Alternativa para calor excessivo, Campo Grande ganhou ‘brise’ em prédio e chama atenção desde a década de 80

Termo é usado no meio arquitetônico e buscar impedir a incidência direta de radiação solar.

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Prédio foi construído na década de 80, em Campo Grande. Foto: Montagem/Jornal Midiamax

O que refresca parte da casa do arquiteto aposentado, Elvio Garabini, de 73 anos, são toldos que ele mesmo brinca chamando de bem mequetrefes. Mas, como em “casa de ferreiro, o espeto é de pau”, é nas ruas de Campo Grande que muitos podem observar seu talento. Apaixonado pela arquitetura moderna, possui muitas obras na cidade e até prédio, na região central, com “brise soleil” para diminuir o calor.

 O termo é uma palavra francesa, usada no meio arquitetônico, e se refere a um projeto para impedir a incidência direta de radiação solar nos interiores de um edifício, com a intenção de evitar calor excessivo. Em 1982, a capital sul-mato-grossense ganhou o primeiro projeto com as “brises”, na antiga Secretaria de Fazenda.

“Parte do terreno daquele prédio era voltado para o sol, aquele sol da tarde, então projetamos com brise soleil. Este tipo de arquitetura foi usado, pela primeira vez no Brasil, em 1946, no antigo prédio do MEC [Ministério da Educação], no Rio de Janeiro, hoje chamado Edifício Gustavo Capanema”, afirmou ao Jornal Midiamax o arquiteto.

Edifício Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, projeto com ‘brise’. Foto: Divulgação/Iphan

Conforme Garabini, ainda quando estudante, a arquitetura moderna era muito discutida na Universidade de Brasília – UNB – e ele retornou para a capital sul-mato-grossense com várias ideias e discussões para o setor.

“Fiquei 10 anos fora daqui, 6 deles em Brasília, onde a arquitetura é algo muito forte, muito presente e chegando aqui fizemos vários projetos. Hoje moro no Jardim Bela Vista e adoro ver a arquitetura da minha região e de toda a cidade”, argumentou.

‘Brise’ em museus, prédio e até no Horto Florestal

Após o prédio da Secretaria de Fazenda, Elvio fala da arquitetura do Museu das Culturas Dom Bosco, onde os pilares em L funcionam como “brise”, além do prédio do Hemosul (Centro de Hematologia e Hemoterapia de Mato Grosso do Sul) e o Horto Florestal, a mais imponente obra com a assinatura do arquiteto.

“Com o brise é possível ver a duração e funcionalidade, bem diferente dos toldos. E a presença dos brises é algo muito forte aqui na região centro-oeste. E tudo que foi construído, naquela época, tinha todo um conceito, desde a compra do tijolo até o emprego para milhares de pessoas”, argumentou.

Elvio visita obras e sempre posta nas redes sociais.
Foto: Montagem/Jornal Midiamax

Nas redes sociais, Elvio sempre posta imagens da arquitetura, com a legenda: “Diário de Observador da Paisagem Urbana”.

Conforme o arquiteto, as pessoas podem até não gostar, mas, não podiam dizer que havia algo igual em Campo Grande.

“Secretaria de Fazenda de Mato Grosso do Sul. Quando me solicitaram o projeto de arquitetura, a denominação era Centro Administrativo da Fazenda Estadual. Inspirado na arquitetura brasileira moderna brutalista, em parte tardia, na rua 7 de Setembro, Centro”, disse, opinando ao final que o local recentemente foi pintado de verde e “não ornou”.

Brise-soleil na arquitetura de Campo Grande

Horto Florestal, em Campo Grande, foi projetado por Elvio. Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax

A aplicação do brise-soleil, em edifícios da cidade, é para obtenção do conforto térmico e também economia de energia, diante a radiação solar, e também uma alternativa aos projetos envidraçados, buscando também a conscientização ambiental.

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