Campo Grande já estava povoada, com o primeiro prefeito escolhido e a construção da igreja, onde eram realizadas missas e festas. Anos depois, receberia Antônia de Moraes Ribeiro, a dona Neta, que viveu em um “saudável casarão” na avenida Afonso Pena, posteriormente demolido para dar lugar a galeria Dona Neta, no coração da cidade. A personagem enfática consta no livro Campo Grande 150 anos de história, de Sérgio Cruz.

Antônia nasceu no ano de 1882, em Nioaque. Estudou em Cuiabá e depois se casou com Antônio Correa da Costa, de tradicional família cuiabana. O casal então morou em uma fazenda da família dela. No ano de 1913, com seis filhos e já com o apelido carinhoso de “dona Neta”, mudaram-se para Campo Grande.

Em 1921, ela perde o marido, vítima de febre tifóide. Viúva aos 36 anos e com oito filhos, enfrentou a situação e dirigiu as fazendas Chapada, em Nioaque, Guanandi e Cedro em Ponta Porã, na região sul do Estado, mas, escolheu Campo Grande para morar. Faleceu aos 81 anos, em 1963. Ao todo, criou 8 filhos e deixou 15 netos e 38 bisnetos.

Regularização fundiária das terras ocupadas por pioneiros

Em 27 de agosto de 1882, o Frei Mariano provisiona a capela a Santo Antônio. Em relatório encaminhado ao presidente da província, coronel José Maria de Alencastro, o frei Mariano de Bagnaia, visitador episcopal, dá notícia de sua passagem pelo povoado recém criado por José Antônio Pereira e intercedia junto ao governo em favor da regularização fundiária das terras ocupadas pelos pioneiros:

“Depois de alguns dias de viagem comecei a encontrar várias famílias de laboriosos mineiros estabelecidos com gado e com lavoura. São todos pais de numerosas famílias, circunstância favorável
para povoar o sertão…”, diz o trecho. A área para o rocio da vila de Campo Grande, no entanto, foi doada somente em 1886.

No dia 1° de março de 1883, o livro cita outro fato importante: Campo Grande pede desligamento do município de Nioaque, em carta firmada por Joaquim Vieira de Almeida e outros moradores da vila de Campo Grande ao presidente do Estado de Mato Grosso, Manuel José Murtinho, pediam “para que seja desligada esta freguesia do termo de Levergeria e unida ao de Miranda”.

O motivo parece simples: “Tendo os moradores desta freguesia, suas relações comerciais na vila de Miranda, onde efetivamente vão prover-se de todo necessário, torna-se-lhe por isso muito conveniente e vantajosa a união desta àquela vila”.

No ano seguinte, mais precisamente no dia 16 de abril de 1884, nasce em Timbaúba, no estado de Pernambuco, Arlindo de Andrade Gomes, o primeiro juiz da comarca. O garoto aprendeu a ler com a mãe e, anos depois, ingressou na faculdade de direito, em Recife. Após a formatura, mudou-se para Cuiabá.

Em Campo Grande, Arlindo de Andrade lecionou em Botânica, no tradicional Liceu Cuiabano, tendo sido professor de Arnaldo Estevão de Figueredo, futuro prefeito de Campo Grande e governador do Estado. Foi também nomeado inspetor escolar, procurador fiscal da Delegacia do Tesouro Federal do Estado
de Mato Grosso, pelo presidente Nilo Peçanha. Aqui também exerceu a advocacia e fundou, em 1913,
o semanário “O Estado de Mato Grosso,” primeiro jornal da cidade, cuja edição inicial circulou no dia
22 de junho.

Ainda participou de campanhas, da organização da biblioteca pública de Campo Grande, cuja pedra fundamental foi lançada no dia 21 de abril na avenida Afonso Pena. Em 1921 assumiu a intendência municipal. Enquanto prefeito, arborizou as ruas e cuidou das praças e jardins e também do arruamento da cidade.

Aliás, uma curiosidade que também consta no livro: da sua própria chácara, na rua Marechal Rondon (hospital do Câncer) saíram, gratuitamente, mudas das árvores que hoje ornamentam a cidade. Na década de 50, se mudou para Campinas e faleceu em São Paulo, em 20 de agosto de 1975, aos 91 anos.

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