Após ‘ver a morte’ em acidente, ex-lutador usa talento na cozinha para abrir restaurante em Campo Grande

Empreendedor decidiu investir no sonho de ter o próprio negócio

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Skinão do Espeto fica no bairro Jardim Presidente. (Foto: Marcos Ermínio/ Redes Sociais)

“É uma coisa de sonho mesmo”, Eliel Rezende, 31 anos, dono do Skinão Espetos, repete diversas vezes a frase para descrever sobre os dois últimos anos à frente do estabelecimento que montou na varanda de casa, no bairro Jardim Presidente, na zona norte de Campo Grande. Comprou o imóvel já com o pensamento voltado a abrir o próprio negócio, depois que sofreu um acidente em que uma carreta passou por cima do carro que dirigia, em 2019.

“Sempre quis ter comércio porque desde pequeno precisei trabalhar. Já vendi picolé, rosca doce, maçã do amor nos terminais, descarreguei caminhão de gás, em uma época comprava mercadoria em São Paulo e revendia de porta em porta”, Eliel enumera sobre com o que já trabalhou.

Segundo dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), foram abertos 7,2 milhões de pequenos negócios entre 2020 e 2021. De acordo com a instituição, a pandemia forçou muitas pessoas a irem para o empreendedorismo por necessidade, mas também incentivou a busca por oportunidade.

Após o acidente, o ex-gerente industrial ficou três dias em estado vegetativo. Se mudou para São Paulo para fazer o tratamento com ozonioterapia, que ajudou a se recuperar. Eliel, que também competia profissionalmente como lutador de Jiu-Jitsu e Muay Thai, precisou repensar a vida. 

Largou as viagens e o tatame para se dedicar ao pequeno estabelecimento que pretendia abrir. “Pensei certinho, chamei minha amiga arquiteta e perguntei como podia fazer para não perder o seguro da casa”, relembra.

No espaço da varanda da casa, coberta por telhas de eternit, há mesas e cadeiras e um balcão que divide o salão do estabelecimento do espaço em que prepara a comida. Dentro da casa fica somente o freezer para deixar mais espaço no salão. 

Na parede há prateleiras que sustentam os pratos, copos e utensílios de cozinha. Abaixo, as cubas de inox e a fritadeira estão visíveis para quem queira ver como a comida é preparada. A mercadoria, como carne, verduras e legumes, é reposta diariamente para ter produtos sempre frescos.

No restaurante são vendidos espetos simples a partir de R$ 5, que podem ser acompanhados com arroz, batata-frita, farofa, vinagrete e macarrão. Eliel afirma que o ambiente é familiar, mesmo que no local sejam vendidos cigarros e bebidas alcoólicas. “Só vem família” é o bordão que utiliza para chamar a clientela nos vídeos que grava para as redes sociais.

“A minha churrasqueira é tradicional na beira da rua. Uma vez tentei colocar no quintal de casa para ter mais espaço para as cadeiras, mas o movimento diminuiu. As pessoas gostam de ver a fumaça”, comenta.

No começo, teve a ajuda de amigos e familiares que contribuíram com alguns itens para o estabelecimento, como pratos, liquidificador e o toldo. Recentemente, ganhou uma churrasqueira maior e a antiga decidiu repassar para uma mulher que estava começando agora no ramo.

“Antigamente eu ficava chateado com a opinião das pessoas, elas paravam e riam quando não tinha estrutura”, relembra.

Na varanda da casa são guardados durante o dia os materiais do estabelecimento. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)

Eliel diz que procurou o Sebrae, na unidade do bairro Nova Lima, para ajudar na profissionalização do negócio. Também já recebeu a visita da vigilância sanitária para avaliar o local, que foi aprovado na inspeção.

“Por mais que eu seja autônomo e seja a minha casa, tenho as parcelas do financiamento da casa e preciso pensar nisso como se fosse um aluguel”, explica Eliel. Segundo o Sebrae, uma das maiores dificuldades para empreender no Brasil é a falta de educação financeira, muitos impostos e o excesso de burocracias.

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