Veruska Donato diz que virou decepção em emissora de MS e tem pesadelos com a Globo: ‘começo a passar fome’

Vencedora de uma ação trabalhista milionária contra a TV Globo, a jornalista campo-grandense Veruska Donato, de 51 anos, contou ter pesadelos frequentes com a emissora onde trabalhou por 21 anos. Em seus sonhos, a ex-repórter do canal se vê passando fome, sem casa e sem emprego.

“Tenho pesadelos com a Globo quase toda semana. Tenho pesadelos horríveis […] Sonho que estou contratada, trabalhando na empresa ainda, e aí, quando chego com o meu material para botar no ar, eles dizem: ‘Não, mas você não trabalha mais aqui’. É tudo muito confuso”, relatou a jornalista em entrevista ao UOL.

Conforme a própria, os pesadelos terminam sempre de forma trágica. “Fico sem casa, começo a passar fome, não arrumo mais emprego em lugar nenhum, porque é mais ou menos isso que aconteceu”, desabafou.

O start para os problemas ocasionados pelo desgaste no emprego aconteceu quando ela teve um apagão no trânsito e se esqueceu, no meio da Avenida Brasil, em São Paulo, para onde estava indo. “Nos dias seguintes, eu fui passar o meu crachá [na catraca da emissora] e comecei a chorar. Era uma tristeza, uma tristeza. Eu falava: ‘O que está acontecendo? Eu gosto de ser jornalista, eu gosto de ser repórter. O que está acontecendo comigo?’”, recordou em depoimento ao UOL.

Com a exposição do processo e a decisão do juiz, o caso de Veruska virou notícia em todo o país. Após se demitir da Globo, ela buscou acolhimento em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, sua cidade natal. Chegou a trabalhar por dois anos na TV MS Record, afiliada da Record na Capital, onde apresentou dois programas, mas deixou a emissora no início deste ano.

O recomeço em Campo Grande, no entanto, não tem sido fácil. Além de sentir uma redução nas ofertas de trabalho após mover a causa trabalhista, ela relata que chegou a ser procurada pela afiliada da TV Globo em Campo Grande, mas teria se tornado uma “decepção” na emissora depois do processo.

“Eu queria que as pessoas soubessem, eu queria que soubessem por mim que não foi legal. Eu queria que as pessoas soubessem que eu sofri. Eu sofri. Doía você se achar incompetente. Dói, depois de tantos anos, e você beirando os 50, porque quando eu saí de lá eu tinha 49. Eu fiz por dor, porque doeu”, afirmou ao UOL.

Sobre a nova vida em MS, Donato garantiu: “Eu sou feliz aqui no meu canto, com o meu marido […] A minha filha está fazendo faculdade, terminando administração, e eu levo uma vida muito simples, mas está bom. É a vida que eu gosto. É a vida que eu quero”.

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