A do completou um ano em março de 2021. Frente a um cenário em que milhares de pessoas morrem todos os dias vítimas de uma das maiores tragédias mundiais, outro dado surpreende profissionais da saúde: o aumento no número de nascimento de crianças. Isso mesmo, mais mulheres ficaram grávidas durante a pandemia. Nesse Dia do Obstetra, segunda-feira (12), o Midiamax conversou com dois profissionais de Campo Grande que explicaram qual foi a relação do trabalho nesse último ano e o porquê desse fenômeno.

Manoel Barboza Cordeiro dos Santos (CRM 6821/MS e RQE 4923/MS) é médico ginecologista e obstetra, atualmente o profissional já realizou o maior número de partos pela Unimed. Em um ano de pandemia, pesquisas relatam que houve aumento considerável de nascimentos, número que também pode ser percebido no dia a dia do consultório.

Apesar desse aumento, o início foi bem desafiador com a implementação de medidas restritivas e a insegurança causada por uma doença, até então, desconhecida.

“No início do ano passado, nada se sabia muito sobre o vírus, tanto que, na época mais restritiva, tivemos até a proibição de acompanhante durante o parto. Tanto cesárea como parto normal. E neste momento fizemos uma chamada de vídeo para o pai que ficou lá fora e foi, sem dúvidas, um marco naquele momento. Hoje, com todos avanços, alguns fatores já estão bem estabelecidos. Dando uma segurança a mais neste período”, explicou o obstetra.

Além do mais, Manoel enxerga o aumento da natalidade como uma renovação da esperança para dia melhores. Em um país onde o número de mortes por Covid aumenta a cada dia, trabalhar com vida é ter em mãos a chance de conseguir mudar o mundo.

“A obstetrícia é uma daquelas profissões que só mesmo esse amor real faz manter o gás do nosso dia a dia. Algumas vezes tristes, mas na grande e imensa maioria com a felicidade da nova família que se forma ou se completa”, completou o médico.

Manoel Barboza Cordeiro dos Santos (Foto: Diogo Galeano)

 

Aproximação do Home Office

Deborah Elmor Faraco Coelho (CRM 3097/MS) é ginecologista e obstetra há 26 anos na Capital, especialista em gestação de alto risco. Ela também percebeu um aumento no número de gestação no consultório, uma vez que os novos hábitos de isolamento social propiciaram a aproximação de muitos casais.

“O home office fez com que as pessoas ficassem mais em casa, então elas tiveram mais oportunidades. Muitas mulheres resolverem aceitar a gestação como um bom momento, inclusive muitas poderiam fazer repouso com mais tranquilidade”, explicou a obstetra sobre o fato das pessoas estarem mais ligadas à vida em um cenário de luto. Agora, famílias estão refletindo mais sobre aproveitar o momento do ‘hoje' e isso reflete no número de pessoas que estão engravidando. Porém, Deborah também afirmou que suas pacientes sentiram muita insegurança no início da pandemia.

“As pacientes estavam muito amedrontadas, causou uma insegurança muito grande, mudou a rotina, desde programação de parto, de equipe, de hospitais, as pacientes não podiam, logo no início da pandemia, ter o acompanhamento do marido ou familiar na hora do parto, as visitas até hoje são restritas, o teste de Covid era exigido, os hospitais tomaram cuidados especiais. Então isso foi muito tenso e ainda continua sendo tenso”, explicou a obstetra.

Agora com a nova variante do Covid-19, a P.1, as gestantes necessitam tomar ainda mais cuidado, uma vez que Deborah percebeu que existem efeitos do Covid na fertilidade. Em seu consultório, muitas pacientes que passaram pelo vírus sentiram ainda mais dificuldades para engravidar.

“A perspectiva para o futuro é que a vacina nos traga mais esperança e até a grávida vai poder vai vacinar, isso também vai dar um pouco mais de tranquilidade”, comenta.

Questionada sobre qual é o sentimento de trabalhar com o nascimento de pessoas em um momento tão complicado, a médica disse que trazer novas vidas ao mundo é uma missão de poder recomeçar e levar alegria para as famílias, inclusive para aquelas que perderam parentes pelo vírus.

“Eu nunca quis lidar com perdas, sempre quis lidar com vitórias, com uma energia boa, com o estimulo da pessoa continuar com a vida dela. O que mais me motiva na obstetrícia é você realmente trazer esperança e ajudar várias famílias a realizar um sonho que talvez seria inimaginável se não tivesse o nosso trabalho associado. A obstetrícia é trazer vida, é lutar pela vida, é desejar amor ao próximo e empatia pela família”, explicou a obstetra.

Dra. Deborah e equipe na sala cirúrgica (Foto: Reprodução/Instagram)