o tom masculino mais grave que existe, que destaca força e é caracterizado por um alcance vocal profundo.
No Brasil, por exemplo, artistas como Arnaldo Antunes e Zé Ramalho atingem estas notas. Só que, fã de outro estilo musical, Richard cita nomes como o saudoso Hermes Rezende, integrante do grupo ‘Os Uirapurus’ e considerado uma das vozes mais graves do mundo, além do cantor Noriel Vilela, que faleceu em 1975, aos 38 anos. Ele também tinha um alcance muito grave e marcante.
Voz no estilo ‘coronel Jesuíno’ já surpreendeu muita gente
É justamente este o tom da voz de Richard. E assim, no estilo “coronel Jesuíno”, ele já surpreendeu muita gente e fez até desconhecido correr em seu bairro. “Eu estava andando em uma rua do bairro, a luz do poste estava quebrada, só que eu vi uma pessoa que era exatamente igual ao meu amigo. Achei que fosse ele. Fui chamá-lo, falei algo do tipo: ‘Oww, vem aqui’. E aí a pessoa saiu correndo, desesperado’. Fiquei sem entender o motivo e hoje entendo que é a minha voz”, comentou.
O jovem conta que, a partir dos 12 anos, parentes mais próximos notaram que ele tinha voz “um pouquinho diferenciada”. No entanto, aos 15 anos, pessoas de fora começaram a comentar com ele. “Na rua falam que eu deveria ser radialista, cerimonialista. É indiscutível, sempre tem alguém me parando e falando algo do tipo”, explicou.
‘Voz de comando’: ao se alistar no Exército, novamente Richard chamou atenção
Atualmente estudando para ser técnico em enfermagem, Richard diz que se identifica muito com a área da saúde e cuidados. “Pretendo terminar este curso, por mais que falem que eu devo aproveitar a voz. Primeiro quero terminar, depois iniciar a faculdade, seguir este rumo, acredito que fui desenvolvendo a empatia ao longo do tempo, é algo que me adapto bastante”, argumentou.
Há alguns meses, Richard precisou se alistar no Exército e, novamente, sua voz chamou a atenção. “Estava com 18 anos. Fui lá praticamente certo que ia entrar, até pela minha voz e porte físico. Os entrevistadores ficaram surpresos com a minha voz, falaram que era de comando, uma voz que eu falaria e as pessoas obedeceriam. E a cada estágio que eu passava, era isso que falavam toda hora. Mas, na hora de ser aprovado, fui dispensado. Muitos vieram falar comigo, falavam que estavam indignados. E aí me pediram para sair falando pelo corredor”, finalizou.
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