Última semana: 10 vezes em que a novela Pantanal vacilou feio com MS e o Estado não perdoou
Nesta última semana do folhetim, o Midiamax faz uma retrospectiva dos impactos da novela “Pantanal” no cotidiano sul-mato-grossense, a começar pelos negativos
João Ramos –
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É… faltam apenas dois dias para o fim da novela “Pantanal”. O remake mobiliza Mato Grosso do Sul inteirinho desde setembro de 2021, quando as gravações finalmente iniciaram no Estado, um ano após a TV Globo anunciar que faria uma nova versão da trama.
Nos últimos 14 meses, “Pantanal” foi assunto em todos os cantos e repercutiu de diversas maneiras, sejam elas negativas ou positivas, especialmente quando os atores e a equipe da obra estavam em MS gravando a história.
Nesta última semana do folhetim, o MidiaMAIS faz uma retrospectiva dos impactos da novela “Pantanal” no cotidiano sul-mato-grossense, a começar pelos negativos. Relembre 10 vezes em que a trama vacilou feio com Mato Grosso do Sul e o Estado não perdoou.
1. Comer de chapéu
Um detalhe muito pertinente chateou os pantaneiros de MS logo nos primeiros capítulos do remake da novela “Pantanal”. A situação ficou ainda pior quando internautas descobriram que a falha não acontecia na primeira versão.
Para quem conhece a lida dos peões, ver o protagonista José Leôncio (Renato Goes) fazendo absolutamente todas as suas refeições de chapéu foi uma verdadeira ofensa.
Na época, a situação gerou indignação e sul-mato-grossenses de todos os cantos manifestaram revolta, afirmando que a atitude de Zé Leôncio desrespeitava a cultura pantaneira.
2. Dialetos: ara, diacho e mais
Outro ponto que já até foi queridinho e virou meme foi o vocabulário fictício da obra. Expressões como “ara”, “diacho”, “réiva” e muitos outros jargões estereotipados do universo caipira também são marca registrada na adaptação de Bruno Luperi. O problema é que ninguém em Mato Grosso do Sul fala assim.
A equipe da TV Globo passou quase seis meses no pantanal de MS convivendo com os moradores da região, mas nada disso refletiu no texto não atualizado por Luperi, que manteve as palavras carimbadas das obras de seu avô, Benedito Ruy Barbosa.
Quem já acompanhou outras novelas do veterano, como “Cabocla”, “O Rei do Gado” e “Paraíso”, sabe que “diacho”, réiva” e “ara” são dialetos presentes e que fazem parte do universo rural de Ruy Barbosa, com base no que o mesmo viveu em mil novecentos e bolinha.
O tempo em MS parece não ter sido o suficiente para que o neto devoto do avô conseguisse perceber que essas palavras caíram em desuso há muito tempo e não fazem parte do vocábulo pantaneiro sul-mato-grossense.
3. Mapa de Mato Grosso
Um mapa ao fundo do cenário do escritório do personagem Ari, localizado na Capital Morena na trama, gerou confusão. Isolados na Fazenda Pantanal, no meio do bioma, Zé Leôncio, Jove, Filó e toda a trupe se comunicaram durante todo o folhetim com o escritório para estabelecer contato com o “mundo real” via rádio e, posteriormente, por meio da internet.
O problema é justamente o fato da novela encher a boca para falar “alô, Campo Grande”, “Campo Grande”, “Aquidauana”, “Campo Grande”, e colocar um mapa de Mato Grosso no cenário do personagem que vive na Capital.
Nas redes sociais, os mais atentos não deixaram escapar e manifestaram a fúria contra o equívoco. “Por que o personagem que mora em Campo Grande teria um mapa de MT no escritório? É como se você trabalhasse no Rio Grande do Sul e no seu local de trabalho tivesse um mapa do Rio Grande do Norte, não faz o menor sentido”, disparou um sul-mato-grossense.
Nos últimos capítulos, o mapa permanece no cenário, mas foi colocado de cabeça para baixo e atrás de alguns outros papéis após a repercussão. Nenhum mapa de Mato Grosso do Sul foi incluído no painel.
4. Jornalista desinformada
A jornalista Érica (Marcela Fetter) entrou na trama causando a fúria dos sul-mato-grossenses. Explicando seus objetivos para Zé Leôncio (Marcos Palmeira), ela começou cometendo uma gafe imperdoável: mencionou errado o nome de uma cidade de MS – erro do texto de Bruno Luperi, apenas dito pela atriz.
Outro ponto da mesma cena que fez os sul-mato-grossenses torcerem o nariz foi o fato dela ter citado mais o pantanal mato-grossense, “enaltecendo” Mato Grosso, enchendo a boca para falar os nomes das cidades do Estado vizinho corretamente, e errando o nome da única cidade sul-mato-grossense que citou.
Érica pediu abrigo e Zé Leôncio cedeu, querendo saber: “Ocê andou por onde?” E é aí que a fala polêmica veio: “Passei por Poconé, Cáceres, Barão de Melgaço e aí eu vim descendo. A minha ideia inicial era chegar até ‘Porto de Murtinho’ ainda, Nabileque, mas não sei, acho que eu já tô um pouco na dúvida”, disparou.
“Ah, eu conheço tudo aí”, pontuou Zé Leôncio. “E por todo mundo que eu passei, todo mundo conhecia o senhor”, completou Érica, encerrando a conversa.
O nome correto da única cidade sul-mato-grossense mencionada pela jornalista é Porto Murtinho e não “Porto de Murtinho”. Se Zé Leôncio disse que conhece as bandas, por que não corrigiu a novata, que estava ali para escrever sobre o lugar?
5. Aquidauana apagada e ignorada
Além de ignorar Aquidauana e magoar os moradores da cidade por isso, a novela “Pantanal” chegou a apagar a região do horizonte inserindo uma “água virtual” no território onde fica o município. Isso aconteceu logo no primeiro capítulo do remake, em março.
Entre as diversas polêmicas da primeira etapa da trama, essa água “fake” no Morro do Paxixi foi a maior para os moradores de Aquidauana, que agora, seis meses depois, reclamam do fato da cidade ser completamente ignorada pela novela.
Cartório, banco, médico, hospital… nos últimos meses da trama, sempre que os personagens precisam de um serviço da cidade, eles recorrem à Campo Grande e enchem a boca para falar o nome da Capital. No entanto, pela região onde está localizada a fazenda do protagonista Zé Leôncio (Marcos Palmeira), as cidades mais próximas são Aquidauana e Anastácio.
Observando isso, a população aquidauanense, em especial, ficou muito magoada com o folhetim, que só menciona Campo Grande e ignora completamente a civilização presente nos municípios das redondezas, que são bem desenvolvidos e oferecem dignamente os serviços dos quais os personagens precisam.
6. Pantanal pré-histórico
Oi? Fazenda sem televisão, sem sinal de internet, peões sem telefone? O autor Bruno Luperi fez questão de atualizar problemas sociais, mas esqueceu de trazer a própria realidade pantaneira para os dias atuais. Não há um sítio em Mato Grosso do Sul que não tenha tecnologia ou a mais simples televisão, nem que seja de tubo. E isso há tempos.
Talvez, na época da primeira versão, realmente os eletrônicos não fizessem parte do cotidiano, mas, nos anos 2020, mostrar um pantanal desatualizado e avesso às modernidades é absolutamente incompatível, afirmam moradores.
Conforme relatos de próprios populares nas redes sociais do MidiaMAIS, hoje em dia todo peão tem um celular na mão e não vive sem WhatsApp. Na novela, a peonada só veio descobrir o aparelho por agora e ainda chama de “priquito” – dialeto visto como esdrúxulo, que serve para estereotipar ainda mais Mato Grosso do Sul. E o pessoal da Fazenda de Zé Leôncio que nunca tinha tido contato com a televisão e ainda se assustou ao ver a telinha pela primeira vez (???). “Sem comentários”, exclamam regionais.
7. Tereré Nutella
É certo que os artistas que estrelam o folhetim global não são sul-mato-grossenses e não têm a obrigação de gostar ou conhecer a cultura do tereré. Eles até disseram curtir e alguns adotaram para a vida, mas a forma como a bebida é inserida nas cenas da trama causam profundo constrangimento a quem é de Mato Grosso do Sul.
A guampa solta, na maioria das vezes sem uma garrafa de gelo por perto, é um detalhe que choca. Peões e Zé Leôncio andando para lá e para cá com a “cuia” na mão. Ou a forma completamente avulsa com que decidem tomar a bebida, sem o contexto da roda ou do “parar para tomar”.
Até um copo Stanley já foi usado na obra como guampa de tereré – utensílio que causa a fúria de qualquer sul-mato-grossense. E, desta vez, não foi diferente: Guta passeava apenas com o copo na mão, sem gelo ou água. “Pode isso, Arnaldo?” Como esse povo toma tereré?
8. Sem imagens de Campo Grande
Campo Grande foi a cidade mais mencionada na novela “Pantanal”, mas jamais foi mostrada na trama. O fato do folhetim estar sempre exibindo uma Campo Grande “fake” na telinha irritou os campo-grandenses, que sugeriram que a emissora usasse ao menos imagens de apoio.
“Pantanal vacila muito em fingir que tá em Campo Grande, essa cena deles em um restaurante da Capital poderia muito bem ser feita na Feira Central, seria incrível, mas não fazem questão nenhuma de deixar real”, opinou a moradora Rafaella Priscilla.
“Nem pra colocar umas imagens de apoio, eles poderiam ter comprado essas imagens, tem um monte de produtora que faz, aí inseriam de forma ilustrativa e já seria bastante representativo. Nem precisavam gravar na Feira Central, por exemplo, mas só de mostrar a fachada o povo ia pirar e realmente seria a cidade”, afirma Roberto Moura, outro morador, que conclui dizendo:
“Enquanto o Rio, São Paulo, tá cheio de imagem de apoio mesmo com as cenas gravadas em estúdio, Campo Grande nunca tem. Vacilo dos grandes isso. Imagina toda vez mostrar a Afonso Pena… ia ser legal, mas a equipe da novela não tá nem aí, tão pouco se lixando em representar o povo e o lugar”, finaliza.
Neste link, o Midiamax explica por que a equipe da novela não gravou nenhuma cena na Capital.
9. Corumbaenses esquecidos
Corumbaenses declararam ‘ranço’ da telenovela global e fizeram questão de manifestar o descontentamento com a obra nas redes sociais. É que a cidade, localizada na fronteira com a Bolívia, é conhecida como Capital do Pantanal e nunca foi mencionada no folhetim assinado por Bruno Luperi. Não ver a região representada na telinha fez os moradores se revoltarem com a TV Globo e até mesmo com os autores.
“Estou com muita raiva destes escritores! Corumbá, capital do Pantanal, não é mencionada e nem lembrada em nenhum capítulo!! Campo Grande não é Pantanal e só se fala em Campo Grande! Estão todos errados!! Venham ver o Pantanal e o Rio Paraguai!!”, desabafou uma corumbaense.
10. Reduzir MS ao pantanal
Tudo bem que a novela leva o nome do bioma e tem a intenção de mostrar essa natureza, mas a ausência do lado urbano de Mato Grosso do Sul reforçou para o Brasil o estereótipo de que em MS “é tudo mato”.
Campo Grande, mencionada sempre, poderia ter sido explorada, conforme opinam moradores, que chegaram a pedir para Bruno Luperi aproveitar mais a Capital com um núcleo na cidade. Mas o remake sempre foi uma obra fechada.
“Parece que Mato Grosso do Sul ficou reduzido ao pantanal, e não é bem assim, mas a novela passa essa impressão. Quem vê de fora acha até que as cidades de MS são todas como uma extensão da fazenda do Zé Leôncio”, lamentou um morador.
Para os sul-mato-grossenses, personagens vivendo em Campo Grande ajudariam a desmistificar Mato Grosso do Sul e mostrar esse “outro lado” do Estado, que não se resume à zona rural.
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