Zelosas, carinhosas, protetoras… se para a maioria dos seres humanos, as mães possuem algumas características específicas e em comum, no mundo animal os comportamentos podem ser bem diferentes dependendo da espécie. As sucuris, por exemplo, são cobras que não possuem instinto materno e acabam parecendo um tanto desnaturadas aos olhos das pessoas.

É que, após a gestação, elas abandonam os filhotes. Sim, desde o momento em que nascem, os pequenos bebês sucuris precisam se virar sozinhos na natureza. Se observadas com o olhar humano, essas majestosas rainhas das águas do pantanal têm uma espécie de “aversão ao amor”.

Isso porque, além de haver a possibilidade de canibalismo sexual, quando a fêmea mata e come o macho após o acasalamento, as cobras não se apegam aos filhotes. Vale lembrar que, dependendo, uma sucuri pode parir de 30 a 40 sucurizinhas por ninhada. É muito filho!

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Pais sucuris “fogem” da responsabilidade e sobra tudo para as mamães

Seria esse o motivo do desapego? Com filhos demais, a mãe não consegue dar conta e prefere abandoná-los ao Deus dará? E o pai, onde entra nessa história? Bom, eles são os primeiros a “fugir” da responsabilidade.

Depois do acasalamento, geralmente grupal, os pais das crianças somem e não possuem qualquer vínculo com os filhotes, nem prestam apoio “moral” às fêmeas durante a gestação. Assim fica fácil, né?

Sozinhas e grávidas, as sucuris passam cerca de sete meses isoladas. Como a barriga precisa de espaço para gerar tantos bebês, se o alimento não for muito acessível, logo após o acasalamento, a fêmea pode matar um dos machos e comê-lo como refeição final antes de ficar o longo período da gestação sem se alimentar.

Quando isso não acontece, o macho vive “no bem bom”, enquanto a fêmea se sacrifica para dar continuidade à espécie. Tamanho esforço, no entanto, não reflete no cuidado com os filhotes assim que eles nascem. Será que elas ficam traumatizadas ou sofrem uma espécie de depressão pós-parto animal? São teorias com o ponto de vista humano a respeito de um comportamento animal.

Explicação: sem laço afetivo entre sucuris

Para elucidar a ação, o biólogo Daniel De Granville, especialista em sucuris-verdes, explica ao MidiaMAIS alguns pontos sobre a maternidade das sucuris.

“Pelo que se sabe dos estudos, não há cuidado parental. Os filhotes nascem e rapidamente já se dispersam, precisam começar a se virar logo após o nascimento”, pontua o biólogo.

Os pais, por sua vez, podendo ser assassinados, também não chegam a desenvolver laço afetivo com os filhos. “Em tese não há qualquer contato, já que os encontros entre as fêmeas e machos geralmente ocorrem apenas durante a época de reprodução. Durante a gestação, elas ficam solitárias e escondidas”, detalha o especialista em sucuris ao MidiaMAIS.

“Não existe aquele cuidado que a gente costuma ver em pássaros ou mamíferos, por exemplo, onde os pais (ou apenas a mãe, dependendo da espécie) fornecem alimento aos filhotes até que eles consigam sobreviver por conta própria. Este pode ser um dos motivos pelos quais as sucuris têm uma quantidade muito maior de filhotes (em média 30) do que um tucano ou uma onça, por exemplo, já que uma porcentagem pequena conseguirá atingir a vida adulta”, finaliza ele.

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