Signos, mapas, estrelas? Entenda os bastidores da astrologia a partir de técnicas milenares

Astróloga de Campo Grande explica como funciona seu trabalho

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

A astrologia sempre despertou a curiosidade de muitas pessoas que acreditam em “algo a mais” para explicar eventos da vida que o ceticismo científico não é capaz de desvendar. Personalidade, futuro, destino? A astrologia vai muito além disso e usa técnicas milenares para responder as mais diversas perguntas. Mas você sabe como é, na prática, a profissão de um astrólogo?

Muita gente tem vontade de saber o que a astrologia tem a dizer sobre a sua personalidade e possíveis previsões para a semana. Mas poucas pessoas sabem como funciona os bastidores desse trabalho. Como o Midiamax sempre está de olho no que os nossos leitores estão querendo saber, trouxemos hoje uma astróloga para revelar como funciona, na prática, a sua atuação.

“A astrologia não é uma ciência e sim uma arte de interpretar o céu”, afirma Marrí Todesco, astróloga que trabalha em Campo Grande. Ela contou que o interesse pela astrologia começou nos anos 80. Na época, passou a estudar sobre o assunto e ficou fascinada. A profissão começou aos poucos até que, a partir de 1992, adotou a astrologia como profissão.

“Na época que comecei, não existia programas de computador disponíveis para fazer os mapas, todos os cálculos eram feitos a mão, o que demandava tempo e muita análise”, recorda.

E quem pensa que astrologia é um fenômeno novo que surgiu para ocupar páginas de revistas e chamar atenção de leitores, está muito enganado. A astrologia que conhecemos existe porque é uma técnica milenar, dos nossos ancestrais, para interpretar a vida através dos astros.

Astronomia na antiguidade

O céu é usado como mapa, calendário e relógio desde a antiguidade, tanto é que, os registros astronômicos mais antigos são referentes a 3000 a.C a partir dos chineses, babilônios, assírios e egípcios.

Naquela época, os astros eram estudados com objetivos práticos, como medir a passagem do tempo, fazer calendários para prever a melhor época para plantio e colheita ou fazer previsões do futuro. Antes, os povos não tinham conhecimento sobre as leis físicas da natureza e se embasavam no céu para desenvolver suas respectivas civilizações.

O professor de Ciências do CEAT (Centro Educacional Anísio Teixeira), Felipe de Araújo, deu uma entrevista ao Canaltech, em 2020, sobre a astrologia na visão dos indígenas brasileiros.

Segundo ele, os povos indígenas usavam os astros não apenas como referência geográfica e temporal, como também histórica. Suas constelações representavam ancestrais, heróis e animais simbólicos. E o céu é visto como um sinônimo de divindade.

“A divindade em questão é conhecida por ensinar aos homens a agricultura, o artesanato e a caça, e concedeu aos pajés o conhecimento das plantas medicinais e dos rituais mágicos de cura. Os indígenas acreditavam que a voz deste ente supremo podia ser ouvida durante as tempestades. O trovão eles chamavam de “Tupã-cinunga” e seu reflexo luminoso de “Tupãberaba” (relâmpago). Eles acreditavam que Tupã era o deus da criação, o deus da luz”, explicou.

Portanto, a civilização aprendeu desde os primórdios a estudar o céu.

Céu e astros são estudados desde as civilizações mais antigas (Foto: Reprodução/Youtube)

 

Astros e influência na Terra

Marrí fala que a astrologia traz muitas técnicas que abordam todos os assuntos que ocorrem na vida de uma pessoa. E, como o universo está em constante movimento, nunca vai existir um mapa astral igual ao outro. Nem mesmo gêmeos possuem o mesmo mapa, por exemplo.

O trabalho funciona da seguinte forma: o mapa astrológico é feito a partir da data de nascimento. Então, Marrí coleta informações antecipadamente sobre a vida dessa pessoa em questão e faz uma análise prévia.

Os astrólogos usam Ephemerides para fazer os estudos, uma espécie de tabela astronômica que registra, para cada dia, as coordenadas que definem a posição relativa de um astro. A partir disso, são analisados os acontecimentos e a influência dessas coordenadas astrológicas na vida de determinada pessoa.

“Ser astrólogo é ter o compromisso e o entendimento de que você está lidando com pessoas que te procuram porque precisam ter um direcionamento, uma orientação, que buscam autoconhecimento. Dependendo da maneira como você interpreta aquele mapa, poderá estar interferindo no destino daquela pessoa”, afirma Todesco.

Exemplo de Ephemeride (Foto: Reprodução)

 

Mitos

A astrologia é cheia de mitos e Marrí diz que isso acontece por falta de informação das pessoas. Os três maiores mitos são:

  • A astrologia tem o poder de ‘adivinhar’ os eventos;
  • Que a astrologia está ligada a religiões e crenças;
  • A astrologia classifica uma pessoa pelo signo solar.

O trabalho requer muitas outras informações dentro de um mapa. Porém, a astrologia clássica passou por um período de queda com o advento da modernidade, com a popularização de almanaques ruins, com a perda do sentido simbólico e desenvolvimento da ciência a partir do método cartesiano (causa e efeito – onde as correlações são vistas como partes fragmentadas, e não como um todo).

Segundo Marrí, a astrologia não é um assunto para a ciência. Muitos conhecimentos ficaram de lado dando lugar a informações distorcidas.

“Por exemplo, quando as pessoas justificam um problema ou classificam uma outra pessoa, uma maneira ser ou agir porque é de tal signo. Exemplo; aquela pessoa é desligada porque é pisciana, ou ela engorda porque é de touro, é chorona porque é de câncer… e por aí vai.”

 

Conteúdos relacionados