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Boi Ferdinando cresceu em casa como filho e ex-funcionária de fazenda sofre por se separar do animal

Ex-funcionária conta que, ao deixar a fazenda, tentou comprar o boi que batizou de Ferdinando, mas dono não quis: "Esse eu não vendo, vai morrer de velho"
João Ramos -
boi ferdinando
Ferdinando assistia televisão com as crianças e vivia dentro de casa - (Foto: Arquivo Pessoal)

Nádia Pereira Mendes, de 35 anos, tem vivido dias de sofrimento. Ela e a família estão desolados por terem se separado de um boi que criaram com muito afeto dentro de casa. Eles deixaram a fazenda em que trabalhavam há um mês e gostariam de ter levado o animal que cresceu como membro da família, mas receberam uma negativa do ex-patrão.

Amado como um filho, o boi Ferdinando nasceu há dois anos e mudou a vida de Nádia. Ele veio ao mundo com as patas tortas e não conseguia nem ficar em pé. Desenganado, o bovino foi entregue a ela, que o tratou e cuidou com todo amor. E os cuidados deram resultado: em pouco tempo, as pernas do animal ficaram firmes e ele finalmente conseguiu andar.

Nádia trabalhava fazendo a limpeza da casa dos patrões e o marido era campeiro na propriedade localizada a 30 quilômetros de (MS). Foi lá que a história começou. Em conversa com o Jornal Midiamax, ela recorda o dia exato em que Ferdinando entrou em sua vida.

“Meu esposo chegou com ele prematuro e falou pra mim ‘Ah, amor, não sei se ele vai vingar não. Você quer cuidar?’. Então peguei e comecei a cuidar. Era muito magrinho, ele nasceu com os pezinhos tortos”, diz a dona de casa.

Nádia cuidando de Ferdinando - (Fotos: Arquivo Pessoal)
Nádia cuidando de Ferdinando – (Fotos: Arquivo Pessoal)

“Mandaram eu desistir”

Com imagens guardadas de todos os passos de Ferdinando, Nádia relata: “Eu tinha que pendurar ele, fazia massagem nos pezinhos pra ver se conseguia arrumar. Teve um momento até que chegaram lá e falaram assim pra mim: ‘Ih, Nádia. Desiste disso aí porque isso não vai vingar’. Eu falei: ‘Não, eu vou cuidar’. E cuidei”, conta, muito emocionada.

Foram mais de dois anos convivendo com o boi que ela batizou com o nome de Ferdinando logo nos primeiros dias de vida. A alcunha, é claro, faz alusão à famosa animação infantil “O Touro Ferdinando”. No filme, o protagonista tem um temperamento calmo e prefere sentar embaixo de uma árvore e relaxar, ao invés de correr por aí, bufando e batendo cabeça com os outros.

Coincidência ou não, o Ferdinando da vida real também destoou dos demais. Domesticado, ele se habitou a morar em uma residência, brincar com as crianças e até a assistir televisão. Veja:

Separação e negativa: “Esse aí eu não vendo, vai morrer de velho”

Luan e Nathan, de 11 e 7 anos, são os dois filhos de Nádia e cresceram junto com o boi, que era como um irmão caçula. As imagens registradas ao longo dos anos mostram o quanto os pequenos eram (e ainda são) ligados ao bovino.

O marido da dona de casa também se afeiçoou por Ferdinando e prestou toda assistência. Conforme o boi foi crescendo, o campeiro auxiliava na adaptação e na recuperação do animal, que não andava.

Assim, a família criou um vínculo enorme com o mascote – e é por isso que, há um mês, todos sofrendo pela separação.

Há algumas semanas, eles se mudaram para a cidade após o campeiro receber uma nova oportunidade de trabalho. Com a mudança, Ferdinando ficou na fazenda, para a desolação de quem o viu nascer.

Abalada, Nádia diz que até tentou comprar o animal para evitar o afastamento, mas o dono da propriedade não quis vendê-lo.

“Eu conversei com o patrão. Disse pra ele: ‘Me fala aí um valor, porque as crianças estão sentindo muita falta do bichinho’. Minha mãe tem uma chácara, tenho até lugar pra deixar o Ferdinando. Mas ele falou que não quer vender”, lamenta.

Na tentativa de negociação, a ex-funcionária ainda pediu: “Cuida bem dele pra mim”. Ao perguntar por um preço ao dono, ela relata ter recebido a seguinte resposta: “Ô, Nádia, esse aí eu não vendo não. Vai morrer de velho”.

Veja como Ferdinando está atualmente:

Sofrimento sem fim

O apego é tão grande que Nádia e seus filhos choram todos os dias de saudade do boi. “Ele foi crescendo com a gente, grudado, dormia dentro de casa. Quando foi ficando maior, eu tinha medo dele machucar as crianças, aí comecei a deixar no mangueiro. Mas aí ele começava a chorar e eu tinha que soltar e deixar dentro de casa um pouco”, conta.

Segundo ela, “ninguém ligava” para o animal que, de início, era desenganado. E, embora o patrão autorizasse o convívio diário, Nádia confessa: “eu pensava que ele já era meu”, desabafa a sul-mato-grossense. “Meu menino fica fazendo todo dia com as fotos dele”, acrescenta ela.

Ausência do boi querido

A mudança para Campo Grande ficou marcada pelas lágrimas que não secam, motivadas pela ausência do boi querido. Arrasada, ela, os filhos e o marido agora tentam seguir sem o animal que é parte da família.

O Jornal Midiamax entrou em contato com o dono de Ferdinando e solicitou um posicionamento, mas não obteve uma resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

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