Quem  são os primeiros brasileiros, que povoaram um território quase continental, ainda virgem, nos primórdios do Brasil colônia?

A surpreendente arte do sul-mato-grossense, nascido em Rondônia, Ghva Maurício, mergulha nos confins deste Brasil profundo, resgatando os traços das nações indígenas retratadas nos raros registros históricos dos expedicionários desbravadores, que naquela época caminharam por um ensaio de país.

Na exposição Povos Originários do Brasil, que ficará até 5 de dezembro na galeria de artes do Shopping dos Ipês, está estampada em 30 obras, acrílico sobre tela, uma  autêntica mixagem entre o antigo e o novo, o registro histórico e a arte contemporânea, traços originais sutilmente adensados e texturas resultantes das inúmeras intervenções do artista sobre personagens, acrescentando a cada um deles uma atmosfera atemporal.

Fotos: Divulgação 


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o curso do seu processo criativo único, de revisitar as entranhas do Brasil, Ghva também carrega consigo o olhar de parceiros imortalizados por suas obras, como o fotógrafo  Teixeira e Vasques e seus registros de 1892. Ou imagens de Marc Ferrez, de 1896, e a fotógrafa Elis Regina responsável pelos retratos do último projeto “Espelhos da Terra”, realizado na aldeia Urbana Marçal de Souza. Ali, tomado pela força de um legado imaterial, o artista pinta freneticamente como um verdadeiro artesão dedicado à sua jornada de (re)construção do nosso  autorretrato. Do país que fomos e que somos.

O resultado é o que se vê: desfilam, imponentes, sobre as telas, em cores vivas e iluminadas, o povo Kaiapó, do Pará; os  Xingu, Txucarramáes e os Xavante, do Mato Grosso; os Terena, do Mato Grosso do Sul; os Yawanawa acreanos e até mesmo povos originários ainda anônimos, não identificados até hoje.

Espero que a exposição funcione, para as pessoas, como um verdadeiro espelho, um corajoso olhar sobre nós mesmos, sobre o que fomos antes do desaparecimento de quase uma centena de nações indígenas e o que somos hoje, herdeiros de um legado precioso que corre o risco de desaparecer em um país sem memória e sem respeito à cultura”, definiu Ghva, em seu ateliê, cercado pelo olhar severo dos caciques, gestos quase vivos de curandeiros, a beleza intrínseca e forte de mulheres-caçadoras, a ingenuidade de meninos-índios-aprendizes.

Um mundo fantástico, que sobrevive ao tempo. Foto: Divulgação

Exposição Povos Originários do Brasil – Ghva Maurício 
Misancene Produções 
Onde: Shopping Bosque dos Ipês – Av. Cônsul Assaf Trad, 4796 – Novos Estados.
Galeria de Artes.
Siga o artista: @ghvamauricio