Milagre de Natal: Bebê que lutou pela vida após quase morrer afogada em bacia volta para casa

Após passar pela segunda internação, bebê passará Natal com a família, em São Gabriel do Oeste

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(Foto: arquivo pessoal)

A uma semana do Natal, a bebê afogada em uma bacia pela própria mãe, de 31 anos, em São Gabriel do Oeste, recebeu alta e vai passar as festividades com a família. A avó da criança, que cuida da menina desde então, considera a recuperação da neta um verdadeiro milagre de Natal.

Com apenas 11 meses de idade, Mariana* precisou se internada duas vezes, após a tentativa de assassinato. A última delas foi há um mês, quando teve uma piora em seu quadro de saúde. A menina ficou internada no Hospital Regional, em Campo Grande, tratando de uma pneumonia.

No período em que estava sob cuidados médicos, a avó da bebê não saiu de seu lado. Lúcia*, precisou abandonar o emprego para oferecer à neta os cuidados necessários, 24 horas por dia. Assim, em todo esses meses contou com a ajuda de terceiros para se manter em Campo Grande, já que não conseguiu nenhum auxílio do governo.

Com isso, a esperança de levar a neta para casa antes das festas de fim de ano era o que motivava Lúcia*. Esse era seu pedido de Natal, sempre em suas orações, e foi atendido na sexta-feira (20), quando a bebê recebeu alta pela equipe médica.

“Vamos poder passar o Natal em casa. É o primeiro aniversário dela, o primeiro aninho em casa. A gente estava com uma expectativa muito grande sobre isso, e graças a Deus os médicos conseguiram controlar as convulsões e a febre”, contou a avó, emocionada.

Novo recomeço será possível com o ‘milagre de Natal’

Não só a avó está ansiosa com a volta de Mariana* para a casa, como as irmãs da menina. Assim que souberam da notícia, já se apresaram para montar a árvore de Natal e deixar tudo preparado para receber a bebê em casa.

“O quartinho dela já está arrumadinho, as coisas estão arrumadas. Está tudo prontinho para receber ela. As irmãs dela já estão aqui em São Gabriel do Oeste. Estão apreensivas, e vamos montar a árvore de Natal”, contou a avó.

Assim, a família espera um recomeço, agora que o pedido de tê-la de volta em casa foi atendido. “É uma esperança que se renova, uma fé muito grande. Esse Jesus que nasce no Natal, traz uma esperança muito grande de que tudo seja diferente. Que Deus possa nos abençoar grandemente”, relata a avó. 

Família vê propósito nas batalhas enfrentadas

Mesmo após enfrentar o pesadelo de ver a neta hospitalizada, e ainda precisar lidar com o julgamento das pessoas, em relação à filha, Lúcia* vê um propósito divino nas suas batalhas.

“Às vezes as pessoas me perguntam se eu consigo entender quais são os desígnios de Deus, de ver minha neta nessa situação, minha filha nessa situação. Eu falo assim que às vezes agora eu não consigo ver, mas tudo tem um propósito”, diz.

Um dos propósitos que consegue visualizar é saber que a sua história sensibilizou outras famílias, que lidam com situações parecidas. Além disso, a repercussão do caso fez com que muitas pessoas refletissem sobre as renúncias que são necessárias quando um familiar precisa de cuidados especiais.

“Foi uma coisa que sensibilizou muitas pessoas, elas pararam para olhar um pouco para suas famílias. Pessoas que têm seus filhos ou netos acamados também se sensibilizaram com a história dela. Acho que as pessoas precisam se perguntar: ‘e se acontecesse com minha família, como eu reagiria?’. A gente tem que abandonar tudo em prol do filho ou do neto”, explica.  

Assim, com todas as experiência vividas, mesmo em momentos de muita dor, Lúcia* ganhou aprendizados que pretende dividir com outras pessoas. Daqui para frente, ela pretende ajudar outras mães e avós que cuidam de filhos e netos, sem rede de apoio.

“Não é fácil você ficar 24 horas cuidando de uma pessoa que necessita de cuidados especiais. A gente precisa de uma rede de apoio, precisa de ajuda. Eu aprendi muita coisa e quero muito ajudar outras mães porque é uma luta muito grande”, confessa.

*O nome verdadeiro de Mariana e Lúcia foram ocultados para preservar as identidades dos envolvidos. 

Bebê voltou a ser internada após quinze dias em casa

Após quinze dias em casa, a bebê, de 10 meses, afogada em uma bacia pela própria mãe, de 31 anos, precisou ser internada novamente em Campo Grande, em novembro.

A criança precisou ser internada novamente, sendo transferida de São Gabriel do Oeste, em emergência, para o Hospital Regional de Campo Grande, com quadro de pneumonia.

A avó contou ao Jornal Midiamax que a internação foi de emergência, devido à bebê estar com convulsões frequentes e pressão desregulada. “Os médicos estão tentando vários medicamentos, ela está com pneumonia e muitas crises convulsivas”, disse na época.

Afogamento da bebê

De acordo com informações passadas à PM (Polícia Militar) pela avó da bebê, no dia 3 de setembro, ela saiu por alguns instantes, deixando a filha sentada na varanda da casa e a bebê dormindo em um quarto. Ao retornar, a mulher percebeu que a filha estava no mesmo lugar.

No entanto, ao entrar no quarto, não viu a neta. Ela foi procurar pela bebê e a encontrou em uma bacia com água, com a cabeça virada para baixo. Em desespero, a avó saiu correndo com a bebê no colo, pedindo ajuda.

Ela e a bebê foram levadas para o hospital da cidade e, em seguida, a criança foi transferida para a Santa Casa de Campo Grande. Antes da transferência, a bebê sofreu uma parada cardiorrespiratória e teve de ser entubada.

A mãe da bebê confessou o crime, após prisão em flagrante. Ela afirmou ser usuária de drogas e disse que estava brincando com a filha na cama. Quando a avó saiu, ela resolveu afogar a criança.

Ela ainda afirmou que estava brigando muito com sua mãe, que a havia mandado embora. A autora contou também que sua filha é cardiopata e, como ela tem problemas com drogas e psiquiátricos, achou que não conseguiria cuidar da bebê. Assim, sem condições de cuidar da criança, resolveu dar fim à vida da filha.

Defesa da mãe alegou insanidade mental

No dia 18 de setembro, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) denunciou a mãe da bebê. O Poder Judiciário recebeu a denúncia.

A Defensoria pediu a relativização do prazo para arrolar testemunhas, visto que não houve contato direto da defesa com a acusada. “De modo a permitir que esta indique outras testemunhas, se assim o desejar”, requereu.

Por fim, a defesa também se manifestou sobre a suspeita de problemas psiquiátricos que acometem a acusada, apontados durante as investigações. “Requer a instauração de incidente de insanidade mental, em respeito à regra dos artigos 149 e seguintes do Código de Processo Penal”, solicitou a Defensoria.

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