Eleito por clientes, Campo Grande tem ‘o pior bar do mundo’ e você nem imagina o porquê
Antes sem nome, o local estabelecido no bairro São Conrado ganhou o status de “O pior bar do mundo” e, só pela introdução, é de se imaginar o motivo…
Graziela Rezende –
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A cerveja tem dias que está quente, quase não tem outras opções de bebida e, muito menos comida. Mal tem lugar para sentar e a mesa de sinuca foi retirada por um mês, como castigo aos clientes que estavam bagunçando muito. Antes sem nome, o local estabelecido na Rua Jaguaruna com Henrique Barbosa, no São Conrado, em Campo Grande, ganhou o status de “O pior bar do mundo” e, só pela introdução, é de se imaginar o motivo. No entanto, tem muito mais por aí…
A reportagem do MidiaMAIS foi conhecer o lugar e, ao estacionar o carro, já viu o letreiro escrito pelos clientes. Neste ano, aproveitaram uma “saidinha” do proprietário, quando um deles posicionou a caminhonete e outro subiu e escreveu “O pior bar do mundo” com uma tinta spray preta.
Não só pelo local, a intenção também era atazanar Juber Batista Lima, de 57 anos, o dono, que é considerado muito, mas muito mal-humorado mesmo.
E foi só a equipe descer e dar o “Bom dia” que ele nem disfarçou. “O que é que vocês querem aqui?” “Opa, tudo bem com o senhor? Queremos conversar, ouvir a sua história, conhecer ‘O pior bar do mundo’. “Então, pode falar menina, pergunta aí que eu respondo tudo”, disse, pegando uma cadeira, acendendo o cigarro e se posicionando para a conversa.
‘Mando sumir, mas aqui vive cheio’, diz dono do bar
“A pessoa já chega perguntando se pode beber fiado, eu mando ir beber lá no caixa-prego. Ou então chega outro e pergunta qual cerveja tem. Eu falo: ‘Tem essa, essa e essa’. E daí a pessoa pergunta: ‘Mas, tem tal cerveja?’ Eu respondo: ‘Já falei qual que tem. Se quiser fala logo, senão, some daqui também. É assim aqui, mas, vive cheio de clientes, é tudo gente que eu conheço desde a infância”, comentou Juber, também conhecido como “Jubinha” ou “Neguinho”.
Dono do local há 16 anos, Juber diz que recebe clientes do Caiçara, Alphaville, Jardim Leblon, Coophavila, já que, no São Conrado mesmo, ele tem somente “poucos amigos”. “É tudo gente criado comigo, desde pequeno. Eles falam que o meu atendimento é péssimo, criaram coragem e até escreveram aí. Só que engraçado que ninguém sai daqui. E eles me enchem o saco demais, gostam de me ver irritado: cortam meus fios, levam minha mesa lá pro lado do córrego, rabiscam meu caderno de anotações, é assim guria”, afirmou.
Como mora no mesmo local, aos fundos, diz que batem na porta dele a qualquer hora. “Tem gente que bate aqui duas, três horas da manhã, não tem hora não. Jogam pedra, enchem o meu saco mesmo, gostam de me ver irritado. Hoje mesmo acordei, senti um cheiro, fui ver e aí descobri que jogaram um cachorro morto lá pro lado do córrego. É porque eu não vi, porque se eu ver encostando carro aí, vou lá e quebro todos os vidros”, disse.
Pode até ter “pinta de bravo”, mas, não convence. O jeito de Juber é muito mais a necessidade de ser firme, para lidar com tanto “cliente folgado”, principalmente o Milton “mãozinha”, que deu até curiosidade de saber quem é.
“Eu sou serralheiro também, então, preciso sair às vezes e, se precisar, saio, deixo a chave com o pessoal e mando anotar tudo. Se não anotar já sabe, eu faço rolo, infernizo até me pagar. E o pessoal paga. Parei com o caderninho porque um comeu a folha uma vez, mas, foi lá e pagou”, relembrou.
Enquanto a reportagem estava presente, alguns clientes foram ao local, cumprimentaram o amigo, conversaram e até sugeriram dele colocar espetinho, o que deve ser acatado. “Eu estou pensando, acho que vou colocar sim. Só que deu a hora tem que ir embora, senão, apago a luz e deixo esse povo bebendo no escuro”, comentou, sem papas na língua.
No dia a dia, Juber tem a companhia da cuidadora Delfina Benites, de 65 anos. “Eu sento aqui fora um pouco e converso com ele. O meu marido é tetraplégico, passo o dia cuidando dele, então, quando sobra um tempinho, venho aqui fora conversar com ele. É um amigo que eu tenho, que me socorre quando eu preciso”, disse.
Questionado se Juber é casado, é a amiga quem responde: “Ele é solteiro, não prestou nem para casar e ter filhos”, falou, soltando sorrisos do dono do bar. “Mas ele é gente boa, só tem essa cara de bravo mesmo. Veio um morador de rua aqui esses dias. Ele deu café, deu macarronada, deu toalha, sabão e ainda o cara pediu pra ele fritar dois ovos”, contou.
Outros clientes, o pedreiro José Rodrigues, de 37 anos, além do aposentado Mário Arce, de 66 anos, falam que gostam do local. “Eu moro do outro lado ali, mas, vejo a turma dando gritos, jogando sinuca, fico só de longe ouvindo o piseiro. Minha esposa não me deixa vir, disse que se eu passasse aqui e ela me achasse iria quebrar todos os tacos na minha cabeça, então, venho, tomo só uma cerveja, uma dose de cachaça e volto pra casa”, finalizou.
Veja o depoimento do Juber e mais detalhes do local:
E você, o que achou do pior bar do mundo? Conte pra gente!
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