Famoso por ser muito trabalhador, fiel com o parceiro, inteligente e fazer uma cantoria enquanto agita as asas, o João-de-barro é o escolhido do ‘Ninhos e Abraços’, quadro quinzenal que mostra o mundo dos passarinhos aos leitores do Jornal Midiamax.
Um dos mais populares do Brasil, o João-de-barro (Furnarius rufus) passa cerca de 18 dias construindo o ninho, envolvendo o macho e a fêmea. Com barro, misturado a esterco, palha e pequenos galhos, a casa tem, em média, 30 cm de diâmetro e 5 cm de espessura. A preferência é sempre por locais abertos, como em árvores isoladas e postes de iluminação.
Por dentro, a casa tem uma divisória: a entrada, que permite ao pássaro entrar sem se abaixar e é sempre voltada para o norte, evitando que o vento e predadores entrem, e o interior do ninho.
E foi toda esta habilidade para construir a moradia que deu o nome ao passarinho. Além disso, o outro destaque fica por conta do canto alto e forte, o que é feito pelo casal, geralmente nas horas “mais quentes e claras do dia”, conforme especialistas.
João-de barro e joaninha-de-barro
O João-de-barro mede aproximadamente 19 cm. Na parte superior do corpo, ele apresenta cor de ferrugem, na parte inferior, coloração marrom clara. Sua cauda tem uma tonalidade avermelhada.
Ave da família Furnariidae, o João-de-barro também é conhecido como forneiro, oleiro e amassa-barro, entre outros nomes específicos como João-barreiro e maria-barreira.
Já a fêmea ganha o nome de “joaninha-de-barro”, “sabiazinho” e “maria-de-barro” em algumas regiões do país, conforme o Wikiaves. Na Argentina, no entanto, o nome popular desta ave é “hornero”.
O João-de-barro come insetos, aranhas, moluscos, larvas e sementes em algumas ocasiões. A partir de setembro, a fêmea põe de três a quatro ovos e a gestação dura de 14 a 18 dias. Os filhotes são alimentados por um período de 23 a 26 dias. Depois, estão prontos para voar e partir.
O que é uma ave passeriforme?
Encontram-se entre os membros dessa ordem aves de dimensões pequenas e médias. A forma do bico varia bastante, dependendo do respectivo tipo de alimentação. As pernas são demonstrativas da origem arborícola das aves canoras. Os quatro dedos estão todos implantados ao mesmo nível, encontrando-se o primeiro permanentemente invertido. O tarso é coberto por escamas pequenas, em forma de lâminas. A plumagem é suficientemente densa e a penugem fina.
O canto dos pássaros é geralmente melodioso. As suas características dependem da estrutura do aparelho fonador (a siringe, que é o órgão presente nas aves, responsável pela produção e emissão de sons), bem como da quantidade e posição dos músculos destes, que variam entre um e sete.
As aves canoras são, na sua maioria, monógamas, vivendo com um único parceiro ao longo de toda época do acasalamento; no entanto, também se conhecem espécies polígamas, com um macho dominante que acasala com várias fêmeas. Os filhotes são nidícolas, nascendo cegos, desprovidos de penas, e raramente cobertos de penugem. São completamente dependentes dos progenitores durante um bom tempo.
Os ninhos dos pássaros são, provavelmente, os que envolvem uma construção mais elaborada entre todas as espécies de aves. São, na sua maioria, em forma de taça, sendo muitos deles, exemplos perfeitos de engenharia.
Qual é a lenda envolvendo o João-de-barro?
O João-de-barro, como se vê, não está descrito somente em canções, mas, também no folclore brasileiro. Diz a lenda que, em tribo do sul do Brasil, um rapaz de nome Jaebé se apaixonou por uma bela moça e decidiu a pedir em casamento.
Na ocasião, o pai dela teria perguntando quais provas Jaebé daria para se casar com a mais linda da tribo. Rapidamente, o jovem teria respondido: “As provas do meu amor!” Mesmo gostando da resposta, o pai o achou atrevido e lhe contou que, o último pretendente, afirmou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.
Audacioso, Jaebé disse que ficaria nove dias em jejum, deixando não só o pai como toda a tribo admirada com a sua coragem. Para iniciar a prova, foi enrolado em um pesado couro de anta e ficou dia e noite sob vigilância para que não fosse alimentado. Já gostando dele, a moça chorava e implorava à deusa Lua que o mantivesse vivo.
O tempo passou e em uma manhã a filha teria feito um pedido ao pai, dizendo que cinco dias já tinham se passado e que ele iria morrer.
Foi quando o pai falou da arrogância dele e determinou que o desafio continuaria. Já no último dia, teria dito: “Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé”.
Ao abrir o couro, o jovem teria saltado ligeiro, com olhos brilhantes e sorriso de luz mágica. Ao ver a amada, teria cantado como um pássaro e, aos poucos, foi se transformando na pequenina ave. A moça, tocada pelos raios do luar, também sofrera a mesma mudança e então voaram juntos, desaparecendo pela floresta.
Gostou de saber mais sobre o João-de-barro? E tem alguma sugestão para o próximo pássaro do “Ninhos e Abraços”? Conte pra gente!
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