Patrimônio histórico cultural é um conjunto de monumentos, construções e sítios arqueológicos, com grande importância para a identidade e memória da cultura de um povo e lugar. Este patrimônio, no entanto, é de responsabilidade do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que responde pela preservação.

Você sabe quais são os patrimônios em Mato Grosso do Sul? Já conheceu algum deles? Nesta quinta-feira (17), comemoramos o Dia do Patrimônio Histórico Cultural Nacional e, por isso, o Jornal Midiamax traz informações, histórias e curiosidades sobre o patrimônio cultural do Estado.

Patrimônio Material de Mato Grosso do Sul

Patrimônio material corresponde aos bens culturais do tipo arqueológico, paisagístico e etnográfico. Assim, com o tombamento, é possível proteger e preservar edificações, paisagens, conjuntos históricos urbanos, cidades históricas, sítios arqueológicos e paisagísticos, coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.

Em Mato Grosso do Sul, o patrimônio material é composto por:

Forte de Coimbra
O tombamento do Forte de Coimbra se deu em 1974. A edificação, construída às margens do rio Paraguai, em Corumbá, na fronteira com a Bolívia e o Paraguai, no século XVIII, pertencia a uma rede de fortificações de defesa das fronteiras e demarcação do território.

O Presídio de Nova Coimbra, núcleo original do forte, foi construído em 1775. O conjunto de edificações do Forte reúne a capela, a casa de pólvora, um alojamento, pátios internos e a muralha com os baluartes. No local, há alguns canhões da Marinha.

Forte Coimbra – Imagem: Prefeitura

Gruta do Lago Azul
As grutas de Bonito, Gruta do Lago Azul (aberta à visitação e localizada na Fazenda Anhumas) e a Gruta de Nossa Senhora Aparecida (na Fazenda Jaraguá), foram tombadas em 1978. Com paisagem natural de águas transparentes, as grutas integram um circuito de turismo ecológico.

Gruta Azul. (Marcel Favery, Laura Athayde).

Conjunto Histórico, Arquitetônico e Paisagístico de Corumbá
Corumbá é um importante centro de comércio, principalmente com a Bolívia, e é escala obrigatória para quem transita pelos rios Paraguai, São Lourenço e Cuiabá.

A cidade foi construída em 1869, onde era o sítio da antiga Vila de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque e está amplamente ligada às tradições pantaneiras.

O tombamento do conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico de Corumbá aconteceu em 1993. O perímetro engloba 119 edificações do conjunto urbano e 3 mil na área do entorno da cidade.

Conjunto Histórico, Arquitetônico e Paisagístico de Corumbá. (Iphan)

Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (EFNOB)
Já em Campo Grande, o tombamento do complexo ferroviário da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil aconteceu em 2009.

Ao todo são 22,3 hectares e 135 edifícios em alvenaria e madeira, que foram erguidos em diferentes datas com a ampliação das atividades da ferrovia. No local ainda é possível ver parte dos trilhos que não foram retirados.

O complexo tem importante papel geopolítico e de integração nacional, aproximação política e econômica do sul do Estado com São Paulo, e a urbanização do início da cidade.

Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (EFNOB). (Iphan, Arquivo)

4º Batalhão da Polícia Militar – Castelinho

Construído entre as de décadas de 1920 e 1930, com recursos federais e contribuições da Companhia Matte Laranjeira, em Ponta Porã, o batalhão apresenta características que remetem a uma fortificação com proposições simétricas e de inspiração neoclássica. Sua construção durou quatro anos, de 1926 a 1930, sendo a base governamental na fronteira, erguido próximo à antiga estação ferroviária Noroeste do Brasil.

Em 1940, passou a abrigar a cadeia pública e a 4ª Companhia Independente da Polícia Militar. Entre 1943 e 1946, foi sede do governo do território, durante o governo Vargas.

O 4º Batalhão da Polícia Militar – Castelinho foi reconhecido em 2008.

4º Batalhão da Polícia Militar – Castelinho (Ministério Público)

Igreja São Benedito – Tia Eva
Também conhecida como Igrejinha, a Igreja São Benedito foi construído em 1919, como pagamento de uma promessa a São Benedito, feita por Eva Maria de Jesus, popularmente conhecida como Tia Eva.

Escrava alforriada do interior de Goiás, veio para os Campos de Vacaria, Vila de Campo Grande (atual Campo Grande), com sua família. Era benzedeira, curandeira, parteira e doceira de mão-cheia. Foi uma líder religiosa de sua própria comunidade e é considerada uma das fundadoras de Campo Grande/MS.

O reconhecimento veio em 1998 e se tornou um símbolo de devoção e luta.

igrejinha Tia Eva na comunidade
Igrejinha Tia Eva na comunidade (Foto: Acervo FCMS)

Também foi reconhecido como bem material o quartel-general da 9ª RM de Campo Grande, complexo ferroviário da rede noroeste do Brasil e sítios históricos de Três Lagoas a Corumbá, escola estadual Maria Constança de Barros Machado, acervo de artes plásticas Lydia Baís, Igreja Nossa Senhora do Carmo em Miranda, Igreja São Benedito Tia Eva, 4º Batalhão de polícia militar (Castelinho) e Instituto Luiz de Albuquerque.

Fazem parte do acervo de bens reconhecidos a Catedral Nossa Senhora da Candelária, loja maçônica Oriente Maracaju e Usina Açucareira Santo Antonio.

Além desses, outros bens materiais estão em processo de registro. São eles:

  • Cine São José, em Bela Vista;
  • “Prefeitura Velha”, em Porto Murtinho;
  • “Padaria Velha”, em Porto Murtinho;
  • Escola Estadual Dr. João Leite de Barros, em Corumbá.

Patrimônio Imaterial de Mato Grosso do Sul

Patrimônio imaterial corresponde às práticas, conhecimentos e técnicas com instrumentos, objetos e artefatos, por exemplo. Ou seja, é tudo aquilo que manifesta celebrações, expressões cênicas, plásticas, musicais e até lugares de práticas culturais coletivas. Também tem como característica a transmissão de geração em geração, contando a história desses grupos.

Em Mato Grosso do Sul, os bens imateriais registrados são: cerâmica terena, banho de São João/Ladário, tereré de Ponta Porã, modo de fazer viola de cocho, chamamé, ofício dos mestres de capoeira e roda de capoeira.

Conheça alguns:

Cerâmica Terena
A cerâmica terena foi reconhecida como bem material em 2009, devido a sua importância para a autoafirmação, memória e estilo de vida da comunidade, com grande importância para a história de Mato Grosso do Sul.

Para fazer a peça, é usada uma argila branca para os detalhes e a pintura só é feita após a queima. Grafismos, pontilhados e espirais desenhados na cerâmica reforçam ainda mais a cultura terena. Sua preservação representa a continuidade de uma das manifestações mais expressivas da cultura indígena em nosso Estado.

Cerâmica Terena. (Governo do Estado, Fundação de Cultura de MS)

Banho de São João de Corumbá
O Banho de São João de Corumbá/Ladário foi reconhecido em 2010, e reforça a identidade cultural dos dois municípios, além de consolidar a imagem regional do pantanal sul-mato-grossense.

Na comemoração, o santo é levado no andor feito pela comunidade até o Rio Paraguai, tendo a ladeira Cunha e Cruz como percurso de acesso ao rio. No local, o santo é banho em alusão ao batismo de Jesus, feito por João Batista.

Banho de São João em 2022. (Renê Carneiro/Arquivo Pessoal)

Tereré de Ponta Porã
Famosa em todo o Estado, a bebida também é um bem imaterial de Mato Grosso do Sul. A preservação reforça dois quesitos: a bebida como prática cultural no Estado e a importância do ciclo da erva-mate no desenvolvimento da região.

Herança cultural dos povos Guarani, o tereré de Ponta Porã foi reconhecido como bem material em 2011.

Tereré de Ponta Porã. (Arquivo)

Modo de fazer Viola de Cocho
Produzido exclusivamente de forma artesanal com a utilização de materiais existentes na Região Centro Oeste do Brasil, a viola de cocho é instrumento musical feito por mestres cururueiros.

Tem grande relevância nas manifestações folclóricas típicas da cultura no centro-sul do país, sendo um dos símbolos tanto de identidade pantaneira, quanto da identidade nacional, conhecida por sua singularidade sonora, expressão estética e valor decorativo.

O modo de fazer viola de cocho foi reconhecido em 2003.

Modo de fazer Viola de Cocho. (Iphan)

Chamamé
A origem do chamamé está relacionada aos países latinos como Paraguai e Argentina, mas é muito encontrado em Mato Grosso do Sul graças a sua localização e intenso intercâmbio cultural.

Com a grande influência dos paraguaios na cultura e história de Mato Grosso do Sul, o chamamé foi trazido como herança cultural, assim como o idioma, festas, crenças, músicas e culinárias.

Em dezembro de 2020, a Unesco declara o chamamé patrimônio imaterial da
humanidade.

Chamamé
Chamamé. (Arquivo)

Além desses, outros bens imateriais estão em processo de registro. São eles:

  • Festa do Divino Espírito Santo em Santa Tereza, em Figueirão;
  • Festa da Nossa Senhora dos Navegantes, em Bataguassu.