Dia do Vinil: Mercado dos discos cresce em MS e tem colecionador com fortuna de R$ 400 mil em casa

Em Campo Grande, tem colecionador com acervo tão valioso que, se fosse vendido, valeria mais de R$ 400 mil

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Acervo pessoal José de Moura (Montagem).

Eles podem até ter “cara de passado”, mas discos de vinil estão rendendo dinheiro no presente. Segundo o relatório “Mercado brasileiro de Música 2023”, da Associação de Produtores Fonográficos Pro-Música, os discos de vinil alcançaram a marca de R$ 11 milhões em vendas em 2023 no Brasil.

O número representa alta de 136,2% nesse comércio em relação a 2022. Em Campo Grande, tem colecionador com acervo tão valioso que, se fosse vendido, valeria mais de R$ 400 mil.

Como em todo 20 de abril é celebrado o Dia do Disco, o Jornal Midiamax conversou com colecionadores, que trocam, vendem e, claro, compram discos, para saber como anda esse mercado em Campo Grande e no Mato Grosso do Sul. 

O público é variado, desde jovens de 20 e poucos anos, até “setentões”, estão entre os personagens conhecidos do universo do vinil na capital. O colecionador e comerciante Marcos Filho tem uma loja virtual de venda de vinis há 12 anos.

Acervo do José de Moura. (Arquivo pessoal)

Por mais que os vinis sejam uma tecnologia antiga, ele conta que sempre teve clientes bem jovens. “Desde o começo sempre notei um interesse muito maior na faixa entre 15 e 30 anos, mas sempre temos gente de toda idade frequentando as feiras e lojas de discos”, conta Marcos.

O que é bem diverso, também, é a idade dos apaixonados por vinil. O administrador João Guilherme Rodrigues, de 48 anos, descreve que não há uma faixa etária definida.

O gosto dele por colecionar vinis começou na década de 90, mas em 2005 ele se desfez da coleção. Porém, 16 anos depois, em 2021, ganhou uma vitrola das filhas de presente pelo Dia dos Pais, “aí acendeu a chama de novo”, completa. Hoje ele testemunha pessoas de várias idades curtindo o mesmo hobby. “Tem colecionador de 22, 23 anos, até quase 70 anos”, afirma, o que aponta para o quanto o gosto é democrático. 

Feira do Vinil

Feira (Divulgação)

Ele é um dos expositores da Feira do Vinil, criada por Marcos Filho, da Tráfego Vinílico, e José Carlos, da loja Arco da Velha, que em 2013 começaram a feira especializada.

Atualmente, a iniciativa reúne 9 expositores em 4 edições por ano. Em 2024, a primeira foi no dia 2 de março e a próxima será no dia 8 de junho. As outras duas estão previstas para setembro e novembro, as datas serão divulgadas no Instagram: @feiradovinilcg. 

Atualmente morando no interior do estado, na cidade de Três Lagoas, a 326 quilômetros de Campo Grande, Marcos vende seus discos pela internet e ainda abriu uma loja física naquele município. Na internet, o trabalho dele consiste em enviar para o interessado a lista completa dos discos disponíveis no catálogo, e ainda fazer a entrega seja em Campo Grande ou via Correios para outros locais.

Preços e raridade, estilos e idades

(Arquivo, Midiamax)

O hobby pode até parecer barato, mas não necessariamente. João Guilherme conta que tem disco que custou R$ 450. “E tem os boxes também, né? Eu tenho um box aqui do Celtic Frost, que é o completo. Ele custa mais de R$ 3 mil”, afirma.

Quem também já investiu muito dinheiro nessa paixão foi o funcionário público aposentado José de Moura, que no próximo mês completa 70 anos de idade. Ele tem uma casa inteira dedicada a abrigar todo o acervo dele, considerado o maior de Mato Grosso do Sul.

Dono de uma coleção com 41 mil vinis, Moura conta que desde muito jovem gosta de música, mas que, no passado, conseguir apreciá-las era difícil. 

“Sempre fui longe para tentar ouvir música no rádio ou em um toca disco, até porque a gente era muito pobre, não tinha esses aparelhos, então tinha que ir na casa dos conhecidos, dos vizinhos para ouvir música”, lembra Moura.

Ele começou sua coleção em 1992, quando esteve na cidade de Recife fazendo um curso. Na época, a comercialização de CDs começava a ganhar popularidade, por isso, o vinil passou a perder valor. “Então, aproveitando o preço acessível, comecei a adquirir alguns discos que foram se somando ano a ano até chegar nos dias de hoje à soma de 41 mil discos de vinil de vários tamanhos: 7, 10, 12 e até 16 polegadas, tocando em 33, 45 e 78 RPM”, relata Moura.

Ele considera que há uma tendência do colecionador “ser também um estudioso da música, com um gosto mais refinado, geralmente rock, jazz, música brasileira dos anos 60 e 70 são mais procurados”, compartilha. “Mas claro, tem público pra quase tudo”, completa. 

João Guilherme também percebe essa diversidade no público. “O perfil é bem variado porque tem o pessoal que gosta de rock, tem o pessoal que gosta de brasilidade, tem o pessoal que gosta de disco antigo, tem uns que gostam de colecionar todo tipo de disco, é bem variado”, analisa.

Acervo do colecionador José de Moura. (Arquivo pessoal)

Onde comprar em Campo Grande

Em Campo Grande existem três lojas que vendem discos de vinil: a Hamurabi, o Arco da Velha e a Baratos do Pântano. No entanto, as feiras são pontos de encontro consolidados para quem deseja comercializar ou trocar itens. 

Além da Feira do Vinil, existem também as feiras da Praça da Bolívia, a de Antiguidades da Praça Ary Coelho e o Mercado de Pulgas. 

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