Isolada durante o período crítico da Covid-19, a advogada e professora aposentada Jucli Stefanello usou o tempo de reflexões para conhecer mais sobre a própria história. Atuante na área da saúde e pertencente ao grupo de risco, reuniu histórias de superação femininas e agora lança o livro “Herança de Força – A Jornada Inspiradora de uma Mulher Resiliente”, nesta quinta-feira (17).
“A pandemia assustou muito. De repente me vi isolada e, como sempre fui curiosa, passei a estudar sobre o assunto e sobre as pandemias anteriores na história da humanidade, como a gripe espanhola. Foi então que, buscando minha árvore genealógica, vi que meus avós viveram nesse período, eles teriam histórias para contar sobre tudo que passaram, mas não encontrei nenhum registro. Pensei sobre como, daqui a algumas décadas, o
mesmo poderia acontecer com meus netos e bisnetos”, disse a autora.
Assim, a partir da reflexão, é que Jucli, que nunca tinha pensado em escrever um livro, começou a registrar tudo que viveu e presenciou durante o período pandêmico. Mas, ao convidar o pesquisador e escritor Eronildo Barbosa, para que a ajudasse nessa missão, ele motivou uma mudança de rumo.
“Ele sugeriu que o livro fosse também sobre a minha trajetória, de onde eu vim, como me tornei doadora de rim, meu trabalho como uma das fundadoras da Cassems, e então me vieram à mente as mulheres da minha família. A gente vê tanta homenagem para os homens, meu pai e meu avô têm ruas com seus nomes na cidade que a família ajudou a fundar, no Rio Grande do Sul, meu tio tem uma praça, e cadê as homenagens para as mulheres que ajudaram a construir tudo isso?”, completa.
Desta forma, além do caráter autobiográfico e do relato do período pandêmico por quem o acompanhou de perto, faz um registro da trajetória das mulheres da família da autora, desde o nascimento de sua nonna, em 1900. Permeando tudo isso estão muitas histórias de superação e também uma doença genética que afeta vários membros da família, a síndrome renal policística, que fez com que Jucli se tornasse doadora de rim para a irmã em 2012.
“Normalmente o que temos de histórico familiar são apenas documentos. Para ir além, consegui entrevistar essas mulheres da família, algumas tias que inclusive faleceram pouco depois, então foi uma luz que tive para eternizar essas memórias, que sem isso se perderiam no tempo. Quero estimular as pessoas a registrarem sua história, se tem coisas fabulosas ou não, não importa, registre, deixe seu legado”, resume Jucli.
Por meio de toda a luta da família com a síndrome renal policística, a autora quer, também, conscientizar sobre a importância da doação de órgãos. Durante o processo de doação, ela descobriu pessoas que encontravam resistência dentro da própria família para encontrar doadores de rim, por desconhecimento ou falta de informação.
Parte da renda arrecadada com a venda dos livros será destinada para a Abrec (Associação Beneficente dos Renais Crônicos). O lançamento ocorre partir das 18 horas, no auditório do Hospital Cassems, localizado na Avenida Mato Grosso, nº 5.151.
