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Líder indígena de MS emite nota de repúdio contra novela da Globo: ‘viemos a público’

Entenda o que causou o repúdio de líderes indígenas de MS na novela "Terra e Paixão"
João Ramos -
indígena terra e paixao
Indígenas de "Terra e Paixão" e a líder Gleycielli - (Fotos: TV Globo e Arquivo Pessoal)

Escritora e artista indígena da etnia Guató, representante de seu povo, a pantaneira Gleycielli Nonato emitiu uma nota de repúdio contra a atual novela das nove da TV , “Terra e Paixão”, que é ambientada em Mato Grosso do Sul. O repúdio se deu pela abordagem dos indígenas Guató no folhetim assinado por Walcyr Carrasco e Guedes.

É que, após seis meses no ar e mais de 160 capítulos, Gleycielli não gostou de saber como a apresentou os Guató na trama. A nota de repúdio então foi redigida com base na descrição da etnia em uma reportagem do Gshow, divulgando “Terra e Paixão”.

“Seu povo [Guató] foi praticamente extinto e os que sobraram estão vivendo na floresta”, diz o trecho que gerou indignação. O texto do Gshow foi publicado em abril deste ano, como material de apresentação da novela, antes de sua estreia. Contudo, só no último final de semana, Gleycielli se pronunciou a respeito.

“Nós, lideranças do povo Guató, viemos a público esclarecer que nunca estivemos extintos ou à beira da extinção no Pantanal, como sugere a trama da telenovela Terra e Paixão. A bem da verdade, há mais de um século que nosso povo tem sido vítima de um processo de invisibilidade étnica promovido por pessoas e instituições das mais diversas”, inicia a nota de repúdio assinada pela indígena.

Na sequência, ela detalha: “Neste sentido, viemos a público repudiar a telenovela Terra e Paixão […]. Nosso repúdio se deve, especialmente, à maneira como foi criado e é retratado o personagem indígena Pajé Jurecê Guató, e não pela brilhante interpretação feita pelo nosso parente prof. Daniel Munduruku”, continua a carta.

“O personagem é apresentado da seguinte maneira pelos autores da telenovela: ‘Pajé, remanescente da etnia guató. Um homem cheio de sabedoria, um xamã. Tem plena consciência da situação dos indígenas. Seu povo foi praticamente extinto e os que sobraram estão vivendo na floresta’, como consta no Portal Gshow da TV Globo” detalha a nota.

Ela ainda acrescenta dizendo que “o personagem não apresenta características culturais do povo Guató, conhecido como povo canoeiro do Pantanal, e por isso mesmo serve mais para confundir as pessoas sobre como e onde vivemos, do que promover a visibilidade e a valorização da nossa cultura. Além disso, o Pajé Jurecê Guató, embora sábio como são os xamãs indígenas, está mais para um rezador Mbyá, Guarani ou Kaiowá e, portanto, não se parece culturalmente com o nosso povo”, finaliza a carta de repúdio.

Em Terra e Paixão, Jurecê (Daniel Munduruku) é o Pajé Guató que vive isolado no meio da mata com apenas dois outros indígenas, seus filhos na trama - (Foto: TV Globo) novela
Em Terra e Paixão, Jurecê (Daniel Munduruku) é o Pajé Guató que vive isolado no meio da mata com apenas dois outros indígenas, seus filhos na trama – (Foto: TV Globo)

Contudo, vale ressaltar que a novela, em momento algum, mencionou o povo Guató de tal maneira. A descrição considerada equivocada aconteceu apenas no texto do Gshow e jamais chegou a ser citada no folhetim. Outro ponto é que “Terra e Paixão” não é ambientada na região do pantanal de Mato Grosso do Sul, mas sim na região sul do Estado, onde ficam as cidades de e .

“O que a novela mostra pode ser outra etnia, mas Guató NÃO É. Entenda… Não estamos falando da interpretação dos parentes que atuam na novela, a eles nosso respeito e orgulho, estamos falando na total falta de interesse de estudar mais a fundo os povos indígenas, em especial o povo Guató, já que são parte do enredo da novela”, encerra Gleycielli Nonato em seu posicionamento.

Procurada pela reportagem, a TV Globo não se manifestou sobre o repúdio da líder indígena. O espaço segue aberto. Confira abaixo a nota na íntegra:

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