A conversa na calçada, há 17 anos, ainda está na mente de Vânya Santos. Sentada ao lado do pai e em frente de casa, no bairro Pioneira, em Campo Grande, ambos falavam sobre relacionamento. Naquele momento, sem saber que faleceria um mês depois, seu Sebastião deu dicas valiosas para a filha. Agora, aos 35 anos, apaixonada e diante do homem que considera o amor da sua vida, ela honrou todo o aprendizado e deu um jeito de reviver a memória do pai na cerimônia de casamento, deixando os convidados muito emocionados.

“Meu pai faleceu no dia 7 de março de 2005, aos 47 anos, vítima de um aneurisma de aorta. Ele sempre foi meu grande herói e também exemplo de sabedoria, honestidade e comprometimento. Um homem que sempre teve força de vontade e que dedicou a vida ao trabalho, com o objetivo de melhorar as condições de vida da nossa família. Ele e a minha mãe sempre foram minhas inspirações e, desde quando planejei o casamento, pensei em fazer homenagens para ele”, afirmou Vânya ao Jornal Midiamax.

Em 2021, a advogada, que também é jornalista, começou a conversar com os fornecedores e pensar em formas elegantes de demonstrar o amor pelo pai. “Pensei em coisas que fizessem sentido para mim e a primeira delas foi o relicário. Lembro que, quando me entregaram o buquê, com a foto dele ali voltada só para mim, já comecei a chorar. No caso do balão, também pesquisei bastante e decidi por ele escrito apenas PAI, porque é assim que eu o chamava”, contou.

Noiva escolheu ter relicário do pai em meio ao buquê de orquídeas. Foto: Volkopf/Arquivo Pessoal

Além do balão, noiva tinha relicário nas mãos

No altar, quando as portas se abriram para a noiva, os convidados perceberam que as duas mãos estavam ocupadas: de um lado o relicário escondido em meio ao buquê de orquídeas e, do outro, o balão branco de gás hélio e em formato de coração, apenas com as três simbólicas letras paternas. Com um gesto delicado e enquanto a canção trazia a emoção à tona, Vânya foi soltando levemente o balão, até que o vento parecia o levar para o céu, a verdadeira morada do seu Sebastião. 

“Alguns convidados, que sabiam que o meu pai é falecido, se emocionaram já no início, assim que me viram com o balão. Outros ficaram sem entender no início, não imaginavam aquela cena e depois se emocionaram também. Sei que tem gente ali que também perdeu o pai, a mãe, algum ente querido. Soube que alguns padrinhos choravam de soluçar”, comentou. 

O então noivo, o contador Alex Sandro dos Santos, 48 anos, sabia da existência do balão, mas, não se envolveu em detalhes e qualificou o momento como extraordinário. “Quando eu estava no altar e abriu a porta e a Vânya veio, a emoção foi muito grande. Acho que todos ali presentes também tiveram esse sentimento. Eu chorei muito e a palavra pai ficou muito evidente enquanto o balão subia e seguia em direção ao sol, com ele se pondo. Foi muito emocionante mesmo”, avaliou. 

Noivos disseram que casamento foi muito emocionante. Foto: Volkopf/Arquivo Pessoal

Mãe da noiva entrou de tipoia após grave acidente

No entanto, Vânya fala que o pai não era sua única inspiração. A mãe, Maria das Neves Silva, de 63 anos, também estava ao lado dela após superar um grave acidente, ocorrido no feriado do último Carnaval, quando a idosa pegou uma carona e foi visitar a irmã em Sidrolândia, a cerca de 60 km da capital sul-mato-grossense. 

“Minha mãe quase morreu neste acidente. Ela foi passageira de um carro que capotou na rodovia e fraturou a mandíbula, após uma lesão séria no punho, além de três costelas. Como também é hipertensa, teve oscilação de pressão e ainda ficou uma semana internada na Santa Casa, onde passou por 2 cirurgias. Foi um acidente que quase perdi minha mãe, todo mundo questionava e eu vi a força dela, de viver, para participar desse momento comigo. Ela fez tudo certinho para se recuperar logo e participar da formatura da minha irmã e do meu casamento. Olhando agora, acho que tudo foi emocionante”, finalizou.

Veja vídeo deste momento emocionante: