O vídeo de uma mulher com uma arara nos braços passeando por um shopping em Campo Grande está repercutindo bastante nas redes sociais. Muitas pessoas não veem problema na cena, já outras questionam desde a legalidade, porque é um animal silvestre, até a possibilidade de eventual “maus-tratos”, já que o shopping não seria um ambiente natural para uma ave.

A mulher em questão é arquiteta Carolina Freitas da Rocha, de 28 anos. Já a arara, da espécie Canindé, é o Joaquim, ou “Joca” para os íntimos, e tem dois anos. Para ela, os questionamentos podem até fazer sentido, mas são rebatidos com tranquilidade.

O vídeo não é novo, foi gravado um pouco antes da pandemia, quando Carolina havia acabado de comprar o Joca. “Eu não sei porque postaram agora”.

Assim como no vídeo, a arquiteta conversa com a reportagem do Midiamax com Joca nos braços, de onde ele não desgruda quando os dois passeiam. Nosso encontro é no Parque das Nações Indígenas.

Joca tem dois anos (Foto: Henrique Arakaki/Midiamax)

Carolina explica que comprou Joca quando ele tinha dois meses de idade em um criatório em Sete Lagoas, Minas Gerais. Ela pagou R$ 4,5 mil pela ave. “Comecei a pesquisar e vi que alguns grupos de pessoas tinham aves como pet”.  

Quando ela comprou a ave, ainda mais para finalidade de ser um pet, sabia que podia passar por situações delicadas.

“Tenho toda a documentação dele. O certificado de autorização do Ibama, o documento do criatório, o documento sanitário. Além disso, ele tem uma anilha de identificação em uma das perninhas”.

Se pelas redes os questionamentos são mais comuns, pessoalmente, Carolina conta que não tem tantos problemas. Muito pelo contrário, várias pessoas pedem para tirar foto com Joca, para fazer carinho, encostar.

A arquiteta, no entanto, lembra de um caso só em que foi importunada por uma mulher no mercado. “Ela disse não poderia estar ali no calor, que ia chamar a polícia, que eu tinha que ser presa”.

Caroline ainda tentou mostrar a documentação à mulher, mas o diálogo não funcionou. “Foi uma situação bem estressante, até para o Joca, que ficou agitado”.

Joca é muito apegado à Caroline, inclusive tem ciúmes dela. “Ele está aprendendo a falar várias palavras. Sabe falar “mãe”, “joca”, imita um gato da vizinha. Também fala “vô” e “vó””, diz a dona, que tem uma casa de repouso, por isso a convivência da ave com idosos.

Falando em convivência, Joca convive com mais quatro cachorros. Aves da espécie de Joca podem viver até 80 anos. “Desde esse vídeo eu já levei Joca a vários lugares; na feira, no mercado, sempre vou nos lugares com ele. Só deixo em casa se for coisa rápida”.

Ali no Parque, Joca observa outras araras voando livremente. Caroline explica que essa liberdade da natureza já não é mais possível para ele, por conta da adaptação. “A questão da comida, da relação com as outras até o cansaço pode impedir que Joca volte à natureza”, finaliza a arquiteta

Veja o vídeo de Joca no shopping:

(Vídeo: Reprodução Instagram/Passeando em Campo Grande)