Se não tá fácil pra quem namora, estar solteiro durante a pandemia do coronavírus pode desestabilizar o emocional das pessoas. O isolamento, as quarentenas cíclicas e o uso de máscaras, muitas vezes impedem que paqueras aconteçam e novas pessoas se conheçam.

O jeito, segundo a estudante de pedagogia Letícia Souza, é recorrer aos convencionais aplicativos de relacionamento. “A galera já usava o e outros como ferramenta pra isso, mas na pandemia eles acabaram se transformando no principal meio de tentar conhecer alguém e, quem sabe, engatar alguma coisa”, relata a jovem de 21 anos ao Jornal Midiamax.

Para ela, ser solteira nunca foi um problema, e durante a crise sanitária, Letícia revela não sentir carência. “De vez em quando eu olho o tinder como de costume, mas nunca em desespero. Um dia se eu ver alguém legal, beleza, a gente dá ‘match' e vê se rola, mas sem muita expectativa. Pra mim não mudou muita coisa porque eu sempre fui assim, foco nos estudos e isso aí acontece se tiver que ser”, acredita.

Achar alguém não é tudo para alguns (Reprodução)

Só ilusão e frustração

A visão da estudante de pedagogia não é unanimidade. Aos 25 anos, Everton Lopes conta à reportagem que já surtou por conta da pandemia. “Nossa, eu já tive umas crises várias vezes. A gente se afunda nesses apps desesperados atrás de alguma coisa, porque é praticamente o único jeito de conhecer alguém se você respeita as regras de biossegurança, mas tem sido só desilusão e frustração”, pontua o profissional de Relações Internacionais.

“Eu sei que a gente não deve tanto se preocupar ou confiar, mas a carência, sabe, ela bate e bate forte. Só ilusão, o povo engana, tem muito fake, chega a ser desumano. Eu não vou em festinhas, não me arrisco porque tenho asma, se eu pegar o corona morro na hora, então o que me sobra é ficar no celular tentando descobrir alguém legal, mas nessa cidade tá difícil”, reflete o rapaz.

Busca pela pessoa certa ou perfeita pode acabar frustrando. Também há gente mal intencionada (Reprodução)

Vulnerabilidade e depressão

Caroline Silva, de 23 anos, compartilha da mesma opinião de Everton. “Já perdi as contas de quantas vezes quebrei a cara na pandemia. Dá até vergonha de falar e lembrar, porque expõe uma vulnerabilidade. A gente corre mais riscos: riscos de saúde, de se decepcionar e ficar fechado em casa remoendo. Isso é perigoso. Tem uma amiga minha que desenvolveu depressão por essas coisas”, conta.

Segundo Carol, na pandemia as pessoas se frustram e não vão para festinhas esquecer a vida e tentar passar uma borracha nas feridas. “Acaba ficando em casa mesmo, pensando naquilo, então é seríssimo porque pode levar a muitas patologias emocionais”, alerta a psicóloga quase formada.

Decepções amorosas podem ser intensificadas na pandemia (Reprodução)

Solteirice como proteção emocional e de saúde

O atleta Felipe Andrade, de 27 anos, vai na contramão dos depoimentos acima. Ele respeita e valoriza sua “solidão”. “Eu não ligo porque acho que essas coisas a gente não deve procurar, acho que elas vêm até a gente. Acredito em destino, que as coisas são como têm que ser. Não tenho contas nesses aplicativos, nem pretendo. Conhecer gente acaba sendo só pela mesmo, mas tô preocupado com outras coisas”, afirma ao MidiaMAIS.

“Ser solteiro pra mim é de boa, não atribuo a ninguém a responsabilidade de me fazer feliz ou de atender as minhas expectativas. Ficar sozinho assim te dá menos chances de se frustrar, se decepcionar, se iludir… acaba sendo uma proteção e eu gosto dessa proteção. É uma proteção emocional mas também de saúde, porque a gente fica ainda mais seguro quanto ao coronavírus. Uma hora se tiver que ser vai ser”, finaliza o atleta.