Mato Grosso do Sul e Santa Catarina se distanciam em um raio de quase 1,3 mil km e, me diga, qual a probabilidade desta distância não ser nada, quando se fala em viver um grande amor? Quem está descrente pode até dizer que seria algo impossível ou quase isso, já que nem observando ao redor se encontra alguém compatível. No entanto, para o ‘Fritz e a Frida’ da vida real, não existe nada de pessimismo e sim muito amor, o qual já dura 32 anos, com filhos e netos chegando pelo caminho.

Assim, no próximo mês de dezembro, Campo Grande deve testemunhar o casal entrando na igreja, com filhos chegando de Portugal, outros estados brasileiros, além de familiares e amigos que moram em Santa Catarina e já confirmaram presença. Mas, como tudo começou? Quem conta ao MidiaMAIS é a noiva Romi Oelke, de 57 anos, neta de imigrantes alemães e natural de Corupá (SC), cidade onde os trajes típicos são quase “uniforme”, já que são muitas as festas com danças folclóricas.

Primeiras fotos do casal (Romi Elke/Arquivo Pessoal)

“Lá é uma cidade muito bonita, perto de Pomerode, Jaraguá do Sul, Blumenau e Joinville, então as tradições com os trajes típicos são mantidas, com danças nas festas e eu sempre frequentei. Com o passar do tempo, me casei e fiquei viúva aos 26 anos, com um filho de 3 anos e uma filha de um ano e dois meses. Passado um tempo, conheci o meu Fritz, que é natural daqui de Campo Grande”, contou Romi.

Na ocasião, o Fritz, que é o Acilso Rodrigues, de 72 anos, representava uma empresa em Santa Catarina e uma ou duas vezes ao ano viajava para o Sul do país. “Foi em uma destas vezes que ele me encontrou em uma festa da Oktoberfest. Nós começamos a conversar, trocamos telefone e ele me contou que era separado, pai de três filhos adultos. E foi assim que começou o nosso namoro e ele que ia só uma vez ao ano passou a ir todo mês lá, até que eu decidi conhecer o Mato Grosso do Sul”, relembrou.

Momentos do casal Fritz e Frida em MS (Romi Elke/Arquivo Pessoal)

Como “gostou muito”, Romi disse que veio de mudança para Campo Grande. Após cinco anos, no entanto, começou a sentir muita falta dos pais. “Eu era a filha mais nova e aí convenci a família de retornar. Naquele época, já tinha mais o Estevão e o Elton de filhos. Eu os tive um pertinho do outro, a diferença é não é nem de dois anos e lá a gente ensinou a tradição germânica para eles. As crianças também dançavam as danças típicas alemãs e nós chegamos a representar os colonizadores alemães em uma grande festa de 500 anos do Brasil”, argumentou.

Mais uma vez, porém, o destino os traria para Mato Grosso do Sul novamente. “Minha filha passou na universidade federal e viemos todos de mudança de novo. O meu pai já tinha falecido, então, ficaram lá as minhas irmãs e a minha mãe. Aqui, nossos filhos todos se formaram, estão trabalhando, dois casaram e moram em Portugal e um deles me deu uma netinha, a Ayumi. Minha filha é casada também tem uma menininha de nome Eliz e eu tenho um neto também, que é um anjinho do céu, o Murilo”, explicou.

Com menos responsabilidades e a “família criada”, o Fritz e a Frida começaram a ser divertir mais, principalmente aos finais de semana. “Teve uma vez que fomos convidados para uma festa alemã aqui e usamos os nossos trajes, que estavam guardados. Todo mundo gostou, começou a dar força pra gente sair assim em festas e um casal amigo nosso promoveu uma festa alemã e nos chamou para fazer a propaganda. Levei minhas cucas, geleias que amo fazer, minhas receitas e fomos muito bem acolhidos, recebendo ainda mais convites”, disse.

Casal percorre MS animando festas (Romi Elke/Arquivo Pessoal)

Desta forma, nas andanças pela noite campo-grandense, o casal ficou conhecido como o “Fritz e Frida de MS”. “Onde vamos falamos um pouquinho da minha região e sempre nos divertimos bastante. Vamos de forma voluntária e também por convites, é sempre uma coisa espontânea, uma alegria”, comentou.

Um dos passeios, no entanto, terminou de forma emocionante. “Agora em janeiro tivemos um aniversário para ir no Distrito de Camisão. Lá subimos o Morro do Paxixi e foi aí que eu pedi o Fritz em casamento. Na hora eu já me emocionei, porque já tinha lembrado de quando fui lá com nossos filhos ainda pequenos. Aí eu olhei pro Fritz e o pedi em casamento. Ele ficou até assustado, ele já tinha me feito este pedido e eu falava que estava bom do jeito que estava, que não precisava, só que acabei me declarando para ele naquele momento, após 32 anos juntos”, contou.

Assim, com o SIM tão aguardado e seguido de abraços, eles agora vão oficializar a união no Santuário Diocesano São Judas Tadeu, no próximo dia 28 de dezembro, às 11h. “A gente não vê a hora, estamos planejando cada detalhe e tudo está saindo do jeitinho que a gente quer. Nossos filhos vão vir todos, vou conhecer uma netinha que mora lá em Portugal, os amigos de Santa Catarina vão vir também, então, vai ser um momento muito especial pra gente. E o nosso companheirismo e amor aumentam cada vez mais e assim a gente transborda e leva alegria para as pessoas, junto com os nossos doces, claro”, finalizou.

Confira aqui o pedido de casamento da Frida ao Fritz, no Morro do Paxixi, em MS: