Com seu carro branco e toda trabalhada nos aromas, a motorista de aplicativo Mônica Regina, de 50 anos, é sucesso por onde passa em Campo Grande. Seu ofício, aliado a um segundo trabalho, lhe rendeu o apelido de Penélope Cheirosa, também conhecida como a motorista mais perfumada da cidade.
É que, no banco da frente do passageiro, Mônica (ou Penélope) montou uma minilojinha de cosméticos. Logo, a vendinha móvel se popularizou e aumentou com os pedidos dos passageiros, até o apelido em referência à personagem do desenho animado surgir e virar marca registrada da motorista.
“A Penélope Charmosa é aquela moça que participava das corridas dirigindo seu carrinho rosa no desenho ‘animado ‘Corrida Maluca’. E, como eu trabalho com uma lojinha de cosméticos dentro do carro, vendo perfumes e outros produtos cheirosos enquanto eu dirijo, essa personagem veio muito a calhar. Meu nome então ficou Penélope Cheirosa”, comenta ela em conversa com o MidiaMAIS.
História da Penélope Cheirosa
Apesar da beleza e dos aromas, o nascimento de Penélope Cheirosa não é envolto em tanto glamour e partiu da necessidade do momento.
“Ao mesmo tempo em que comecei a trabalhar como motorista de aplicativo, também comecei a vender cosméticos. Precisava levantar um dinheiro mais imediato e vender produtos de beleza leva mais tempo até fidelizar a clientela. Por isso eu entrei para o aplicativo, porque ele traz esse ganho instantâneo”, conta.
Mônica então dirigia por Campo Grande e, nas horas vagas, vendia seus produtos. Até que o medo do prejuízo lhe deu a ideia de montar a loja dentro do carro.
“Depois de uns tempos já trabalhando como motorista, eu tinha comprado uns produtos e não tinha conseguido vender. Eu precisava vender, senão ia tomar um prejuízo grande com eles. Então resolvi aproveitar meu banco do passageiro direito, peguei uma malinha que eu tinha em casa, muito simples, coloquei os produtos dentro e saí vendendo”, recorda.
E ela se surpreendeu com a recepção dos passageiros. “Foi muito interessante porque as pessoas são muito curiosas, então imediatamente elas olhavam o que eu estava oferecendo. E, além de se interessarem pelo o que eu estava vendendo, também começaram a me pedir outras marcas, e eu providenciei”, relata.
A lojinha foi montada há quase um ano e, segundo a motorista, virou queridinha dos passageiros, tanto que hoje já está em sua terceira versão e, de malinha simples, tornou-se um móvel que a própria Mônica construiu adaptado ao carro. “Uma lojinha no Uber. Muito chique e cheirosa”, afirma ela. Veja:
“Conheço pessoas ma-ra-vi-lho-sas”, diz a motorista mais cheirosa da cidade
Segundo a motorista, a estratégia deu certo justamente por atender a maior demanda da sociedade atual: a falta de tempo. “Pela falta de tempo e de paciência pra ir atrás de uma loja, uma consultora, para comprar um batom, um hidratante, um perfume, as pessoas acabam não comprando. E, no caminho de casa, indo para o trabalho, se movimentando pela cidade, você passa 15, 20 minutos dentro de um carro de aplicativo e aproveita esse tempo, relativamente ocioso, para comprar”, diz Mônica.
Em todo esse período, Penélope Cheirosa conta que jamais passou por algum perrengue com passageiros. “Tenho uma câmera dentro do carro que já inibe qualquer segunda intenção. Como todo motorista de app, a gente toma muito cuidado, mas nunca tive nenhum tipo de dificuldade, nem por ser mulher. Levo homens e mulheres, as pessoas são muito agradáveis, muito alegres, até porque isso também faz parte do meu trabalho, tornar a viagem uma coisa agradável”, garante.
Sobre as corridas, Mônica detalha que as pessoas experimentam os perfumes, conversam, contam do que gostam e do que não gostam. “Eu puxo sempre muito assunto, sou muito comunicativa, gosto de conversar e gosto de ouvir. Então cria-se um relacionamento, por 10, 15 minutos sim, por que não? É um tempo em que eu rio, me divirto bastante, conheço pessoas ma-ra-vi-lho-sas, histórias maravilhosas e é muito legal”, diz a motorista.
Ela ama Campo Grande: “Sou encantada com tudo o que há nessa cidade”
Penélope Cheirosa não é sul-mato-grossense. Ela veio do interior do Paraná e está em Campo Grande há três anos. “Mas, francamente, já morei em tanto lugar desse mundão que hoje me considero uma nômade. Alguém que fica onde está legal, onde gosta do lugar. E Campo Grande é uma cidade maravilhosa, muito agradável. É uma cidade relativamente segura. Gosto das pessoas daqui, gosto do clima. Sou encantada com as aves de Campo Grande, com tudo o que há nessa cidade”, elogia.
Em relação ao ofício de motorista de aplicativo aliado às vendas da lojinha, ela revela: “Esse trabalho pra mim é apenas um modo de sustentar minhas despesas. Não quero e nem pretendo ficar rica. A grande riqueza disso está na conexão com as pessoas. Como viver de maneira alegre e como ser instrumento de levar alegria e algo novo e diferente para as pessoas. Essa é a minha riqueza”, finaliza a autônoma.
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