Personagens de Pantanal ‘menosprezam’ Aquidauana e moradores de MS ficam magoados
Moradores estão magoados após o folhetim global ignorar completamente a cidade de Aquidauana
João Ramos –
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Cartório, banco, médico, hospital… sempre que os personagens da novela “Pantanal” precisam de um serviço da cidade, eles recorrem à Campo Grande e enchem a boca para falar o nome da Capital. O problema é que, pela região onde está localizada a fazenda do protagonista Zé Leôncio (Marcos Palmeira), as cidades mais próximas são Aquidauana e Anastácio.
Observando isso, a população aquidauanense, em especial, tem ficado chateada com o folhetim, que só menciona Campo Grande e ignora completamente a civilização presente nos municípios das redondezas, que são bem desenvolvidos e oferecem dignamente os serviços dos quais os personagens precisam.
Alguns casos recentes se destacaram e chamaram a atenção dos moradores de Aquidauana, que ficaram indignados pela exclusão absoluta do local e chegaram a acusar a novela de “menosprezar” a cidade. Como quando Jove (Jesuíta Barbosa) levou Juma (Alanis Guillen) para tirar seus documentos pessoais e abrir uma conta em um banco.
“Ara, aqui em Aquidauana tem bancos, restaurantes self-service, cartórios, etc. Nem precisava ir a Campo Grande”, desabafou a moradora Carmelucia Rocha, em suas redes sociais.
Lista de reclamações
Jove queria levar Juma para ter bebê em Campo Grande e quando chegou a hora de Irma (Camila Morgado) dar à luz o mesmo aconteceu: queriam levá-la para que a criança nascesse na Capital.
“Aquidauana, cidade mais próxima de onde eles estão, também tem hospitais preparados. Inclusive, a maternidade de Anastácio é reconhecida pela excelência na prestação do serviço”, pontuou Sueli Lima, que vive na região.
Mas o fato mais indignante ocorreu em relação à presença de escolas pelas redondezas. O sul-mato-grossense William Durães observou um momento em que a região foi “diminuída” no folhetim.
“A primeira versão de #Pantanal fazia mais menções a cidades da região, como Aquidauana e Corumbá. Vi uma cena em que a Filó diz ‘quando Tadeu era pequeno, só tinha escola em Campo Grande’, mas isso não faz muito sentido. Certamente havia em Aquidauana, que é longe, mas mais perto que CG”, destacou ele.
Complementando a fala, uma internauta opinou. “Isso é outra coisa que eles pecaram, e muito. No pantanal existe acesso à informação e escolas… Aquidauana, por exemplo, tem polo universitário. Fazenda sem internet hoje em dia? Jamais!! O autor achou mais fácil não explorar nada disso”, comentou.
Escolas no Pantanal
A gafe ao ignorar ou simplesmente menosprezar a presença de instituições de ensino no território aquidauanense, do qual o Pantanal onde os personagens vivem faz parte, ficou ainda mais absurda quando o personagem aspirante a político, José Lucas (Irandhir Santos), decidiu tentar construir uma escola na fazenda Pantanal e recorreu à Prefeitura de Campo Grande para tentar executar a ideia.
“Não entendi porque eles vieram pra cá se lá nem é território de Campo Grande, mas sim de Aquidauana”, reparou uma moradora da Capital. “Eles tinham que ter procurado a prefeitura de Aquidauana e não de Campo Grande. Cada dia mais sem noção essa novela”, disparou um aquidauanense na web.
“Zé Lucas chega para a Adriane [prefeita de Campo Grande] e diz que quer fazer uma escola no Pantanal, ela só vai olhar pra ele e mandar ele procurar o prefeito de Aquidauana”, destacou outro morador nas redes.
Mágoa dos moradores
Até quando o assunto é saúde, Aquidauana jamais é mencionada. José Lucas doente? Zé Leôncio manda ele procurar um médico em Campo Grande. José Leôncio mal? Filó quer que ele vá para Campo Grande fazer exames. Bem como Jove, que queria que a filha nascesse em uma maternidade da Capital.
“Aquidauana não presta atendimento médico para o povo dessa novela não?”, comentou o aquidauanense Pedro Gabriel nas redes sociais.
Soma-se a tudo isso a contradição: em maio, quando o elenco de “Pantanal” chegou ao bioma desprevenido, em meio a um dos frios mais congelantes dos últimos anos, os atores foram correndo para Aquidauana comprar casaco e viralizaram. Detalhe: foram comprar os agasalhos em Aquidauana e não Campo Grande. Por que será? E por que os personagens fazem diferente e recorrem sempre à Capital, que é bem mais longe?
O fato é que a situação tem desagradado (e muito) os moradores da cidade. Outro ponto que chateia os aquidauanenses é a TV Globo não ter gravado nenhuma cena no município – tal qual aconteceu com Campo Grande. Os motivos para a ausência de filmagens nessas cidades foram elencados pelo MidiaMAIS em uma reportagem que você confere clicando aqui.
Não pesquisou direito?
Ignorando com frequência a cidade de Aquidauana, a novela “Pantanal” não fez diferente no capítulo de quinta-feira (22), quando Tadeu (José Loreto) levou o corpo do pistoleiro Solano (Rafa Sieg) para Campo Grande. Não haveria problema se Aquidauana, região onde a novela foi gravada, não fosse rotineiramente esquecida pelos personagens.
O município só é mencionado quando alguém vai levar gado para as áreas rurais. Quando os personagens têm precisão de algum serviço urbano, recorrem sempre a Campo Grande, numa “logística sem lógica”.
Conforme os desabafos dos moradores, mandar o corpo de Solano para a Capital foi só mais uma delas. Recentemente, apenas a personagem Zefa se lembrou da cidade que fica ao lado das fazendas. Expulsa por Tenório (Murilo Benício) e Zé Leôncio (Marcos Palmeria), a personagem de Paula Barbosa ameaçou ir embora para Aquidauana e não para Campo Grande, como todos fazem.
“Acredito que o autor não pesquisou direito como funciona o deslocamento na região e, por não conhecer os mecanismos, achou mais fácil direcionar tudo para Campo Grande”, pontuou Lucas Gabriel, um morador da cidade em seu Twitter.
Sobre Aquidauana
Aquidauana oferece tudo que qualquer pessoa precisa. A cidade tem população estimada na casa dos 50 mil habitantes, conta com um grande centro, médicos e laboratórios.
“Até hoje tudo que os personagens foram procurar em Campo Grande, poderiam ter feito em Aquidauana, não sei porque tanto menosprezo”, diz o rapaz, que é universitário.
Com 130 anos de emancipação, ante os 123 oficiais de Campo Grande, o município, tal como Corumbá, também do Pantanal, vem sendo esquecido pelo folhetim.
“Estão em MS, mas o Zé Leôncio adora falar de Poconé e Cáceres [que são de MT]… nunca vi. E de Corumbá nunca falam”, observa a sul-mato-grossense Ana Clara em seu perfil na internet.
Segundo os relatos, a ausência de representatividade desses municípios tem gerado mal-estar, a população tem ficado verdadeiramente magoada e resmunga sempre que uma cena com a gafe é exibida.
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