Isolado com a esposa há dois anos em São Paulo, desde que a sogra sofreu um AVC, e com o agravante da pandemia, o aposentado Edimilson José dos Santos, de 72 anos, aproveitou seu tempo livre no apartamento de dois quartos e, com a criatividade aguçada pelo ineditismo da crise do coronavírus, criou obras fictícias envolvendo Mato Grosso do Sul, já que é morador de Campo Grande, mas se encontra em outro Estado pela debilidade da mãe de sua esposa.

“Em março de 2020, eu comecei a escrever sobre a pandemia com ficção. Meu primo tem fazenda em Aquidauana e Anastácio e tem um cemitério na beira da fazenda dele. Então, eu inventei, criei uma história que eu estava preocupado com a pandemia, e convidei meu primo para construir sete casas na fazenda dele para termos mais segurança e não pegarmos o vírus”, conta Edimilson.

Na história, rapidamente, muitas pessoas começam a falecer por dia em Aquidauana e chega um momento em que não há mais todos os produtos que as famílias precisam, somente um posto de gasolina para abastecer a cidade. O restante dos proprietários dos postos faleceu e outros foram se refugiar nas fazendas.

“As compras passaram a ser em Campo Grande, as mortes estavam aumentando dia a dia. Quando despareceu o coronavírus, surgiu outro vírus mais letal que, com apenas cinco minutos, penetrava pela pele e, quando chegava no coração, eram liberadas substâncias que em cinco minutos a pessoa morria”, relata o aposentado sobre a história.

A narrativa, que não possui um nome, vai longe pela imaginação de Edimilson, que com o ensino fundamental incompleto, se dedicou a escrever o livro completo e já encaminhou para a revisão, a fim de publicar o conto. Ao Jornal Midiamax, ele revela que foi inspirado pelo coronavírus a desenvolver as tramas que fantasiam sobre um Mato Grosso do Sul apocalíptico.

“E agora, há dois anos e meio, eu estou aqui em São Paulo por causa da minha sogra, mas até março, quando eu faço 73 anos, pretendo voltar para Campo Grande, meus filhos estão todos nervosos”, diz Edimilson. A intenção é, o mais rápido possível, publicar a obra que inventou nos últimos tempos isolado no estado paulista. Quanto a possíveis críticas, ele não se importa.

“Sempre vai existir quem goste e quem não goste de algo, isso sempre vai ter”, disse. Assim como Edimilson, o isolamento da pandemia aflorou a criatividade de pessoas pelo mundo inteiro. Obstinado e objetivo, ele acredita na potência da história e espera, quando a obra for publicada, vender bem, embora essa não seja sua principal intenção. “Eu gosto de escrever, já escrevi outros livros, mas nunca publiquei. Quem sabe uma hora esse sai”, finaliza o idoso.