Uma portinha entre o Belmar Fidalgo e a Maternidade Cândido Mariano, em meio a galerias de lojas, esconde uma receita diferente de um prático típico dos vizinhos latinos. A saltenha, receita boliviana, ganhou novos sabores com a criação do Empório da Saltenha, na Rua Dr. Arthur Jorge, no Centro de Campo Grande.

Na nova temporada, o Cliente Oculto experimenta culinárias típicas de outros estados do Brasil e dos países que fazem fronteira com Mato Grosso do Sul. Na semana passada, provamos rabada, buchada e dobradinha, típicas do Nordeste.

Nesta semana, o Cliente Oculto experimentou saltenhas de três sabores diferentes, além do refrigerante de mate chimarrão. Provamos a ‘diferentona’ é a de abacaxi com carne de porco, além da tradicional de frango e da de carne seca. Apesar da curiosidade em experimentar a sabor banoffe, o sabor não estava disponível no momento em que visitamos a lanchonete.

A mistura de sabores pode estranhar, mas quando provamos, sentimos pouca diferença entre a carne de porco com abacaxi e a de frango – talvez por não ser tão picante como esperado, já que algumas receitas costumam levar mais pimenta no frango. A junção do doce com o salgado foi sutil e não influenciou tanto no sabor final.

Além do ambiente aconchegante, não foi preciso muito tempo para que o próprio dono do espaço contasse sua história com as saltenhas. Ele explicou que aprendeu a receita tradicional com amigos da Bolívia e, apesar de não ser de lá, adicionou novos sabores ao cardápio.

O estabelecimento funciona no ponto do Centro há apenas 10 meses, desde que o antigo espaço fechou. A falta de movimento de clientes próximo ao local anterior – na 14 de julho, quase esquina com a Avenida Fernando Corrêa – fez com que a lanchonete mudasse de ponto, para próximo ao Belmar Fidalgo.

Foto: Cliente Oculto – Jornal Midiamax

Cardápio

O cardápio também inclui os sabores vegano e frago especial – com uva passas, ovo cozinho e pimenta – e empada tradicional. Os valores são R$ 8,50 para frango tradicional, R$ 9 de frango especial, R$ 8,50 de carne moída, R$ 9 de porco com abacaxi, R$ 9 de banoffe e R$ 10 de carne seca ou vegana.

Com gosto ‘forte’, que não agrada a todos os paladares, a bebida de mate chimarrão gelado pode ser comparada a um refrigerante de tereré. O local também vende saltenhas congeladas. O pacote com 25 unidades de tamanho coquetel nos sabores frango, carne moída, carne seco, porco com abacaxi, vegana ou banoffe custa R$ 60 as assadas e R$ 55 as congeladas.

Também há as opções de combos e combinados, que incluem as saltenhas e bebidas. Os valores variam de R$ 11 – uma saltenha tradicional com refrigerante mini – até R$ 115, com 50 saltenhas tamanho coquetel, podendo escolher até cinco sabores, que servem oito pessoas.

Para quem não gosta do salgado típico da Bolívia, a lanchonete tem opções de chipa grega (R$ 10), esfiha (R$ 8,50) e pizza brotinho (R8,50), além de café coado, café com leite e cappuccino. As bebidas vão de chá natural batido com limão e gelo até o mate chimarrão funada, que custa R$ 10.

História

O salgado se popularizou no século XX quando a esposa do ex-presidente argentino Manuel Belzu, Juana Manuela Gorriti, nascida na cidade de Salta, na Argentina, começou a fazer “empanadas caldosas” para vender. A família passou por dificuldades financeiras e o salgado tornou-se fonte de renda.

Posteriormente, ela foi apelidada de “a saltenha” e os pastéis se tornaram uma tradição. Com o passar do tempo, o nome dela foi esquecido, mas o salgado não. A iguaria, então, levou o nome de saltenha e, devido à influência cultural da fronteira do Brasil com a Bolívia – em Mato Grosso do Sul nas cidades de Corumbá com Puerto Quijarro – a culinária também se apropriou do salgado.