Contra calote da prefeitura, artistas de Campo Grande fazem mobilização por editais de 2022 e 2023

Depois de protesto na Câmara, artistas também se mobilizam nas redes sociais

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Manifesto ocorreu durante sessão na Câmara de Campo Grande. (Anna Gomes, Midiamax)

Um dia após protesto na Câmara Municipal de Campo Grande, representantes de diversos setores da cultura campo-grandense, pretendem continuar se mobilizando. Nas redes sociais, estão usando a hashtag #calotenaculturanão e ressaltando o quanto o setor gera emprego, renda, impostos, entretenimento e felicidades. Além disso, citam diretamente o nome da prefeita Adriane Lopes (PP) e pedem a ela que pague os editais da cultura em 2023.

“O nosso apoio, enquanto classe artística, ocorre a todos os trabalhadores da cultura. Estive no protesto ontem e foi lamentável. Isso deixou ainda mais visível o quanto é necessário difundir o setor em Campo Grande. É lastimável estar brigando por um recurso que é o nosso direito. Ou seja, a prefeitura tem um lei que obriga a gestão pública para empenhar o recurso para difundir a arte e é exatamente isso que a gestão municipal não está fazendo, desde 2022, 2023 sem edital e nós estamos reivindicando aquilo que é nosso por direito”, afirmou ao MidiaMAIS a educadora social e coordenadora do Fórum Municipal de Cultura, Romilda Neto Pizani, de 46 anos.

De acordo com a coordenadora, a lei também não fala em valores específicos, nem o limite mínimo e nem o limite máximo, algo que o setor também necessita. “Nós queremos um edital, com valor mínimo de R$ 6 milhões, tendo em vista que ela [prefeita] ofereceu R$ 4 milhões, que é o valor já pago em outros editais. No entanto, tivemos dois anos sem editais, então, R$ 4 milhões não atende a classe e a câmara dos vereadores aprovou um acréscimo de R$ 2 milhões, então, teria que ser no mínimo seis. E onde estão estes R$ 2 milhões? É por isso que fomos na câmara ontem”, argumentou.

‘Prefeitura não investiu, só usou recursos federais’, diz produtora

A produtora cultural, atriz e educadora social, Fernanda Kunzler, de 40 anos, também estava presente no protesto ocorrido nessa quinta-feira (14). “A luta que o movimento cultural de Campo Grande está travando agora, frente à prefeitura, é extremamente necessário diante do que foi anunciado: um calote. A prefeitura não investiu nos anos de 2021, 2022 e 2023 na cultura e alega que investiu, mas, os recursos são federais, de leis emergenciais, que também são conquista dos trabalhadores da classe artística do país”, argumentou.

De acordo com Kunzler, o município tem obrigação de investir o recurso da receita do município na cultura da cidade e, infelizmente, o movimento cultural, historicamente em Campo Grande, precisa se manifestar publicamente. “Nós já fizemos isso em outras gestões e a gente sempre precisa ir lá reafirmar a gestão pública, a importância de uma cultura, que é o tripé formador de uma sociedade e tão importante quanto educação e saúde. A cultura é que possibilita olhares diferente sobre um cidadão, uma cidadã dentro de um coletivo, só que sempre é descartada, nunca tem prioridade”, lamentou.

A produtora cultural também fala que, no ano de 2010, foi feito o Plano Municipal da Cultura e é de lá que existe a lei Fmic e Fomteatro. “O município é obrigado a investir e este é o edital mais transparente, legal e acessível da cultura, criado para ser distribuído na cidade e possibilitar o acesso nos bairros, com oficinas de formação e apresentações. Só que o último edital publicado foi em 2020 e terminaram de pagar em 2022, parcelando tudo mesmo com a receita da prefeitura aumentando”, afirmou.

Márcio Nina, que é diretor cultural do Instituto Chamamé, em Mato Grosso do Sul, argumentou que a realidade dos artistas da cultura, em qualquer segmento, sempre é difícil e o poder público tem papel essencial de possibilitar os meios para que seja possível a recorrente e sustentável atividade cultural. “A cultura é bem essencial para vida e história de um povo”, opinou.

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